Entre memória e futuro, são muitas as vozes que se erguem neste Porto/Post/Doc.
Um total de 135 filmes compõem a programação da edição deste ano do Porto/Post/Doc. A ter lugar entre 20 e 29 de Novembro e tendo como fio condutor o tema “O Tempo de Uma Viagem“, a programação fílmica do festival portuense é o retrato de um mundo em movimento e um mosaico para as diferentes formas de vidas que o habitam. Por entre as ameaças ao mundo contemporâneo, o cinema emerge como um espaço de empatia, encontro e apelo à ação.
A Competição Internacional reúne 8 longas-metragens que desafiam os limites entre documentário e ficção, explorando temas sociais, políticos e humanos em diferentes geografias. De Jerusalém e o poder da arquitetura à vida de um jovem mineiro no México; da influência do dinheiro obscuro na política dos EUA à memória crítica do cerco de Fiume; da invasão da Ucrânia à crise dos incêndios na Galiza; passando pela habitação precária americana e um verão rural na Rússia, os filmes revelam vidas, resistências e fragilidades humanas, cruzando fronteiras e narrativas com sensibilidade e olhar crítico.
Novidade este ano, a Competição Internacional de Médias e Curtas-Metragens apresenta cinco programas que oferecem uma visão vibrante do cinema contemporâneo. Os filmes abordam questões políticas, artísticas e temáticas – da memória histórica à identidade, dos traumas à resistência -, muitas vezes recorrendo a linguagens experimentais e a um estilo ensaístico. Oscilando entre o arquivo e a ficção, o documentário e a animação, cada sessão compõe um ensaio sobre o presente e a ousadia de uma nova geração.

Becoming Madonna (2024), de Michael Ogden
A secção Transmission volta a trazer para cima da mesa a voz dos movimentos culturais e musicais de todo o mundo. Dos “listening” cafés de Tóquio às ruas dominicanas do dembow, das raves de Roterdão ao hip-hop português da margem sul, do flamenco virtuoso de Yerai Cortès às experiências de artistas culto como Madonna, Butthole Surfers, Orlando Pantera, The Residents, cada filme retrata comunidades, memórias e gestos de invenção. Nesta encruzilhada entre arquivo, performance e viagem, a música surge como linguagem comum que atravessa fronteiras e gerações.
Com uma programação que aposta na mostra de novos talentos e na criação cinematográfica sobre o Porto, a Competição Cinema Novo apresenta uma seleção de 11 curtas-metragens de jovens cineastas e estudantes, espelhando a vitalidade das escolas de cinema; enquanto o programa Working Class Heroes apresenta os olhares de Elena López Riera, Pedro Neves e Vlad Petri, realizadores convidados a desenvolver novos projetos no âmbito da bolsa Working Class Heroes 2025 – uma parceria com a Filmaporto – film commission e a #CaixaForumPlus da Fundação “la Caixa”.
Na sala mais inusitada do festival, o Planetário do Porto, o cinema expande-se em todas as direções com oito filmes fulldome que cruzam arte e ciência explorando o cosmos, a matéria escura e os mundos que habitamos reais, imaginados ou ainda por descobrir.

Little Syria (2025), de Mădălina Roșca e Reem Karssli
Fora das competições, as Sessões Especiais afirmam o cinema como espaço de pensamento e intervenção, reunindo filmes que exploram deslocação, identidade e resistência. Da antestreia mundial de Cabo do Mundo (2025) (vencedor do Working Class Heroes 2023) ao retrato das mulheres migrantes em Bulakna (2025), das cidades submersas do Curdistão em A Cidade Que Se Foi Embora (2025) às lutas de Yanuni (2025) e às memórias do exílio de Pequena Síria (2025). Nota ainda para a exibição de Nova’78 (2025) de Rodrigo Areias e Aaron Brookner, uma viagem à contracultura dos 70 com imagens inéditas da Nova Convention: Burroughs, Patti Smith e Zappa em três dias de liberdade criativa, e Magia Selvagem (2025), de Sean Dunne, uma viagem caleidoscópica pela América mística contemporânea, revelando a magia escondida que acontece à nossa volta.
Anunciados estavam já os focos nos realizadores Andrei Ujică e Lina Soualem, assim como a seleção para os programas “O Tempo de Uma Viagem” e Cinemateca Ideal dos Subúrbios do Mundo e as escolhas para a competição Cinema Falado.
