M3GAN 2.0 (2025)

O tema da Inteligência Artificial, já bastante discutido e bem estabelecido há décadas, continua a demonstrar cada vez mais avanços e controvérsias, de mão dada com a exponencial evolução tecnológica na atualidade. É neste contexto que a IA, associada à aniquilação do mundo como o conhecemos, retoma, após três anos, na forma de M3GAN 2.0, trazendo uma visão mais colossal e satírica para o debate.

Dois anos após os eventos desastrosos do primeiro filme, Gemma (Allison Williams), a criadora de M3GAN (Amie Donald), luta agora a favor do controlo governamental da Inteligência Artificial e repreende o que fez no passado, enquanto tenta construir uma relação com a sobrinha, Cady (Violet McGraw). Contudo, o protótipo da invenção de Gemma foi roubado com a intenção de criar uma arma robótica militar, a Amelia (Ivanna Sakhno), que rapidamente se torna um perigo letal para o mundo. Assim, como única solução viável, M3GAN é ressuscitada dos mortos (se é que o termo se aplica a um robô), e promete ser mais ágil, forte e, surpreendentemente, heroica.

Seguir pelo rumo da ação foi definitivamente o caminho certo para a sequela, não só para tentar fazer algo diferente em relação ao predecessor, mas também porque, infelizmente, os elementos de terror continuam a ser praticamente inexistentes. Neste contexto, a premissa de que o avanço tecnológico pode por a humanidade em risco acaba por se enquadrar melhor no género da ação, tendo, igualmente, em conta, que M3GAN 2.0 se foca numa questão global, propagando o problema da dependência de tecnologia das crianças em M3GAN (2022) para uma catástrofe a nível mundial, no domínio total da Inteligência Artificial.

M3GAN 2.0 pegou a ideia principal do primeiro filme e transformou-a numa sátira, ou seja, talvez não seja para ser levado tão a sério. É claramente mais engraçado, abraça o ridículo e caricato e não tenta ser algo que, ultimamente, não é. A boneca robótica, a alma da história, é, e cada vez mais se tornou, numa personagem muito mais cómica e sassy do que assustadora, com a qual a audiência, eventualmente, criou um tipo de ligação e empatia. Criticar o filme por não se levar a sério não tem grande cabimento, porque é esse o objetivo, simplesmente arrancar algumas gargalhadas do público e aceitar M3GAN como a personificação campy e ousada de algo mais ameaçador.

Ainda que divertido e garantindo um tempo bem passado, M3GAN 2.0 tem influências em bonecos malvados conhecidos no mundo do cinema, como Chucky, e a sua estrutura, personagens e enredo remanesce muito a Terminator 2: Judgment Day (1991), o que por si só não é algo negativo. No entanto, passa a sê-lo quando o filme não traz algo suficientemente novo ou nitidamente melhor que o faça destacar-se num mar de outras películas que já trataram os mesmos assuntos de forma semelhante ou igual. Quando as atuações são medianas, a história em si é boa, mas não muito original, e a sequência de eventos é satisfatória, mas relativamente previsível, resta um filme que entretém e alegra, mas que não marca.

As cenas de ação e luta são bem executadas e envolventes, como toda a produção a um nível artístico e técnico, bem como a utilização da tecnologia robótica e da ficção científica para tornar a experiência de visualização mais cativante, ainda que uma agulha no palheiro do cinema de género. Assim, o filme acaba por resultar em algo vulgar, que tem o seu valor e as suas pequenas singularidades, como a personagem de M3GAN em si e a sua programação particular, mas que, em última análise, não tem a sua própria essência e identidade.

M3GAN 2.0 aborda, de um modo mais satírico, um tema crucial que, numa geração subjugada aos ecrãs, deve continuar a ser discutido mais que nunca. Porém, não é memorável e não suscita necessariamente algo de novo ou impactante; promete apenas duas horas de algumas risadas e sequências estimulantes de ação.

2.5/5

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