Quem se lembra dos clássicos teen movies com a Lindsay Lohan? Como The Parent Trap (1998), Mean Girls (2004) ou, neste caso, Freaky Friday, filme do mesmo realizador de Mean Girls, Mark Waters, não só protagonizado por Lindsay Lohan, como também pela Jamie Lee Curtis. As duas atuam enquanto mãe e filha no filme cujo conceito reside numa troca de “cérebro” ou “alma” entre as duas, provocada por uma fortune cookie disfarçada de feitiço. O resultado deste feitiço é hilariante e resulta exatamente por as atrizes serem excelentes a entrar no mundo destas personagens tão díspares. Lindsay Lohan acaba por marcar o filme não só pela sua performance, mas por ser um ícone dos anos 2000, enquanto Jamie Lee Curtis representa o mesmo mas para décadas anteriores, especificamente os 80/90.
Tess (Jamie Lee Curtis) é uma psicóloga, recentemente viúva, a tentar conjugar o planeamento do casamento com o novo noivo, a sua vida profissional e pessoal. O caos é grande e o mesmo é nos constantemente relembrado pelos vários telefones que apitam de forma incessante dentro da sua mala. Anna (Lindsay Lohan) é a adolescente no auge da sua fase de rebeldia, com madeixas loiras, estilo meio punk, guitarrista da banda que tem com os amigos, “Pink Slip”, ao mesmo tempo que coabita com um irmão mais novo que parece gostar de testar a sua paciência e uma mãe ausente.
Tess, na sua vida apressada, ouve as queixas de Anna mas parece sempre interpretá-las como reclamações típicas de adolescente, colocando a posição de psicóloga à frente da de mãe, analisando a situação de uma forma distante. Quando estas trocam de corpo, têm a possibilidade de experienciar a vida literalmente no lugar uma da outra: Anna tem de perceber como gerir o stress da vida da mãe enquanto se regozija nos prazeres de ser adulto que consistem em ter cartões de crédito e poder tomar decisões arrojadas sem autorização dos pais; Tess, que achava que a sua filha tinha uma vida fácil na escola, apercebe-se rapidamente que talvez Anna estivesse mais vezes a contar a verdade do que mentira e que gerir os estudos com bullies e um rapaz de sonho, não é tão fácil quanto parece.
As performances de Jamie Lee Curtis e de Lindsay Lohan surgem como bastante naturais. Curtis já tem por si só este registo mais divertido e arrojado que a personagem de Anna requer, Lohan demonstrou já com The Parent Trap o quão versátil é, ao ter de representar duas irmãs gémeas completamente distintas. Esta capacidade que as duas atrizes têm em se “metamorfosearem” nas personagens uma da outra, traz um lado bastante cómico ao filme, que tanto deve ter sido divertido de fazer para as atrizes como é para o espectador de assistir.
O filme está ao nível, em termos técnicos, de um filme de domingo à tarde, que caracterizava também o estilo dos filmes que a Disney produzia para o seu antigo canal de televisão: entretém sem ser demasiado complexo, acompanhado de uma moral educativa. Rever este filme após tantos anos traz, claro, nostalgia dos tempos antigos da Disney e dos teen movies desta era, e deixa também alguma curiosidade para o que poderão trazer de novo na sequela.
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