You’re Cordially Invited (2025)

de Antony Sousa

Aceitei o convite de Will Ferrell e Reese Witherspoon e acompanhei um casamento entre comédia e romance. Quando se usa uma velha fórmula com nomes particularmente experientes, na execução da mesma, por norma não há muito que enganar, com tudo o que isso tem de bom e de menos entusiasmante.

Duas cerimónias de casamento são marcadas involuntariamente para a mesma data, na mesma ilha. Um pai que só quer proporcionar o melhor dia possível à sua filha. Uma irmã que acredita ser a única hipótese da sua mana mais nova de ter o dia mais feliz da sua vida. Pouco espaço, demasiadas pessoas. Com as emoções à flor da pele, como será que estas duas famílias que não se conhecem irão partilhar tanto de um evento tão íntimo e memorável?

Está lançado o mote para a comédia: dois casamentos no mesmo espaço e duas pessoas que encaram o sucesso da organização da cerimónia como um acontecimento de vida ou de morte. O conflito é o ponto de partida da história, não há tempo a perder nem propriamente tempo para pensar, somos convidados a aceitar a premissa se quisermos desfrutar do nosso tempo. E existem razões para acedermos ao convite. Will Ferrell e Reese Witherspoon lideram as suas famílias na busca por um fim de semana inesquecível, mas também nos factores de maior interesse de You’re Cordially Invited. Sem surpreender, mas igualmente sem comprometer, ambos actuam nas suas sete quintas, ou se quisermos, nas suas ilhas, com personagens que se levam a sério e que veem as consequências das suas decisões a determinar o humor de cada situação. É comum ouvir que para se fazer comédia é fundamental não tentar ser engraçado, porque o segredo reside em encarar situações ridículas com a mesma seriedade de um drama, deixando assim as circunstâncias ditarem a frequência e decibéis das nossas gargalhadas. Dificilmente alguém bate Will Ferrell nessa arte específica. O seu comprometimento no absurdo é o de um jogador de póquer a fazer all in, acreditando na realidade do momento, por mais insólito que esse momento possa ser. Miss Witherspoon interpreta a sua Margot com um já habitual estilo mandão, com resposta para tudo e, bem lá no fundo, com um coração mole. O restante elenco tem ainda assim margem para brilhar, com cenas pontuais que fazem jus ao tom do filme.

É curioso como o peso que é dado ao dilema que centra todo o enredo é contrastante com a leveza com que a história segue rumo até à sua conclusão, como que pegando nos problemas das duas famílias e despindo-as até revelarem que, na sua essência, são problemas de primeiríssimo mundo e o mais importante é estarem todos juntos. Isso resume You’re Cordially Invited, porque apesar de não oferecer o que quer que seja de novo, e de não ter o equilíbrio mais regrado entre comédia e romance, no final de contas é um filme que entretém e entrega o seu conteúdo com coração suficiente para chegar até nós algo além de algumas gargalhadas.

Nicholas Stoller realiza e escreve esta longa-metragem e se espreitarmos a sua filmografia temos acesso imediato ao que podemos esperar desta sua mais recente obra. Neighbors (2014), Fun with Dick & Jane (2005) ou The Five-Year Engagement (2012), são exemplos concretos de filmes realizados e/ou escritos por Nicholas Stoller que nos preparam perfeitamente para o que esperar de You’re Cordially Invited.

3/5
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