Witch Hunt (2021)

de Rita Sousa

O que significa a Caça às bruxas?

A definição aparece pouco a pouco no ecrã. É a passagem para o mundo distópico que estamos prestes a conhecer. Em seguida, uma mulher de longos cabelos vermelhos é queimada na fogueira enquanto duas jovens assistem. Percebemos que estamos a entrar no mundo da bruxaria.

Situada na América contemporânea, a história de Witch Hunt tem lugar num mundo onde a magia é real e as bruxas são perseguidas pelo governo dos Estados Unidos. A jovem Claire (Gideon Adlon) e a sua família, ajudam diversas mulheres a cruzar a fronteira para o México, na esperança de obterem asilo. Quando inesperadamente acolhem duas jovens bruxas, que permanecem mais tempo que o suposto, Claire começa a perceber que tem mais em comum com elas do que achava possível.

Witch Hunt é um filme interessante, direcionado para um público mais jovem, que cumpre com os requisitos essenciais para ser considerado um bom filme de sábado à tarde. A ideia é interessante, o ambiente enigmático e o elenco, uma jogada segura, visto que as protagonistas já são conhecidas do público adolescente. Tanto Gideon Adlon como Abigail Cowen (Fiona) já têm histórico em produções deste género. A primeira em The Craft: Legacy (2020) e a segunda em Chilling Adventures of Sabrina (2018-2020) e Fate: The Winx Saga (2020-2021).

Existem diversas coisas boas nesta produção. Apesar da sinopse ser um drama sobrenatural, o filme faz um ótimo trabalho em lidar com elementos de horror. A história, talvez por estar voltada para um público mais jovem, está bastante exposta. Não há segredos que possam permanecer muito tempo guardados, mas é interessante acompanhar todo o processo de descoberta das personagens. Este balanço entre o esperado e o inesperado permite uma conexão e um envolvimento por parte do espectador com aquilo que assiste. Porém, há que referir que é necessário ter uma grande capacidade imaginativa para se poder entrar no universo do filme sem questionar tudo o que esteja realmente a acontecer neste mundo contemporâneo. 

Abordando questões bastante relevantes, o filme tem uma linguagem muito leve. Torna-se claro desde o início que a longa-metragem está mais concentrada em abordar problemas sociais, como a perseguição de minorias, embora não se comprometa a seguir esse caminho. O filme está mais concentrado em trabalhar o imaginário, trazendo para o mundo atual as práticas inquisitórias que aconteciam na idade média. E é este ponto que torna o filme diferente de tudo o que tem sido feito até então. A maioria das produções mais recentes sobre magia passa-se em épocas antigas, embora sobre olhares e discursos contemporâneos. Aqui, vemos o reverso: a magia invade a atualidade, cabendo às personagens as mentalidades arcaicas.

Também a intenção de retratar o papel da mulher na sociedade atual, é uma preocupação da realizadora, Elle Callahan. Desde o primeiro minuto, é assumida a intenção de transmitir uma mensagem para gerações mais novas, sobre as diversas lutas e perseguições que diversas mulheres tiveram de passar para que hoje possamos viver numa sociedade igualitária.

Witch Hunt é um filme para toda a família. Tem alguns problemas, mas cumpre com aquilo que promete, sendo uma boa porta de entrada para o cinema moderno de fantasia. Há um interessante equilíbrio entre o desconforto de algumas situações e a empatia que se cria com as personagens centrais. É, sem dúvida, uma boa opção para quem prefere um drama adolescente, mas com algumas pitadas de terror à mistura.

4/5
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