Realizado por Mel Stuart, Willy Wonka & the Chocolate Factory conta a história de um rapaz com origens humildes, Charlie (Peter Ostrum), que ganha a oportunidade de visitar a famosa fábrica de chocolate do excêntrico Willy Wonka (Gene Wilder).
O enredo não é de todo o mais refinado ou subtil, o que, neste caso, não é necessariamente uma coisa má. O primeiro ato soa bastante apressado, evidenciando a ânsia do filme para chegar ao cerne da narrativa. Por um lado, temos a busca pelos bilhetes dourados que atribuem a oportunidade de visitar a fábrica aos seus aleatórios vencedores, e, por outro, é necessário conhecer o ambiente familiar de Charlie e estabelecer a sua realidade, o que faz com que o tempo que lhe é dedicado seja bastante curto. Isso resulta em alguns atos musicais iniciais, principalmente aqueles mais sentimentais, com pouco efeito em termos narrativos.
Não obstante, esta pressa no primeiro ato é recompensada quando chegamos à tão aguardada fábrica de chocolate. A unidimensionalidade dos restantes miúdos “vencedores” é perdoada, pois, para além de proporcionarem momentos engraçados, a sua estupidez transfere-se para os pais, que parecem subjugarem-se facilmente aos caprichos dos filhos. Em oposição, temos Charlie e o seu avô, Joe (Jack Albertson), que exibem uma química apaixonante, muito devido ao facto de Charlie demonstrar uma maturidade que Joe devia ter, mas não a tem. Se bem que conseguir manter a criança dentro de nós viva, passado tanto tempo, pode ser o verdadeiro sinal de maturidade.
Gene Wilder está maravilhoso como Willy Wonka. O seu olhar transmite uma leveza irónica, acompanhada de uma calma e de uma genuína bondade e carinho por aquilo que construiu. A fábrica é a sua personalidade, mágica e sempre a pôr em prática tudo aquilo que a imaginação permite alcançar. Wonka é alguém que cresceu o suficiente para não deixar a sua criança interior morrer, mas também com o cuidado para não se tornar vulnerável perante aqueles que o querem mal. Basicamente, Charlie, Wonka e Joe são uma versão da mesma pessoa, mas em gerações diferentes, e ver os três a contracenar é simplesmente fascinante.
Willy Wonka & the Chocolate Factory faz jus à fama que adquiriu ao longo dos anos. Com contornos previsíveis? Talvez, contudo, a leveza com que a história é contada é contagiante, engraçada e alucinante. Ignorando, essencialmente, o trabalho escravo dos Oompa-Loompas, este filme é uma perfeita história sobre bondade, humildade, crescimento e, sobretudo, sobre manter sempre um pouco da ingenuidade viva… mas só um pouco.