Welcome Home Baby (2025)

de Rafael Félix

Andreas Prochaska tem tido uma carreira consideravelmente medíocre nos últimos anos, mesmo com as suas passagens pela Berlinale. Uma boa forma de abanar estas dores é mergulhar em género. O terror, em particular, tem aberto portas a orçamentos limitados com resultados satisfatórios, se houver competência suficiente atrás da câmara e alguma sensibilidade perante os caminhos habituais do género.

Prochaska mostra ter ambos no seu novo Welcome Home Baby, porém as limitações são de outra natureza. Judith (Julia Franz Richter) descobre que o pai, que nem sabia vivo, deixou em testamento uma propriedade gigantesca no meio de uma pequena vila montanhosa, algures na Áustria. Quando lá chega, acompanhada pelo marido Ryan (Reinout Scholten van Aschat), percebe que toda a população do vilarejo a trata como se a conhecesse, e a sua tia Paulie (Gerti Drassl) parece saber mais sobre o passado de Judith do que ela própria, e lentamente tenta infiltrar-se na sua intimidade.

É tudo muito familiar, infelizmente. Há eficácia na direção de fotografia de Carmen Treichl e mesmo na montagem de Karin Hartusch, com alguns truques espalhados pelo filme que oferecem a atmosfera perturbadora e desorientadora que Prochaska procura para Judith, que lentamente vai perdendo a noção do tempo e o papel que Ryan e Paulie têm na sua vida. Pode-se ainda associar ao trabalho visual, toda a atmosfera sonora de Welcome Home Baby, que mesmo com a sua familiaridade, mostra um realizador que sabe perfeitamente o que quer e o que está a fazer.

Tudo isto para um filme que já vimos pelo menos três vezes nos últimos 12 meses. Immaculate (2024), The First Omen (2024) e Apartment 7A (2024) são exemplos perfeitos de tudo aquilo que Welcome Home Baby está a querer dizer sobre conservadorismo e patriarcado, sem nada de novo a acrescentar além do facto de não se centrar apenas no papel masculino deste sistema, pois a maioria do elenco é formado pelas matriarcas desta vila. Também não é nada que Suspiria, nas suas duas versões, não tenha feito. Todos estes filmes referenciados antes devem muito, ou pelo menos qualquer coisa a Rosemary’s Baby (1968), mas Welcome Home Baby deve-lhe praticamente tudo, com a mesma tensão, a mesma estrutura e as mesmas coisas a dizer. Não há uma única ideia original nas quase duas horas deste filme, e por azar cósmico, até os seus atores principais fazem lembrar outros: Richter, parece um híbrido entre Léa Seydoux e Agathe Rousselle; e Aschat, é um doppleganger de Dan Stevens (que também já passou por histórias algo semelhantes a esta, curiosamente).

Competente e inconsequente, familiar, algo repetitivo e com um terceiro ato que não faz sequer jus ao desenvolver algo tenso da narrativa. Não é terrível, mas não é muito mais que isso.

2.5/5
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