Brian Johnson, mais conhecido nas internets como Liver King, é um influenciador que construiu um império online a consumir carne crua e a pregar um modo de vida ancestral, vá-se lá saber o que isso significa.
O documentário, realizado por Joe Pearlman, conta com as participações não só de Liver King como também da sua família e de algumas pessoas próximas. Infelizmente, e já conhecendo a persona, este filme sofre exatamente do mesmo destino de muitos outros documentários com uma grande participação da pessoa visada na produção. Torna-se redundante e uma plataforma para mera propaganda, a tentar reconstruir uma imagem destruída por puro ego e mau-caráter.
Liver King é uma pessoa que prega um estilo de vida totalmente conectado com a natureza, similar a um neandertal e, por detrás dessas mensagens, exibe um físico ao qual, durante bastante tempo, proclamava ser devido ao consumo de fígado cru e bastante exercício. Este tipo de mensagem inserida em vídeos completamente caóticos encontrou um espaço na internet onde um mundo de jovens inseguros estavam esperançosos para serem iludidos.
O documentário faz aquela coisa engraçada que este género de documentários gosta de fazer que é abordar as polémicas, mas, sem de facto, abordá-las. É tudo muito superficial e rápido, e a única coisa que faz é pintar uma imagem de como o “escândalo” serviu para libertar a pessoa das amarras e crescer como ser humano. Quando, na verdade, se formos verificar as redes sociais de Brian Johnson, reparamos que pouco ou nada mudou na forma de passar a sua mensagem. Para quem não está a par, durante bastante tempo Brian negou a acusação de que estaria a usar esteroides anabolizantes, o que, convenhamos, só acreditava nesta figura alguém ignorante na matéria, ou simplesmente quem queria acreditar. Um dia, alguém deu leak a uns emails que continham umas análises e também umas trocas de mensagens que confirmavam o que a maioria das pessoas suspeitava. O propósito deste documentário é limpar esta imagem. Ainda tentam utilizar um argumento de influenciar as pessoas a ter “um estilo de vida saudável”, porém, esquecem-se de abordar o facto de o próprio influencer estar ciente que se alguém segue aquilo que ele diz, não é pelo estilo de vida em cima, mas em vista a atingir um físico parecido.
O filme até contem alguns momentos interessantes, mas suspeito que seja mais vontade da minha parte em querer ver algo positivo no documentário, do que um mérito intencional da obra. O início de carreira, o passado pessoal e a obsessão pelos números das redes sociais e de estar sempre conectado é algo intrigante, contudo, não existe muita profundidade nesses aspetos. Essencialmente, o que aprendemos é que uma pessoa desinteressante e ignorante, para além de mentiras e insegurança, não tem muito mais a oferecer.
Untold: The Liver King é uma tentativa falhada de limpar a imagem de um pseudo Macho Man. É um filme que finge incomodar sem nunca o fazer, e que não consegue aprofundar nenhuma questão pois não há muito que aprofundar. Quando alguém é superficial, a única coisa que pode propor a ser é isso mesmo.