Until Dawn (2025)

de Mercês Castelo-Branco

You don’t survive by standing still.”

Until Dawn, uma adaptação do jogo Until Dawn (2015) do estúdio Supermassive Games, segue um grupo de amigos à procura de Melanie (Maia Mitchell), a irmã mais nova de um dos membros, Clover (Ella Rubin), que desapareceu numa viagem. Durante a sua investigação, deparam-se com a casa onde Melanie foi vista pela última vez, um lugar onde sucede todo o tipo de caos, aprisionando este grupo num pesadelo.

Surpreendentemente, Until Dawn difere desta recente moda de adaptações de jogos para o grande (ou pequeno) ecrã, como acontece com a série de The Last of Us (2023 -) em que existem episódios onde parece que se está realmente a reviver o jogo, tal é a sua semelhança. David F. Sandberg, o realizador, opta por uma abordagem diferente, pegando em alguns pontos base do jogo original e criando uma história nova, com diferentes personagens, mas situado no mesmo universo. Além deste aspecto, nesta adaptação, sempre que as personagens morrem, a noite recomeça e os terrores vão sendo mais intensos e inesperados, alterando os assassinos e as suas motivações. Neste sentido, David F. Sandberg está mais interessado em replicar a experiência do jogo do que a sua história.

Apesar disto poder ser, inicialmente, uma desilusão para os admiradores da narrativa original, o filme, com os seus easter eggs, vai matando essa sede de referências ao jogo. Como, por exemplo, a ampulheta (um dos objetos representativos do jogo), que revela-se como um elemento crucial neste filme, tanto para os espectadores como para as personagens, sendo que o objetivo é continuarem vivos até o amanhecer. Está no título.

Como uma experiência cinemática, ignorando a história original, Until Dawn tem alguns momentos divertidos. Conta com os habituais jump scares previsíveis mas à medida que o filme avança, ficam progressivamente mais perturbadores. Um dos seus pontos altos ocorre entre as diversas noites, numa espécie de homenagem ao subgénero found footage. Através destas filmagens, na perspetiva das personagens, ficamos mais facilmente incomodados e imersos nos seus acontecimentos. De resto, em termos de montagem, tem alguns problemas de ritmo no início, tornando-se um pouco repetitivo, mas à medida em que o propósito destes protagonistas, nesta casa, vai sendo descoberto, a experiência do visionamento torna-se mais emocionante.

No entanto, em termos de estrutura, não se destaca com nenhum elemento técnico propriamente. Apenas cumpre os requisitos mínimos de um filme de terror. O seu gore é mais ridículo do que assustador; dá alguns sustos mas está sempre a quebrar o medo com cenas que parecem saídas de uma paródia. Para quem gosta de violência gráfica e um toque de sobrenatural, é uma experiência divertida mas é tudo o que tem para oferecer. No fim, Until Dawn é simplesmente um filme de terror banal. Até a própria banda sonora é demasiado genérica para criar um ambiente arrepiante. As performances decentes dos atores ajudam mas são incapazes de salvar completamente o filme, pois o seu problema principal está na forma como o argumento foi adaptado.

Until Dawn, o filme, funciona melhor como uma publicidade ao jogo. É um incentivo para experimentarem a versão original e serem vocês a decidir quem sobrevive à noite. Talvez assim consigam apreciar melhor a sua história. Afinal, é sempre melhor quando a escolha é nossa.

2.5/5
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