Protagonizado por Sandra Bullock, The Unforgivable é realizado por Nora Fingscheidt que aqui nos leva a acompanhar Ruth, que, após passar anos na prisão por ter morto um oficial da polícia, tem enfrentar a vida em sociedade, enquanto tenta encontrar a sua irmã, à qual foi forçada a separar-se. O elenco ainda conta com a Viola Davis, Jon Bernthal e Vincent D’Onofrio.
O filme começa muito bem, apesar de revelar demasiado o passado da protagonista para justificar o seu comportamento, mas no geral resulta ao mostrar uma interpretação mais contida de alguém que teve 20 anos na prisão e que agora tem que lidar com toda a informação que engloba a vida em sociedade, e ainda tem que se preocupar em não ter o seu passado revelado, pois, caso contrário, a sua reinserção no quotidiano torna-se muito mais difícil.
A relação que Ruth estabelece com Blake, interpretado por Jon Bernthall, também tem o seu valor. A personagem de Jon é extremamente carismática, fazendo com que a audiência ganhe uma simpatia quase automática por ele e que, por consequência, aquela relação que se está a criar entre os dois pareça natural. Contudo, os méritos do filme resumem-se mesmo ao main plot e por aquilo que parece ser o início de uma relação. Isto porque, este filme, tem demasiados vícios que não se conseguem esconder por detrás dos acertos.
The Unforgivable é um autêntico desperdício de elenco. A personagem de Viola Davis só está no filme para dar uma oportunidade à protagonista ter um momento grande de atuação e desbloquear um plot twist que acaba por diminuir o impacto de tudo o que o filme nos fez – ou pelo menos tentou – sentir, até então.
A forma como a história sente necessidade de se desenrolar também é preguiçosa, baseando-se em atitudes irrealistas por parte dos personagens ou em conveniências que nos fazem questionar a probabilidade de aquilo acontecer. Um exemplo: logo no início quando a Ruth vai visitar a casa onde aconteceu o crime violento que a mandou para a prisão, o homem que agora lá vive acaba por convidá-la a entrar e, coincidentemente, ele é um advogado que por acaso pode ajudá-la a encontrar a sua irmã.
O filme perde a oportunidade de desenvolver os personagens secundários e as relações que estes estabelecem com a protagonista. O caso mais gritante, é o caso da personagem de Jon Bernthall, que depois de falar com Ruth, o filme dá a entender que vai aprofundar a relação de ambos, mas, de repente, deixa-nos apenas com esse diálogo. E no fundo, o grande calcanhar de Aquiles de The Unforgivable é mesmo a quantidade exagerada de subplots, pouco desenvolvidas.
Para além deste enredo secundário, temos também o de dois irmãos que se mostram como antagonistas, filhos do xerife que a Ruth matou, e que buscam vingança. As aparições deles servem só para fazer a audiência lembrar-se da sua existência, pois confiou que o público se contentasse com os seus passados, não dando qualquer tipo de profundidade a estes dois personagens. Aliás, o arco do irmão que inicialmente se mostra reticente é do mais clichê que pode haver.
Depois temos ainda o enredo da relação de Ruth com os seus pais, que acaba por ser atirado para canto, numa cena que carece de realismo, nomeadamente, no que toca às atitudes da protagonista.
The Unforgivable, é um filme com uma ótima ideia mas com uma execução pobre, e apesar dos esforços dos atores, estes não conseguem tapar os buracos deixados pela narrativa, tanto nos termos mais específicos, pois a história parece servir-se de atalhos para avançar, como em termos de qualidade em si.