The Suicide Squad (2021)

de Rafael Félix

DIVERSÃO E BOA DISPOSIÇÃO SEMI-DESCARTÁVEL

Por muitos (MUITOS) erros que a Warner Bros. e a DC Comics tenham cometido ao longo da última década de cinema, há um louvor que a estes tem de ser dado: quase sempre permitiram aos seus realizadores a possibilidade de encher os seus filmes com a personalidade única de cada um deles. Talvez as excepções mais gritantes sejam o Justice League (20????) de Zack Snyder e Suicide Squad (2016) de David Ayer e após o lançamento deste THE Suicide Squad, com James Gunn ao leme – de certa forma o realizador que Ayer estava a tentar “capturar” na sua versão –, ficam ambas estas excepções com justiça feita e o mundo pode finalmente seguir em frente.

O cinema cinético do realizador de Guardians of the Galaxy (2014) assenta que nem uma luva a este tipo de personagens, num filme que é simplesmente feito de um bando de párias da sociedade com anger-issues e diferentes tipos de sociopatia a desfazerem centenas de membranas encefálicas e tripas de soldados pertencentes a um regime ditatorial com o objetivo de destruir algo conhecido como Project Starfish. Muito literalmente.

Sendo que a fórmula narrativa não está a milhas da do seu antecessor – embora o guião tenha alguns truques na manga aqui e ali–, aquilo que torna esta versão de The Suicide Squad uma melhoria astronómica em relação ao seu antecessor é puramente James Gunn. Porque é o talento de James Gunn parar criar humor das situações mundanas num formato quase meta em relação aos anti-heróis que tem em mãos e dar um ritmo imparável de boa disposição entre cenas de ação plenas de gore, coreografia competente e needle drops que se tornam genuinamente excessivos, mas que não deixam de ter o seu encanto antes do cansaço instalar.

Ainda que consideravelmente descartável derivado do facto de nenhuma das personagens ser interessante no seu particular e o filme nunca se tornar particularmente interessante a nível emocional, o seu espírito irreverente e elenco isento de elo mais fraco, com os regressos de Margot Robbie, Joel Kinnaman e Viola Davis nos seus melhores trabalhos na DC até à data e os recém chegados Idris Elba, John Cena, David Dastmalchian, e Sylverster Stalone que nem com todo o seu carisma conseguiram ofuscar o brilhantismo despreocupado da nossa Daniela Melchior que não parece minimamente intimidada por estar a lidar com algumas das maiores estrelas de Hollywood e se impõe sem medos no meio daqueles astros mediáticos.

É possível que The Suicide Squad pudesse ter sido um pouco mais daquilo que acabou por ser, mas tem a personalidade necessária para dar umas duas horas mais que agradáveis apesar das inconsistências que vão populando o filme que no fim acabam submissas a um elenco tão cheio de carisma que podia tornar um filme sobre a história de vida da Irmã Lúcia algo que eu iria ver em loop durante três semanas.

E tem um Homem-Tubarão com a voz do Stalone. O que raio querem mais?

3/5
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