The Silent Sea – 1ª Temporada (2021-)

de Pedro Ginja

A escassez de água no planeta Terra é já um dos grandes problemas actuais da humanidade, com o aumento progressivo das temperaturas médias e períodos de seca cada vez mais extensos e de gravidade maior. Muitos países racionam já a água e, inclusive em Portugal, os níveis de água de reservatórios tanto de superfície como de lençóis freáticos subterrâneos diminuem a um ritmo alarmante. A esta escassez não é alheio o, cada vez maior, apetite pelo consumo e as necessidades crescentes de uma população e indústria em crescimento. Até 2050, segundo a ONU, cerca de 5 biliões de pessoas vão ser afetadas pela escassez de água, um número deveras assustador.

É sobre esta busca de alternativas para a obtenção de água que recaí a temática de The Silent Sea. Acompanha uma equipa especial do exército da Coreia do Sul em missão numa estação de investigação científica na Lua, quando a mesma deixa de fazer contactos regulares. O objectivo é recolher toda a investigação realizada e descobrir o que aconteceu nesta estação rodeada de secretismo.

O facto de ser uma série coreana de ficção científica já é de si uma raridade, mas é um pouco mais que isso. Somos introduzidos num mundo em que há racionamento de água mas sem grandes explicações, adensando assim o clima de mistério. Logo é reunida a equipa e colocada num foguetão para uma missão de 24h na Lua, de perigosidade elevada. O ambiente de thriller é rapidamente estabelecido com a habitual estrutura de episódio a terminar num cliffhanger que nos deixa em pulgas para o próximo episódio, lembrando as séries americanas mas com um feel bem diferente. 

Vejo geralmente séries coreanas de terror ou de drama e, por isso, não estava com expectativas muito altas relativamente aos efeitos especiais e pensei que iriam tomar um caminho mais minimalista, mas não é o caso aqui. Existem várias cenas com naves espaciais, caminhadas na lua sem gravidade, explosões e efeitos práticos. Mesmo o CGI, que por vezes surge, é de elevada qualidade, talvez bem mais que algumas produções americanas de renome e por isso foi uma excelente surpresa. 

Donna Bae, no papel de Dra. Song Ji-an (conhecida de Cloud Atlas, filme de 2012) e Gong Yoo, no papel do capitão Han Yoon-jae, são os principais protagonistas e os únicos com direito a uma backstory e explicação para a sua presença na missão. Nos outros fica uma aura de secretismo que beneficia a série, e permite a revelação de motivações a posteriori que enriquecem a história. O elenco é todo de grande excelência e reforça a qualidade do argumento, simples, mas sempre carregado de surpresas.

Uma série surpreendente e uma excelente aposta para quem é fã de ficção científica e quer arriscar em ver sensibilidades diferentes aliadas a uma grande qualidade técnica, em termos de efeitos especiais e fotografia. Entretenimento de alta qualidade com muitas surpresas reservadas para cada episódio, sem descurar a consciência ecológica e de criar uma discussão para um futuro próximo, em que a água será, cada vez mais, um bem muito precioso.

4/5
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