The Mother (2023)

de Antony Sousa

Uma mulher envolve-se com pessoas perigosas, obrigando-a a tornar-se num fantasma social. Mas ela sabe que é só uma questão de tempo até ter de intervir e reaparecer, quando o que está em causa é a vida da sua filha.

O amor e sentido de protecção de uma mãe são sempre um caminho plausível para uma história cativante. Quando incluímos esse tema central com o género de acção e thriller, podemos intensificar o potencial do tema, ou correr o risco de o vermos perder-se entre tiros e perseguições. No caso de The Mother, gradualmente caímos na segunda hipótese.

A sequência inicial provavelmente contém os melhores minutos de todo o filme. Utilizando a montagem como valiosa aliada da tensão, ficamos curiosos, intrigados, e imediatamente agarrados ao que está a acontecer. Toda a cena decorre com um ritmo elevado e coerente, tanto quando temos somente três personagens sentadas num interrogatório, ou quando a essas três personagens se juntam várias outras e a acção começa. Está lançada a promessa de um thriller a ter em conta. Mas nem todas as promessas são fáceis de manter e cumprir. É verdade que a intenção da existência de The Mother só surge depois desse início, mas nem a montagem, nem o lado mais coreografado e técnico da acção voltam a atingir o mesmo nível da primeira cena, nem o lado mais emocional chega a compensar essa redução de qualidade.

Jennifer Lopez apostou forte neste projecto. Protagoniza-o, numa personagem que requer forte preparação física, não só pelo trabalho com armas e afins, como pela fisicalidade no andar e postura, que são bem diferentes do que associamos à actriz e cantora, e também o produz. É um trabalho sólido, sem se diferenciar de trabalhos recentes de actrizes neste registo, como Charlize Theron em The Old Guard (2020) ou Halle Berry em John Wick: Chapter 3 – Parabellum (2019) por exemplo. O restante elenco cumpre, com destaque particular para Joseph Fiennes e Gael García Bernal com os seus Adrian e Hector respectivamente. Fiennes faz jus ao nome de família e oferece uma presença forte no seu vilão, apesar de sem espaço para desenvolvimento ou profundidade. Já Gael Garcia Bernal ainda tem menos tempo de tela, contudo deixa a sua marca em particular numa cena carismática.

Não há novidades por aqui, The Mother faz check à maior parte das caixinhas relativas a filmes em que filhos de ex-agentes espetacularmente competentes estão em perigo, algumas delas com um visto bem definido, outras com o visto mais torto. Em suma é um mediano exemplar do subgénero de resgates de familiares. Está na Netflix, e estará no top 10 até surgir algo novo remotamente interessante.

2.5/5
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