The Forgotten Battle (no seu título original – De Slag Om de Schelde) é uma produção holandesa, realizada por Matthijs van Heijningen Jr., com o argumento de Paula van der Oest, e está neste momento disponível na plataforma de streaming da Netflix.
Um soldado inglês tenta chegar ao campo de batalha depois de se despenhar; um soldado alemão tenta decifrar todas as questões que lhe assombram a consciência; e duas raparigas, membros da resistência holandesa, tentam ajudar um rapaz (irmão de uma das raparigas) a sair da prisão com vida e ainda a passar informações para os aliados que podem mudar o rumo da batalha do Escalda.
Os protagonistas são interpretados por Susan Radder, que dá vida a Teun, uma funcionária da câmara que começa a ajudar a resistência depois do seu irmão ser levado pelos Nazis; Gijs Blom, que deu vida ao soldado Nazi que depois de ter sofrido lesões graves é delegado para um trabalho de secretária, mas acaba por ser mandado para a linha na frente; e Jamie Flatters que dá vida ao soldado inglês, William Sinclair, um jovem que tenta provar aos que o rodeiam o seu valor no campo de batalha.
O filme pode dividir opiniões, pelo menos até aos últimos 20/30 minutos. Não há pontos fracos na atuação, contudo, há que destacar o trabalho de Gijs Blom como Marinus van Staveren, e todo o arco narrativo construído em volta do seu personagem. O realizador não se foca tanto no facto de ele estar no exército nazi, nem dá muito ênfase aos seus ideais, mas, pelo contrário, dá voz aos seus pensamentos e dúvidas, apesar de, curiosamente, não ter muitas falas. E também não precisava dos diálogos, pois as expressões faciais deste jovem ator contam tudo o que precisamos de saber.
O arco mais fraco foi aquele dado a Susan Radder, mais por causa do argumento do que propriamente dos atores que englobam esse arco. Não conseguiu trazer toda a emotividade que as cenas pediam, pois o baque inicial ocorreu numa fase muito prematura. O que não seria necessariamente mau se, no decorrer do filme, este se conseguisse provar e justificar o nosso investimento emocional, o que não aconteceu.
A montagem, pelo menos no início do filme, foi bastante atribulada e, por vezes, confusa. Parece que o realizador está muito preocupado em introduzir os personagens, mas esquece-se em dar o tempo certo a cada cena, pois, por vezes, o timing das cenas faz parecer que o filme está a apresentar uma personagem nova, quando na verdade era a mesma que tínhamos visto há duas ou três cenas atrás.
A grande debilidade desta longa-metragem de 2h e alguns minutos, foi mesmo a gestão do tempo no que toca à narrativa. Em alguns momentos parece que o realizador teve que despachar algumas cenas, pois precisava de avançar urgentemente com a história, mas, por outro lado, há momentos extremamente entediantes, uma vez que aquilo que estava a ser apresentado não acrescentava nada à narrativa.
Atenção, não é um filme odiável. Há que dar mérito e destacar a banda sonora e, acima de tudo, a fotografia. A música do filme consegue conjugar-se perfeitamente com o ambiente e, em muitos momentos, consegue captar e aumentar a emoção das cenas. Mas a fotografia… Ui a fotografia… Que coisa maravilhosa! Tanto as cenas de batalha que nos fazem sentir claustrofóbicos e desorientados – como se um inimigo pudesse estar ao virar da esquina -, como as várias paisagens que conseguem absorver a beleza do local, mas de uma forma trágica, como se a morte tivesse passado por ali e decidisse fazer daquele local seu.
The Forgotten Battle é um bom filme. Tem boas atuações e é tecnicamente impecável, contudo alguns problemas no argumento, e principalmente no ritmo, faz com que, apesar de ser interessante, se torne naqueles filmes que uma pessoa vê uma vez, mas que depois não volta a pensar no assunto.