Realizado por Andy Muschietti, o novo filme da DC conta a história de Barry Allen (Ezra Miller) que, depois de descobrir que viajar no tempo é uma possibilidade, volta para o passado para tentar salvar a sua mãe, que foi assassinada; e o seu pai de uma sentença injusta. Contudo, nem tudo corre como planeado e o jovem herói acaba num universo paralelo onde as diferenças se tornam difíceis de ignorar.
The Flash é um filme bastante divertido com momentos de ação e um sentido de humor que, apesar de ser por vezes repetitivo, consegue carregar o tom da história sem, em momento algum, perturbar as cenas que pedem uma carga dramática mais profunda. Porém, isso não é suficiente para evitar algumas simplificações por parte do argumento que se fartou de deixar questões em aberto e de providenciar respostas de uma simplicidade exuberante, isto para não dizer que pouco ou nada tinham de sentido.
Sasha Calle convence como Super Girl, não obstante a sua personagem ter pouco ou nenhum desenvolvimento. Aliás, a forma como decide juntar-se aos nossos heróis para derrotar o vilão é dos poucos pontos que incomoda bastante. Para muitos isto pode ser considerado spoiler, por isso – CUIDADO – digamos que esta personagem pouco ou nenhum motivo tem para querer ajudar esta raça a qual nós chamamos carinhosamente de humanos. E o argumento, em vez de tentar explorar motivos que a levassem a mudar de ideias ou perceber que afinal somos dignos de ser salvos, decide usar como justificação o facto da rapariga odiar o vilão por algo que, primeiro, prometia fazer e, em segundo lugar, que acabou por fazer. Pode ser defeito de quem vos escreve, mas apostar numa personal vendetta como o motor de uma personagem que deve representar o bem, pode não ser a melhor estratégia para conquistar o afeto do público.
Falando um pouco do protagonista, nota-se que Ezra Miller sente-se bastante confortável no papel e o facto do filme ter decidido colocar uma versão do Flash ainda mais irritante a acompanhar o Barry Allen que todos conhecemos foi uma tacada de génio que deu lugar a momentos dignos de umas boas risadas.
Há uma enchente de fan services que funcionam na perfeição, nomeadamente nos momentos que envolvem o Batman de Michael Keaton que vão desde os gadgets até à própria cinematografia com aqueles famosos close ups. Podem dizer que algumas linhas de diálogo só estão lá para fazerem os fãs ficarem com o sorriso de canto de boca, mas aqui o menino é um desses fãs e bem que podia passar o dia todo a ouvir aquele “yeah, I’m Batman” que ia achar alguma justificação plausível para responder a esse tipo de críticas.
The Flash, apesar das enormes simplificações, é um filme divertido. Consegue sair-se bem no humor e não deixa a desejar nas cenas dramáticas, podendo até sacar uma lagrimazita ou outra dependendo do estado de espírito de quem assiste. É pena optar por não explorar todas as possibilidades de discussão que a história oferece e ignorar alguns pontos que para um olhar mais rigoroso pode fazer com que a experiência tenha uma pitada de superficialidade, mas, para todos os efeitos são quase duas horas e meia bem passadas.
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[…] 19 de Junho, 2023 […]