The Exorcism of God (2022)

de Guilherme Teixeira

Realizado por Alejandro Hidalgo, The Exorcism of God, conta a história de Peter Williams (Will Beinbrink), um padre que comete o enorme sacrilégio de ser possuído durante um exorcismo. Dezoito anos depois, Peter, agora padre de uma pequena comunidade no México, vê-se obrigado a encarar demónios do passado para poder não só ajudar a sua comunidade, como também a sua filha, Esperanza, e assim encontrar a paz que tanto procurava.

É difícil levar um filme a sério quando a narrativa parte da premissa que o facto de um padre sentir desejos por uma mulher é um sacrilégio de todo tamanho. Uma questão destas até poderia levar a uma história interessante, caso o filme explorasse o quão errada, retrógoda e até hipócrita essa ideia é, principalmente, no seio da igreja católica. Porém, o máximo que o filme faz é criar um drama sem nexo misturado com cenas de terror que são tão previsíveis e caricatas que chegam a ser hilariantes.

Nota-se, ao longe, que o realizador não tinha muito bem a noção da história que queria contar. O filme falha em criticar as formas de atuar da igreja e também torna-se difícil perceber o que a história está a tentar dizer com o arco do protagonista. O argumento dá umas pinceladas no trauma de Peter Williams, mas fica-se só pela primeira de mão, mostrando apenas como o padre passou a ajudar as pessoas daquela comunidade, mas nunca explorando as cicatrizes que aquele evento deixou, o que torna todo o arco bastante superficial. Também não explica pontos necessários do enredo principal acerca da relação entre o padre e a sua filha, dando a sensação que o filme quer que a audiência se preocupe com personagens que o próprio filme não tem interesse em explorar. Também vale referir que a reconciliação que o protagonista faz com o seu passado é feita de uma forma demasiado apressada e preguiçosa, criando uma ideia visual absurda que compara duas situações completamente incomparáveis. 

Já o elemento terror só está aqui porque o realizador quis fazer um filme deste género, porque para a história é totalmente irrelevante. Os sustos são demasiados previsíveis e os demónios, tal como as pessoas possuídas, são tão genéricos e usados até à exaustão que retira qualquer sentimento de perigo eminente, pois os constantes jumps scares e o recurso dos ”sonhos” acabam por dar a sensação que o protagonista está protegido pelo argumento.

The Exorcism of God é um filme sem qualquer visão ou interesse narrativo, que tenta preencher o tempo com sustos baratos e plots que não adicionam qualquer valor tanto à história como à ambientação. É um filme que sofre imenso pela clara desorientação de um argumento que tenta tocar em tudo, mas que acaba por nada dizer.

1.5/5
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