Depois de sobreviverem ao massacre passado em Terrifier 2 (2022), Sienna (Lauren LaVera) e o seu irmão mais novo Jonathan (Elliot Fullam) tentam reconstruir as suas vidas enquanto batalham para superar o trauma. Nos entretantos, Art the Clown (David Howard Thornton) retorna pronto para pintar a época natalícia com outro tom de vermelho.
É mais do que claro que estamos neste momento a assistir ao crescimento e consolidação de um novo ícone do slasher à imagem de Art the Clown. A imprevisibilidade dos meios e a sua caricatura ditaram uma fórmula de sucesso que provavelmente vai durar muitos anos, tendo em conta que Damien Leone, a mente por trás da saga, já confirmou a sua sequência e, conhecendo minimamente Hollywood e o seu amor por dinheiro, não cheira que vão deixar uma das personagens mais badaladas do momento na gaveta.
Esta terceira longa-metragem acompanha a tendência ditada pelo seu predecessor, relativamente ao mais e maior. Vemos cenas ainda mais horripilantes tanto em termos de violência como também na delicadeza daqueles envolvidos. Há também um maior direcionamento para a criação de uma mitologia e, apesar de ser uma opção questionável, até se compreende e até se torna inevitável se o objetivo for daqui a quinze anos continuarmos a ver esta personagem no ecrã, não obstante achar que é mais assustador acompanhar um vilão que seja mortal ou que pelo menos dê uma sensação que possa ser derrotado.
Caso contrário, apesar de nestes filmes iniciais ser possível, à falta de melhor termo, desfrutar em assistir Art a passear de um lado para o outro a varrer tudo o que lhe aparece à frente, talvez se torne cansativo ou até mesmo frustrante se isso continuar por mais dois ou três filmes em que vemos só um monte de gente sem hipóteses a ter o destino inevitável. Todavia, e generalizando um pouco o género de slasher, alguém que vá ver este tipo de filmes, em princípio não está à espera de encontrar um argumento com grande profundidade. Um vilão cativante, um “pouco” de violência à mistura, uma atmosfera de meter medo e personagens que não nos façam de parvos, e em princípio ninguém sai triste da sessão. E, para já, mesmo que tremido, este franchise têm conseguido isso.
As atuações continuam questionáveis, mas, mais uma vez, quem vai ao cinema ver um filme Terrifier não vai propriamente à procura do próximo vencedor de um prémio da academia. Até porque a esperança média de vida da maior parte dos personagens deve ser de duas ou três cenas, o que é um ponto positivo porque a qualidade dos diálogos por vezes faz com que a presença de Art seja uma benção.
Terrifier 3 é um filme que busca ser mais do que os seus antecessores. Numas alturas até o é, quando tenta chocar e criar um ambiente de hostilidade e de dúvida em relação ao palhaço assassino e à forma como vai aparecer em cena e como vai atuar. Porém, acaba por deslizar em outros variados momentos ao criar cenas vazias, com diálogos para lá de constrangedores e que na melhor das hipóteses só se concretizam pelo simples choque, algo que se reflete principalmente no final onde optam por uma resolução preguiçosa, dando a impressão que existe um entendimento entre os criadores que Art the Clown é um novo ícone e que a exploração da sua imagem no futuro é inevitável.