Realizado pela dupla Ian Bonhôte e Peter Ettedgui, este documentário propõe-se não só contar a história do grande Christopher Reeve durante o seu auge, como também se foca naquilo que fez após o acidente de equitação que o deixou paralisado. O título encaixa como uma luva na sua proposta. Por um lado, é Superman o papel mais marcante da carreira de Reeve, considerado por muitos o verdadeiro herói tendo em conta todas as adaptações já realizadas. Por outro, o super-homem que teve de se revelar para se adaptar a um estilo de vida completamente diferente daquele que estava habituado antes da tragédia que o assolou.
É bastante emocionante acompanhar todo o drama dos familiares, amigos próximos e, obviamente, do próprio Christopher Reeve no pós-acidente. O stress e confusão em volta, não só daqueles de que o rodeavam, mas de grande parte do mundo, para tentar perceber o que seria o seu rumo dali em diante, até que finalmente decide tornar-se no rosto da luta por melhores condições de vida, bem como usar a sua fama para angariar fundos para financiar pesquisas sobre lesões da medula espinhal.
São feitas várias entrevistas a personalidades que se cruzaram com o ator, mas é com os filhos e com a primeira mulher que mais toca no coração. Aqui, falam das suas imperfeições com uma sinceridade tocante, não de forma negativa sobre a sua personalidade, mas como parte da mesma que o tornava ainda mais especial. Apesar de ser um documentário sobre o lendário Superman, é interessante perceber que tanto os filhos como a sua grande paixão, Dana Reeve, são tão personagens principais quanto o retratado, principalmente Dana onde a longa-metragem ainda dedica um tempo a explorar a sua personalidade e como afetou todos os que a rodeavam quando se soube que lhe tinha sido diagnosticado um cancro do pulmão, que viria a ser fatal em 2006.
Na verdade, ainda falta mencionar uma pessoa determinante para este filme – Robin Williams. Se já estava difícil segurar as lágrimas, então quando se juntam estes dois… bem, digamos que a missão não foi de todo bem sucedida. Robin Williams aparece aqui porque, obviamente, foi uma enorme figura na vida de C. Reeve, tendo partilhado casa nos tempos de faculdade, mas também permite a audiência conhecer Reeve de forma mais íntima e ajuda-nos a normalizar um pouco o seu estado, eliminado um certo vale da estranheza que se forma inevitavelmente, devido ao conhecimento prévio que temos sobre aquela pessoa. Se já havia um trabalho incrível no que tocava ao uso das imagens de arquivo, aqui parece que os realizadores conseguem, por momentos, trazer o melhor dos dois de volta à vida. O à vontade, as expressões de carinho que cada um demonstra e a importância daquela amizade é bastante palpável e comovente.
Super/Man: The Christopher Reeve Story é um documentário bastante emocionante que explora a vida de uma pessoa que foi maior que qualquer personagem que interpretou. Um filme que deixa de lado os deslumbres para honrar a vida de um homem que foi super à sua própria maneira.