Sinister (2012)

de Antony Sousa

Ellison (Ethan Hawke) é um escritor de crimes reais em busca do sucesso que lhe foge desde o seu primeiro livro. Uma busca que o leva a si e à sua família para uma casa que contém segredos que o farão balancear entre fazer o que está correcto ou o que o poderá transportar directamente de volta para o centro das atenções.

Scott Derrickson, realizador e co-argumentista de Sinister, tem uma carreira pautada por filmes de terror acima da média, como The Exorcism of Emily Rose (2005) e The Black Phone (2021), com a curiosidade de todos abordarem temas diferentes entre si, mas de alguma forma terem sempre o seu cunho pessoal. É provável que venha sempre a ser associado a Doctor Strange (2016), mas até pelo que está previsto para o futuro mais próximo de Scott Derrickson, a sua identidade reside no género de terror. Sinister será porventura a sua obra mais consistente. Consegue arrepiar a espinha, usando o método de vídeo caseiro, sem necessitar de mostrar demasiado, é bem-sucedido nos jumpscares que nos procura provocar; tem um elenco sólido, e um mistério por resolver até ao fim.

Apesar dos crimes hediondos que são descritos e revelados no filme, o medo não vive no gore ou na violência das imagens, mas entre aquilo que desconhecemos sobre esses crimes, e o facto de existirem duas crianças a viver na casa amaldiçoada. Sentimos o clímax a aproximar-se, sem pressas, a cada passo de Ellison a caminho da ambição, e mais intensa se torna a presença de uma energia sombria no ar. Existe um ponto de interrogação por cima das nossas cabeças até ao último momento, e isso joga a favor do enredo. O final não será do gosto de todos, mas é coerente. 

Existe um elenco sólido, que inclui Ethan Hawke como cabeça de cartaz. Encontrar uma ponta solta nas performances do actor norte-americano seria como encontrar um fio de cabelo no meio de um palheiro. Não é das suas personagens mais memoráveis (o filme também não pede isso), mas tem camadas que nos fazem questionar o que é prioritário nas nossas vidas, se nas mesmas circunstâncias a ocasião não faria o lambão. Ou seja, se iríamos resistir à tentação de voltar às bocas do mundo, a ter atenção global e reconhecimento, mesmo que os meios para esse fim nos dessem a volta ao estômago. Até que ponto não mentimos quando nos encaramos no espelho, para justificar aqueles desejos que estão dentro de nós, mas que não soam bem quando ditos em voz alta. 

Juliet Rylance como a voz da razão; Michael Hall D’Addario como o jovem rebelde com terrores nocturnos, e James Ransone como polícia desengonçado, completam o painel principal de actores que cumprem com o que lhes é pedido.

Sinister é uma das maiores pérolas do terror nos últimos anos. Nesta década tem havido um crescendo de criatividade no género, com um investimento e risco que tem cada vez menos paralelo com outros géneros, pelo menos no que respeita a cinema (streaming é outra coisa), mas olhando para trás podemos notar que por altura da estreia do filme de Scott Derrickson, em 2012, terá iniciado essa onda entusiasmante do universo de Terror, e Sinister terá contribuído para isso.

3.5/5
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1 comentário

Juliana Batalha 30 de Junho, 2023 - 09:07

Adorei!

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