Singin’ in the Rain (1952)

de Guilherme Teixeira

Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hagen) são dois astros de Hollywood que fazem o seu melhor para lidar com a difícil transição do cinema mudo para o cinema falado. Enquanto isso, Don apaixona-se por uma corista, Kathy Selden (Debbie Reynolds), que o ajuda a encontrar-se tanto a nível pessoal como artístico.

Realizado por Stanley Donen e co-realizado por Gene Kelly, que também protagoniza o filme, Singin’ in the Rain é um verdadeiro clássico que, ironicamente, de certa forma celebra a “antiga” Hollywood. Ironicamente, pois, nos dias de hoje, esta longa-metragem é mencionada ou referenciada em várias produções como forma de celebrar a “nova antiga” Hollywood.

É um filme mágico. Além de ser um romance muito bem construído, com um protagonista que enfrenta um conflito verdadeiramente desafiador, acompanhado de personagens secundários com personalidades consolidadas que, apesar de não estarem ali para servir o protagonista, acabam por fazê-lo, na medida em que os contornos que a narrativa toma não soam a facilitismos. A história carrega uma leveza que torna toda a experiência bastante nostálgica, no melhor sentido do termo. É a forma como os atores atuam, as cores vibrantes, a magia nas cenas de dança e a paixão que cada cenário transporta que nos faz lembrar do porquê de gostarmos tanto da sétima arte.

A sinergia entre Gene Kelly e Debbie Reynolds é bastante contagiante. É um constante provocar, mas sem malícia, à espera do que o outro vai revelar. Em momento algum se torna chato ou repetitivo pois existe uma progressão na narrativa que nunca entrega mais do que devia, o que dá aso a situações que fluem mais naturalmente. Deve-se também destacar a atuação de Donald O’Connor, que dá vida a Cosmo Brown, melhor amigo de Don Lockwood. Ele é o assumido alívio cómico do filme, apesar deste ter momentos bastante engraçados por si só, e, apesar da atuação ser um tanto “over the top”, em nenhum momento cria a sensação de exagero. Pelo contrário, muitas vezes dá um ânimo apropriado para avançar para o próximo segmento. Um claro exemplo é o tema “Make ‘Em Laugh”, que se tornou um dos mais icónicos da sétima arte. É um momento simples, que ajuda tanto a história a avançar como consegue resumir bem a personalidade da personagem em questão.

Falando em temas, fazer uma crítica e não mencionar aquele que dá nome ao título do filme seria uma blasfémia. “Singin’ in the Rain” é, simplesmente, imortal. Com pouquíssimos cortes, o que contribui para uma fluidez menos mecanizada, esta cena representa o suprassumo da felicidade, carregada de amor, leveza, humor e delicadeza. Nada grita mais nostalgia.

Singin’ in the Rain é um filme que se tornou sinónimo de amor, tanto devido à história como também fora dela. Uma carta de amor à “velha velhinha” Hollywood que se tornou numa inspiração em si para as seguintes gerações. Um filmaço, simplesmente fantástico.

5/5
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