Ranked: Minions Universe

de Pedro Ginja

Foi através de um conceito criado por Sergio Pablos, antigo animador da Disney, que nasceu este universo de filmes de grande sucesso. Na primeira iteração a personagem de Gru, como um anti-herói claramente inspirado em Drácula, já existia mas a ideia dos lacaios era muito diferente da conhecida actualmente – eram ogres gigantes. Após partilhar a sua ideia com a direcção dos estúdios Illumination esta acabou por chegar, mais tarde, às mãos dos futuros realizadores do primeiro filme, Pierre Coffin e Chris Renaud. Estes lacaios precisavam de algo mais e a solução foi encontrada rapidamente. Esta passou por os tornar mais apelativos às crianças e acima de tudo mais brincalhões mas sem nunca perder o sentimento de adoração e respeito pelo seu chefe. Adquiriram, por isso, uma natureza infantil, irresponsável e sempre capaz de cumprir qualquer ordem de Gru sem hesitação. O seu amor por Gru era incondicional e por isso era fácil para o espectador gostar dele da mesma maneira. A ideia original sofreu inúmeras mutações acabando por incorporar características de personagens famosos do mundo do cinema como os Oompa Loompas, que também eles serviam o Mr. Wonka com igual reverência, dos Jawas, do universo Star Wars, pela sua determinação no cumprimento dos seus objectivos e, finalmente, nos antigos cartoons da Warner Bros, pelas situações inusitadas e o humor slapstick que tanto os identifica. Após estas inspirações foi natural a sua transformação para uma dimensão pequena, excelente para criar o contraste com o seu chefe, Gru, de grandes dimensões, e para aumentar o factor inocente e caótico que os identifica.

De uma aparência inicialmente pensada como robótica, pois explicaria melhor a sua capacidade inata de cumprir ordens sem pestanejar, cedo se percebeu que uma criatura orgânica criaria uma melhor ligação ao espectador e foi assim que, finalmente, se chegou à sua forma final.

E porque são amarelos? As respostas a este enigma são muitas e variadas por essa internet. Seja qual for a razão, a verdade é que são de tal maneira relevantes que até tiveram direito ao seu próprio código de cor na escala de cores Pantone (Código – 13-0851 TPG), responsável mundial pela estandardização de cores. A escolha não poderia ter sido mais perfeita.

As gargalhadas podem ser um exclusivo quase na totalidade da acção dos Minions ou do muito bem explorado contraste com Gru, o seu chefe que acaba por criar as melhores e mais inesquecíveis sequências da saga, mas a razão por que esta franchise é tão adorada por todos sem excepção é outra bem diferente. É tudo graças aos seus criadores por terem percebido que a história precisava de um coração a bater por detrás de toda esta caótica diversão, e encontraram-no na família que Gru construiu ao longo de todos estes filmes. Poderão ser Gru e os Minions as estrelas da saga mas é Margo, Edith, Agnes, desde o início, Lucy, desde a sequela, e Gru Jr, neste último capítulo, que tornam este multiverso tão real e próximo para tantos espectadores por esse mundo fora.

E sem mais demoras, antes que fique demasiadamente emocional, passemos à lista, por ordem decrescente, dos melhores filmes do “Multiverso Minion”:

6. Despicable Me 3 (2017)

“Face it, Gru! Villainy is in your blood!”

Esta é uma lista em que a qualidade não varia muito e a posição no top está dependente de pormenores que tornam um melhor ou outro pior. Este terceiro filme da saga parece sofrer do mal que afecta qualquer franchise de cinema vindo de Hollywood: o cansaço e a constante repetição de tudo o que o tornava especial até à exaustão. Poderá ser do argumento centrado num irmão gémeo separado à nascença onde tudo é como se esperava ou o humor desinspirado repetindo o já visto nas anteriores sequelas mas é a perda da sua essência familiar, como coração da história, a sua principal falha. Sem surpresas, por isso, de Despicable Me 3 estar no último lugar deste top.

5. Minions (2015)

“Banana!”

A prova de que muita quantidade de uma coisa boa se pode tornar má. É certo que temos a maior quantidade de gags de todo o multiverso Minion, e algumas das suas melhores e mais elaboradas sequências de acção e comédia física, mas o argumento desconexo e a falta de Gru (claramente essencial para ancorar a história) acabam por afastar os espectadores mais investidos emocionalmente. Não é por acaso que a sequela de Minions, Minions: The Rise of Gru (2022), recupera a personagem icónica.

4. Despicable Me 4 (2024)

“Wait a minute! Three girls. One wife. Something is missing.”

O mais recente filme da franchise falha o top 3 por uma unha negra mas a verdade é que pouco faz ou arrisca para ultrapassar ou mesmo igualar o que veio antes. Cumpre no principal requisito a que se propõe, um tempo divertido na sala de cinema, com inúmeras sequências hilariantes, uma história simples na execução e na duração mas esperava-se muito mais. Pode continuar a ser perfeito para os mais pequenos mas é apenas sofrível para quem os acompanha na sessão.

3. Despicable Me (2010)

“When we got adopted by a bald guy, I thought this would be more like Annie.”

A decisão de colocar o primeiro filme apenas na terceira posição poderá ser a decisão mais polémica deste top mas é a escolha inevitável para quem descobriu a saga não enquanto criança mas já em plena fase adulta, como é o meu caso. Para além do factor surpresa de vermos este universo pela primeira vez ou do imenso poder nostálgico de o experienciar em criança tudo neste filme é inferior quando comparado ao que encontramos nos primeiros dois lugares deste top. Nada de errado por aqui.

2. Minions: The Rise of Gru (2022)

“Shoot for the moon, kid. Shoot for the moon.”

Depois de duas desilusões em Minions e Despicable Me 3, esta sequela (ou melhor prequela) foi o regresso à boa forma e a alguns dos melhores momentos da saga. A escolha do argumento em voltar ao passado, neste caso aos loucos anos 70, foi uma escolha inteligente que permitiu recuperar a atenção dos seus fãs mais adultos, sem perder o fascínio inegável dos mais novos, dando à saga a frescura que ela tanto precisava. Uma verdadeira lufada de ar fresco.

1. Despicable Me 2 (2013)

“Just because everybody hates it doesn’t mean it’s not good.”

Como diria o grande Dominic Toretto, noutra famosa saga, “It’s all about family” e essa poderá ser a principal razão porque Despicable Me 2 conquista o primeiro lugar, como o melhor filme da saga. Tudo porque a ênfase recaí sobre a relação de Gru com as suas filhas, também elas aqui mais do que meros acessórios do argumento com as suas próprias narrativas pessoais, e pela introdução de um interesse amoroso, Lucy, que abre novas possibilidades, ainda inexploradas, para a personagem de Gru. A isto juntar sequências de acção impressionantes e uma infinidade de momentos surpreendentes sem perder nada do que torna a saga especial (sim, os minions claro) são razões mais do que suficientes para o tornar este segundo capítulo o melhor filme da saga.

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