Depois de O Lobo Solitário ter sido integrado na shortlist de Melhor Curta-Metragem para os Óscares, o realizador, Filipe Melo, e o ator Adriano Luz participaram num Q&A onde se discutiu a produção do filme, o processo do ator para carregar o filme na sua totalidade e como se está a viver a reação positiva ao filme.
O realizador conta que se tinha esquecido completamente do anúncio da shortlist e que foi um choque total ver o filme incluído, referindo que nunca lhe tinha passado pela cabeça que tal pudesse acontecer. Explica que procurou um projeto que pudesse construir com um ator e uma câmara num plano-sequência, praticamente sem financiamento e muito prático, e a isto juntou a sua paixão pela rádio local portuguesa, contando que passou algumas noites na Rádio Voz de Alenquer, onde captou algumas das chamadas que integram O Lobo Solitário.
Quando questionado sobre o papel da sua experiência no teatro para interpretar o radialista, Adriano Luz explica que, apesar do teatro ser uma ferramenta útil, o cinema pede outro tipo de dinâmica, pede um constante namoro com a câmara e relação com a sua presença. O ator fala ainda do que o levou a participar no projeto, contando que foi motivado pelo facto de não só conhecer Filipe Melo, mas também pelo desafio de se agarrar a uma personagem que apelida de “negacionista” e que está permanentemente a esconder-se de si própria.
Ainda houve tempo para o realizador contar a história de como acabou a trabalhar com o engenheiro de som de filmes como Prometheus (2012), Paddington (2014) e Captain Philips (2013), fruto de um mero acaso de um amigo que conhece um amigo, fazendo questão de deixar vincado que “nem sempre as pessoas mais talentosas são assim tão indisponíveis”.
Quando questionado sobre de que forma o filme mudou durante as gravações e a montagem, Melo confessa que apesar de alguuns detalhes visuais serem diferentes dos inicialmente imaginados, a vasta maioria do filme mantém-se como foi pensado, maioritariamente porque, segundo o realizador e argumentista, dado que não tem muitas oportunidades de fazer filmes – não por falta de vontade –, prefere preparar e planear tudo intensivamente, para evitar qualquer tipo de percalço.
Já na reta final, quando questionado se gostaria de transformar a sua curta-metragem numa longa-metragem, Melo defendeu o formato, dizendo que não o utiliza como prova de conceito e que para contar esta história em específico, esta foi a forma apropriada, reforçando que não há qualquer plano de um desenvolvimento do projeto para uma longa-metragem.
Saberemos se O Lobo Solitário será nomeado para o Óscar de Melhor Curta-Metragem no dia 24 de Janeiro.