Meg Altman (Jodie Foster) muda-se, depois de uma separação, com a sua filha para uma casa para lá de generosa. Contudo, a meio da noite ambas são surpreendidas por uma invasão por parte de três bandidos. Elas escondem-se numa sala de pânico (à qual o título se refere), mas o grande problema instala-se, pois o que os três bandidos querem está dentro daquelas quatro paredes, onde mãe e filha se refugiaram.
O filme conta com um elenco composto por Jodie Foster, Kristen Stewart, Jared Leto, Forest Whitaker e Dwight Yoakam, e foi realizado pelo mestre dos thrillers, David Fincher.
A palavra que define este filme é: imprevisibilidade. Tanto no que toca à ação dos intervenientes como até em aspetos técnicos como por exemplo os movimentos de câmara que impedem que se crie uma sensação de estarmos a assistir a uma peça de teatro. David Fincher soube ditar o ritmo do filme e utilizar os espaços que tinha à sua disposição para criar tensão ou alívio. Por exemplo, a sala do pânico em alguns momentos dá-nos a sensação de segurança, mas consoante as adversidades que são impostas às personagens, consegue tornar-se claustrofóbica e perigosa, como acontece quando os bandidos decidem meter gás dentro da sala através da ventilação.
Esta imprevisibilidade funciona tanto para os invasores como para os invadidos, uma vez que os primeiros, por um lado, viram os seus planos totalmente trocados a partir do momento em que se apercebem que há pessoas em casa, quando não era suposto, e também quando a pessoa que orquestrou o plano decidiu trazer um completo lunático para o assalto.
As interpretações são de excelência, até mesmo a performance mais exagerada de Jared Leto encaixa-se muito bem no contexto. Apesar de todo o elenco estar nos conformes, o arco narrativo mais interessante, e que oferece mais camadas, é o da personagem de Forrest Whitaker. Fincher obriga-nos a criar empatia com este bandido, muito devido à sua motivação de ali estar e os limites que ele estabelece para si próprio, mas, por outro lado, esta personagem é o que ativamente cria ideias para tentar tira-las da sala do pânico, o que acaba por nos deixar com aquela sensação de ‘’não é má pessoa, simplesmente fez más escolhas’’, e nos tempos que correm, torna-se relevante relembrar que nem toda a gente que comete erros na vida é necessariamente má pessoa.
Agora, se forem ver o filme à espera de grandes questões filosóficas e de personagens com uma profundidade incrível, as chances de se desiludirem vão ser grandes, pois a relevância do arco narrativa da personagem supramencionada acontece de modo circunstancial, o que neste caso não é um demérito, pois o suspense é aquilo que reina nesta longa-metragem. A questão em causa é óbvia, duas pessoas inocentes contra três homens que, apesar de terem tido alguns percalços, tinham um plano e claramente sabiam o que estavam a fazer para além do facto de um deles ser um lunático, tornando a ameaça muito mais real.
Panic Room pode não ser um dos melhores da filmografia de David Fincher, mas não deixa de ser um grande suspense que usa formas criativas para nos deixar na ponta da cadeira – ou do sofá -, conseguindo manter a qualidade durante toda a sua duração, sem se tornar repetitivo tanto a nível narrativo como em termos de aproveitamento dos lugares em que as cenas se passam.