Olivia Rodrigo: driving home 2 u (2022)

de Antony Sousa

Olivia Rodrigo: driving home 2 u é um documentário que conta na primeira pessoa a história de cada faixa do álbum de estreia da nova artista sensação do mundo da música.

Driver’s License entrou nos ouvidos de todos nós à velocidade dos tempos que vivemos, de rompante. Sem ainda conhecer nada mais do que essa canção, Olivia Rodrigo já se tinha tornado num nome incontornável de pesquisa e produto da curiosidade. Na verdade, estamos a falar de uma rapariga que recentemente completou 19 anos, e como em qualquer ascensão meteórica de uma ou um adolescente, o risco de danos colaterais no seu crescimento como pessoa é elevado. Este filme apesar de não ser muito profundo nem ter o grau de intimidade e proximidade que tem por exemplo o documentário Billie Eilish: The World’s a Little Blurry (2021), dá-nos esperança de um futuro mental saudável para a jovem Olivia. 

Tanto nos é dado a conhecer uma rapariga com imensa sensibilidade para os assuntos mais delicados da vida, fundamentalmente emocionais e amorosos, já que o álbum se baseia num desgosto que lhe partiu o coração, como também nos dá a imagem de uma adolescente que tem inseguranças, sonhos, medos, e está à procura de se conhecer melhor e a partir daí fazer o que mais gosta da forma mais honesta possível: compor música e cantar.

Este driving home 2 u pode ser descrito como uma fusão entre o documentário Folklore: The Long Pond Studio Sessions (2020) relativo ao álbum Folklore de Taylor Switft, e o documentário Songwriter (2018) sobre o processo criativo do último álbum de Ed Sheeran. Temos a oportunidade de ouvir versões novas de todas as músicas de Sour, além de ouvir a história e motivações por detrás de cada letra, e conhecer um pouco do trabalho de estúdio desenvolvido para a criação do projeto.

É bonito e inspirador ver como uma jovem pegou numa das fases mais tristes da sua ainda curta vida, e transformou em arte, expressando genuinamente tudo o que sentia de forma criativa, de coração aberto. Isto é feito de uma forma bastante simples, sem espalhafatos, normalmente com uma só pessoa em estúdio com ela, longe de se imaginar que o impacto seria este que conhecemos hoje. É mais uma prova do lado positivo da velocidade com que podemos ter acesso a matéria-prima atualmente: o aparentemente inacessível acontece num instante.

Vale muito a pena ver este documentário para quem é apreciador das músicas de Olivia Rodrigo, vale claramente a pena para quem é interessado em música no geral, e vale a pena ver para quem, mesmo não sendo particularmente fã do seu trabalho, tem curiosidade em perceber como pode nascer uma estrela nos tempos modernos. Não existe nada de novo no formato, não é transcendente, mas é tudo coerente com o registo que a artista nos apresentou, com bom gosto independentemente de se gostar mais ou menos do estilo musical, bem editado e dinâmico, sem perder tempo com coisas que seriam acrescentadas para tornar o filme mais espalhafatoso e longo. 

3.5/5
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