Old Henry (2021)

de Guilherme Teixeira

Old Henry é um faroeste escrito e realizado por Potsy Ponciroli, e protagonizado por Tim Blake Nelson, na personagem de Henry, um simples agricultor que resgata um homem ferido (Scott Haze), carregado com uma mala de dinheiro e uma arma. Imediatamente, visitas indesejadas chegam à procura desta pessoa, colocando Henry perante um dilema: proteger o desconhecido e arriscar a sua vida e a do seu filho ou entregá-lo à morte.

Tim Blake Nelson superou-se neste filme com uma grande atuação, atribuindo vida a alguém que, no início, parece ser apenas um agricultor com uma visão meio fechada sobre a vida, mas à medida que a história vai avançando, percebemos que existe algo mais que não está a ser contado.

Esta longa-metragem não se propõe a trazer nada de novo ao género, funcionando como uma espécie de homenagem aos grandes clássicos de western, ainda assim, apesar das referências, mantém uma identidade própria na sua história e execução, felizmente, pois a qualidade de um filme não é medida por referências a clássicos. 

Durante o percurso do filme, entramos numa onda de secretismo onde paira uma desconfiança que nos vai amordaçando a cada minuto que passa mas, infelizmente, é cortado pelo timing de certas revelações que teriam sido, possivelmente, beneficiadas se mantivesse o mesmo nível de suspense até ao final. 

Este aspeto é refletido, também, no argumento de Ponciroli, que toma alguns atalhos para criar suspense, como por exemplo na personagem do filho de Henry, Wyatt (Gavin Lewis), que, apesar da sua idade e inocência perante o perigo, toma algumas atitudes parvas e testa o limite para suspensão da descrença. A interpretação do ator também está consideravelmente abaixo do nosso protagonista, o que não ajuda as suas ações. 

A pouca presença da banda sonora não faz jus à ambientação da história, distanciando-se do género do faroeste. Não é necessário fazer um tributo às criações musicais clássicas western, mas tendo em conta todas as referências que este filme contém, acaba por ser um ponto baixo nesta longa-metragem que necessita de uma banda sonora marcante em muitos momentos para fazer-nos esquecer algumas das debilidades da história. 

Ainda assim, o apelo emocional deste filme compensa estes aspetos desapontantes, fazendo-nos sentir e abraçar aquilo que transmite. É a história de um homem que já viu demasiado e que, ao não conseguir encaixar-se na sua nova realidade, sentiu necessidade de se esconder e ser estrito com aqueles que mais amava, fazendo a sua vida e protegendo aqueles que o rodeavam, enquanto tentava esquecer o caminho que tomou até ao seu presente. No fundo, é sobre a declaração de paz entre o protagonista e o seu passado.

Old Henry teve a sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Veneza de 2021.

4/5
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