MOTELX 2022 – Primeiras Novidades da 16ª Edição

de Pedro Ginja

Decorreu no dia 19 de Julho, no Cinema São Jorge, a apresentação da 16ª Edição do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. Foram muitos os que responderam e marcaram presença nesta primeira apresentação pública do evento, que tem lugar entre os dias 6 e 12 de Setembro de 2022.

Depois de uma recepção calorosa com um cocktail temático cheio de referências ao cinema de terror, na sala 3 do Cinema São Jorge fomos recebidos pelos anfitriões da noite, Pedro Souto e João Monteiro, directores de programação do festival desde a sua génese em 2007. Pedro Souto apresentou o spot publicitário deste ano, que é já uma das grandes imagens de marca do festival, também ele uma micro-curta de grande qualidade.

Como já tem sido hábito nas edições anteriores, o festival traz de novo um Warm-Up de excelência, de 1 a 3 de Setembro, com três eventos muito distintos, espalhados pela cidade de Lisboa, todos eles de entrada livre:

  • Homenagem ao centenário de Nosferatu (Alemanha, 1922) de F.W. Murnau com uma experiência sonora e visual imersiva inspirada no imaginário do filme, um dos primeiros grandes clássicos do terror, no Convento São Pedro de Alcântara;
  • Sessão de Cinema ao Ar Livre no Largo Trindade Coelho com What We Do in the Shadows (Nova Zelândia, 2014) de Jermaine Clement e Taika Waititi;
  • Projecção de O Fauno das Montanhas (Portugal, 1926) de Manuel Luís Vieira, acompanhado por música ao vivo da Orquestra Metropolitana de Lisboa, no Palácio Pimenta – Jardim do Museu de Lisboa. Esta sessão conta com a co-produção do Projecto FILMar, promovido pela Cinemateca Portuguesa — Museu do Cinema e com apoio do EEA Grants, cujo objectivo é preservar, digitalizar e divulgar dez mil minutos de filmes nacionais que tenham uma relação com o mar.

Uma das prioridades do MOTELX é a promoção e divulgação do cinema de terror português e por isso este ano, com a colaboração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), continua a dar o maior prémio monetário para a melhor curta-metragem de terror portuguesa com o recém-baptizado Prémio SCML MOTELX – Melhor Curta Portuguesa. Este é um sinal claro por parte da SCML, do incentivo para a produção cinematográfica de terror em Portugal, sem medos. Com 12 filmes no total a concurso, há que destacar a presença de 3 mulheres realizadoras, com a repetente Inês Albuquerque com Vara (2022) e as estreantes Joana Correia Pinto com Matrioska (2022) e Carolina Aguiar com Uma Piscina (2022), mais um sinal da aposta do festival em lutar para mudar sensibilidades na indústria do cinema, ainda mais vincado no género do terror.

João Monteiro fez a apresentação das várias longas-metragens que irão marcar presença no festival. Destaques para o regresso de Dario Argento com o filme Dark Glasses (Itália/França, 2022); para a tão aguardada estreia nacional de Os Demónios do Meu Avô (Portugal/Espanha/França 2022) de Nuno Beato, longa-metragem de animação que mistura 2D e stop motion, que teve o seu teaser e uma exposição patente na última edição do MONSTRA – Festival de Animação de Lisboa; para o mais recente filme de Michel Hazanavicius, o Final Cut (França/EUA/Japão, 2022) com Romain Duris no elenco, e que acompanha uma equipa de filmagens num filme de zombies que é atacado por verdadeiros zombies; e ainda Holy Spider (França/Alemanha/Suécia/Dinamarca, 2022) de Ali Abbasi, uma história verídica de um serial killer iraniano que matou 19 prostitutas, jurando ser o seu dever purificar as ruas de pecadoras, inspirado na história de Jack, o Estripador.

E o MOTELX não seria o MOTELX sem eventos ligados a outras artes, neste caso a literatura, com o lançamento do livro “O Quarto Perdido do MOTELX”, uma retrospectiva dos filmes de terror lançados em Portugal entre os anos 1911 e 2006. Um grande trabalho de recolha dos filmes que marcaram este período quase centenário da presença do género de terror em Portugal. Segundo as palavras de Pedro Souto e João Monteiro “encerra uma década de pesquisa iniciada em 2009, à procura das raízes de um hipotético terror nacional”.

É nesse seguimento que na secção “Quarto Perdido” se celebra Paulo Branco, o maior produtor de cinema português, com três filmes listados no livro, e nunca exibidos no festival. São estes O Convento (1995) de Manoel de Oliveira; O Fascínio (2003) de José Fonseca e Costa; e Coisa Ruim (2006) de Tiago Guedes e Frederico Serra. Todos partilham a matriz do terror português com o uso do folclore e tradições seculares do país. Paulo Branco marcará também presença no festival para falar das suas experiências como produtor neste género cinematográfico.

A secção para os mais novos, “Lobo Mau”, irá ter actividades (como o Peddy Paper que esteve parado durante dois anos), workshops criativos, ateliers e claro, sessões de cinema, longas-metragens de animação e os Sustos Curtos, uma compilação de filmes para mostrar o lado divertido do terror.

Importante ainda referir o microCURTAS, cujas inscrições estão abertas até ao dia 1 de Agosto. O desafio é a criação de filme de terror de 2 minutos, que seja exclusivamente filmado com telemóveis, tablets, smartphones ou webcams. Após a avaliação do júri numa sessão especial durante o Festival, a curta-metragem vencedora será exibida na Sessão de Encerramento do MOTELX.

No final da apresentação João Monteiro revelou três sessões especiais com a exibição do primeiro filme de terror português, Os Crimes de Diogo Alves (Portugal, 1911), um cine-concerto em parceria com o Teatro São Luiz e a Casa Bernardo Sassetti, com acompanhamento musical ao vivo pelo Combo da Escola Superior de Música de Lisboa, com uma partitura original da autoria de Bernardo Sassetti. E, uma das últimas grandes surpresas foi a revelação da descoberta de um filme perdido de José Mojica Marins, o pai do cinema de terror brasileiro, de nome A Praga (Brasil, 2021). O eterno Zé do Caixão, nos nossos corações, está de regresso ao festival com um novo filme após o seu falecimento no ano de 2020; seguido do complemento A Última Praga de Mojica.

Em colaboração com a NOS Audiovisuais, houve ainda a exibição do último filme de Alex Garland – Men (Reino Unido, 2022), interpretado por Jessie Buckley e Rory Kinnear. Após um interregno de 4 anos na realização, Garland regressa com a história de Harper (Jessie Buckley) que se retira para o campo, sozinha, depois de uma grande tragédia, para um período de reflexão e cura. Acaba no entanto por ser perseguida por alguém, e o que começa como um receio termina num verdadeiro pesadelo para os sentidos.

Men, de Alex Garland

Com ainda muitas surpresas e novidades para revelar (promessa dos directores de programação), o MOTELX volta a invadir de terror a cidade de Lisboa, de 6 a 12 de Setembro. Estamos todos preparados!

Para mais informações, acompanha o site do MOTELX em www.motelx.org.

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