O regresso do MOTELX. Após dois anos de precaução contra a pandemia, com salas rapidamente esgotadas devido ao limite de entradas, e utilização obrigatória de máscaras, o Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa celebrou de 6 a 12 de Setembro, a sua 16ª Edição com uma aura de liberdade espalhada pelo Cinema São Jorge e um sentido de aventura na sua programação, com diversos objectivos imbuídos na sua agenda e eventos, sendo um dos principais: divulgar e promover o cinema de terror nacional.
Para além do famoso Prémio SCML MOTELX para Melhor Curta Portuguesa, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, esta edição entregou uma Masterclass com Paulo Branco, produtor das três longas-metragens de terror portuguesas exibidas na secção Quarto Perdido, como Coisa Ruim (2006), O Convento (1995) e O Fascínio (2003); adicionou a presença de dois filmes portugueses e uma coprodução entre Espanha e Portugal em competição para o Prémio Méliès d’Argent – discutidos mais tarde neste artigo – e ainda várias produções lusitanas nas Sessões Especiais. Nesta semana, a Bandeira do MOTELX foi erguida com orgulho nacional.
Apesar da divulgação do cinema português ter sido um dos principais alvos, esta semana revelou uma ambiciosa abrangência na sua programação, preenchida com filmes, eventos e surpresas que expandiram o ponto de diversidade deste género cinemático e das equipas criativas responsáveis pelas obras exibidas nestas salas. Uma missão sentida pelas audiências regulares do MOTELX e pelos novos aderentes.
Desde a sessão de abertura até à exibição da longa-metragem vencedora do Prémio Méliès d’Argent, o Fio Condutor marcou presença diária nesta edição do festival e apresenta aqui os seus destaques.
Terça-Feira, dia 6 de Setembro
A primeira sessão do festival trouxe Satan´s Slave 2 : Communion (2022) realizada por Joko Anwar, o maior nome do actual terror da Indonésia. O sucesso de bilheteira local prenunciava já esta sequela mas a história deste filme começa nos anos 80, num clássico de exploitation local chamado Satan´s Slave (1982). Muito forte e eficaz na criação de uma atmosfera de verdadeiro terror, o uso de fósforos e do que se mostra e esconde, contribui ainda mais para reforçar esse medo primordial do escuro.
Para comemorar esta primeira noite do MOTELX, foi servido um bolo “sangrento” especial para os visitantes do festival, acompanhado por um copo de Jameson Orange, perfeito para a sessão de abertura desta edição. A comédia de terror, Bodies Bodies Bodies (2022), destacou-se como um dos maiores sucessos desta semana, com a sala Manoel de Oliveira repleta de boa energia, gargalhadas e aplausos.
Noutra sala, totalmente esgotada e igualmente tensa, Speak no Evil (2022), a terceira longa-metragem de Christian Tafdrup, acompanha as férias em Itália de um casal dinamarquês que conhece outro casal, holandês, do qual nada sabe. Um convite para uma visita à Holanda surge naturalmente e o que parecia um “match made in heaven” lentamente se transforma num verdadeiro pesadelo. Esta primeira noite foi suficiente para recordar o público da diversidade no entretenimento que o MOTELX consegue oferecer, e iniciar esta viagem no Cinema São Jorge, com entusiasmo.
Quarta-Feira, dia 7 de Setembro
O segundo dia no MOTELX arrancou com uma sessão desconfortável, que invadiu a semana de Páscoa com mentiras, manipulação e toxicidade. Family Dinner (2022) segue a história de uma adolescente determinada em emagrecer, disposta aos métodos drásticos da sua tia, Claudia, uma nutricionista religiosa, autora de um Best Seller. O horror desta narrativa foca-se num ambiente tenso, capaz de partir os pratos da mesa, acerca do isolamento que uma pessoa com excesso de peso sente numa sociedade descontrolada com a criação de absurdas dietas novas.
Em seguida, a longa-metragem nacional de animação, Os Demónios do meu Avô (2022), preencheu a sala com uma audiência encantada por esta obra, demonstrando essa apreciação com fortes aplausos que permaneceram até ao fim da Q&A com o realizador, Nuno Beato. A história de uma jovem que regressa à sua casa de infância na paisagem transmontana, após a morte do seu avô, para restaurar e vender o espaço. Durante a sua estadia, descobre que está acompanhada por um grupo de demónios de barro modelados pelo seu avô, que ganham vida. No fim da sessão, o realizador revelou que o filme encontrou uma distribuidora, mas que aguarda confirmação de uma data de estreia nas salas de cinema.

Criatura de Os Demónios do meu Avô, de Nuno Beato ©Fio Condutor | João Iria
A segunda noite ficou concluída com a nova narrativa de Ali Abbasi, Holy Spider (2022), uma aterradora história verídica sobre a jornada de uma jornalista na sua investigação do “Spider Killer”, um assassino de prostitutas, que acreditava no seu dever de purificar as ruas. Um dos pedaços de cinema mais intensos desta semana com uma direção crua e tragicamente realista, que entrega uma das imagens mais marcantes do festival.
Quinta-Feira, dia 8 de Setembro.
Na curtas ao almoço – Secção X, a irreverência e a experimentação foram as palavras de ordem de toda a sessão. O destaque foi The Blood of the Dinosaurs (2021) em que o tio Bobbo ensina às crianças a origem do petróleo, misturando visuais simétricos, à la Wes Anderson, com stop motion de dinossauros durante a grande extinção e tudo parece assentar que nem uma luva.
Saudamos o regresso de Frederico Serra ao terror, após 16 anos, com Criança Lobo (2022) em que volta a explorar as lendas e contos populares do interior profundo de Portugal, com a história de uma criança gerada por uma entidade natural e que carrega consigo uma maldição. O regresso do terror “made in Portugal” às salas de cinema é sempre uma excelente notícia.

Frederico Serra e Equipa Criança Lobo ©Fio Condutor | Pedro Ginja
Na entrada do Cinema São Jorge, ao lado da sala 3, a Embaixada Real da Tailândia em Lisboa serviu um banquete delicioso para os visitantes deste festival como forma de promover a exibição de The Medium (2021), o regresso de Banjong Pisanthanakun, um dos celebrados realizadores de Shutter (2004), ao cinema de terror. O filme, dentro do subgénero found footage, explora uma família na região de Isan, no Nordeste da Tailândia, afectada com uma entidade maligna escondida numa herança espiritual.
A terminar a noite, Dark Glasses (2022) prometia trazer a Lisboa o mestre do terror Dario Argento e a actriz principal Illenia Pastorelli, mas motivos de força maior impediram o encontro de Argento com o público português. Ainda assim, Illenia esteve presente numa conversa divertida perante uma sala esgotada. O filme surgiu de um antigo projecto que tinha sido colocado na gaveta, e acompanha Diana, uma jovem acompanhante que perde a visão num acidente e a sua relação com Chin, uma criança de quem se torna protectora. No seu encalce, um assassino que ataca prostitutas escolhe Diana como o seu próximo alvo.

Illenia Pastorelli, Dark Glasses ©Fio Condutor | Pedro Ginja
Simultaneamente, também numa sala esgotada, o MotelQuizz regressou ao festival após uma pausa de 2 anos, devido à pandemia, com o seu habitual ambiente descontraído e divertido, lotado de concorrentes entusiasmados pela possibilidade da vitória, mas principalmente pelo prazer de participar. Após umas horas de diversão, a noite continuou no Lounge do MOTELX, com música ao vivo e familiaridade à nossa volta.
Sexta-Feira, dia 9 de Setembro.
Novamente, nas curtas ao almoço, encontrámos uma mistura eclética de animação e a quebra de barreiras nas relações humanas. Em Wall#4 (2021) quebra-se a barreira física entre actores e espectadores numa sessão de cinema; Bestia (2021), um filme de animação stop motion, conta a história sombria de uma agente secreta e do seu cão durante a ditadura militar no Chile; e em Wild Bitch (2022) explora-se o fascínio pela fama e pelo sucesso profissional a qualquer custo com consequências trágicas. As curtas terminaram com Buzzkill (2022), uma animação tradicional sobre um encontro amoroso perfeito entre Becky e Ricky, interrompido pela inconveniência de algo entrar no olho de Becky.
Outra agradável surpresa do festival foi Lesson in Murder (2022), que acompanha a relação entre um serial killer, Yamato, e um dos clientes do café onde trabalhava, com quem tinha uma relação de profunda amizade. Yamato reclama inocência de um dos 8 crimes do qual é acusado e pede a Kakei ajuda na descoberta da verdade. Uma história contida e muito complexa de uma investigação criminal e do jogo psicológico entre duas mentes brilhantes. Mais do que isso, é uma reflexão de como não conhecemos o que vai na mente de quem se senta ao nosso lado.
No painel – Descobrir o Terror em Portugal – conhecemos a Fábrica de Terror, um portal de informação e divulgação do terror feito em portugal, onde figuram dezenas de escritores, cineastas, músicos e ilustradores. A conversa contou com a presença de Susana Cruz (artista de efeitos práticos), João Estrada (realizador de cinema), Nuno Amaral Jorge (autor do livro “Os medos da Cidade”) e a dupla Inês Garcia e Tiago Cruz (autores de novela gráfica Sintra). Uma conversa franca e aberta acerca da falta de conhecimento dos portugueses sobre esta área; os preconceitos com que todos lidam no dia-a-dia face a outros temas mais comuns na sociedade; o esforço hercúleo da Fábrica do Terror a dar a conhecer novos autores emergentes na área e a necessidade de maiores apoios (estatais e de particulares) na divulgação do terror lusitano.

Painel Descobrir o Terror em Portugal, Fábrica do Terror ©Fio Condutor | Pedro Ginja
Em competição pelo prémio Méliès d’Argent, Wolfkin (2022) ou Kommunioun (título original) de Jacques Molitor, apresentou uma narrativa sobre uma mãe solteira, Elaine, a tentar criar um filho de natureza estranha no seu apetite e com diversos sinais de agressividade no seu comportamento. A direção mantém um ambiente clássico e directo na progressão do enredo, que recorda o cinema de terror clássico. No fim da sessão, o realizador participou numa Q&A com uma audiência curiosa em expandir os temas representados nesta obra.
A sexta-feira findou com duas longa-metragens igualmente divertidas por motivos diferentes. Na sala 2, um filme perdido português originário dos Açores – Hotel da Noiva (2007) – chegou ao MOTELX para uma sala cheia, 16 anos depois da sua única exibição no Coliseu Micaelense nos Açores em 2007, com a ajuda de Mário Roberto (Movimento Azoresploitation). “Enterrado” pelo realizador, para nunca mais ser visto, a história segue um grupo de turistas perdidos na floresta, que encontram refúgio num hotel abandonado, conhecido por ter sido palco de uma tragédia de casamento, agora assombrado por uma noiva que procura vingança com quem se cruzar no seu caminho. Hilariante, over-the-top, ridículo, intenso e resumindo em poucas palavras um verdadeiro filme de culto do qual Tommy Wiseau ficaria orgulhoso.
Na Sala Manoel de Oliveira, as gargalhadas surgiam propositadamente pela comédia negra, Silent Night (2021). Uma obra que consegue atingir um balanço entre mainstream com doentio, entregando pleno terror escondido atrás de humor seco britânico, tornando a suas ideias profundamente assustadoras num comprimido fácil de engolir. O elenco de luxo, como Keira Knightley, Matthew Goode e Annabelle Wallis, preenche uma mesa de jantar repleta de famílias e amigos, preparados para um jantar de Natal diferente do tradicional.
Sábado, dia 10 de Setembro.
O fim-de-semana começou no festival com o culminar de um esforço duradouro em entregar terror luso às audiências, pela equipa do MOTELX. Na sala 2 sucedeu a antecipada apresentação e lançamento oficial do livro O Quarto Perdido do MOTELX – Os Filmes do Terror Português (1911-2006), coordenado por João Monteiro e Filipa Rosário. Uma compilação de textos escritos por vários autores sobre diversas narrativas cinemáticas nacionais dentro deste expansivo género do terror; esta missão iniciou na terceira edição do festival com a inauguração da secção do Quarto Perdido, determinada a encontrar e divulgar o cinema de terror português, e finaliza com um trabalho de mais de uma década, transcrito nesta obra literária. Através desta iniciativa, atingiram descobertas como: um dos primeiros filmes portugueses é sobre o serial killer do Aqueduto; o primeiro filme de terror português realizado por uma mulher ocorreu nos anos 40′, e que em Lisboa houve um pequeno boom de filmes exploitation; uma dedicação impressionante que criou uma nova perspectiva sobre o nosso passado cinematográfico. A conversa que ocorreu entre João Monteiro, Filipa Rosário e o director da Cinemateca Portuguesa, José Manuel da Costa, dirigiu-se precisamente por esses temas e ideias, focando-se na preservação do cinema português e da sua história.

Lançamento do livro “O Quarto Perdido do MOTELX” ©Fio Condutor | João Iria
Depois, os realizadores Aaron Moorhead e Justin Benson lançaram o seu novo filme, Something in the Dirt (2022), filmado durante a pandemia, protagonizado pela dupla de realizadores. Esta narrativa experimental aborda conceitos abstractos e emocionais de sci-fi acerca de dois homens que ao depararem-se com um fenómeno sobrenatural decidem capitalizar neste através das filmagens de um documentário. Estes criadores simbólicos do estilo DIY cinemático, ficaram para uma divertida Q&A no fim da sessão, partilhando as suas crenças, métodos de escrita/realização e esperanças futuras.

Aaron Moorhead e Justin Benson ©Fio Condutor | João Iria
A encerrar a noite, incluído no especial FILMar – O Terror e o Mar, Autumn Harvest (2014) uma curta-metragem com a “Morte” como protagonista e The Burning Sea (2021) em que o nosso impacto no ambiente tem consequências dramáticas, numa excelente surpresa de um blockbuster Norueguês que alia os excelentes efeitos especiais, a atenção ao pormenor no retrato da indústria petrolífera e a coragem em não escolher nenhum vilão na história mas apenas pessoas comuns a reagir perante uma imensa tragédia natural.
Enquanto na Sala Manoel de Oliveira, a audiência assistiu à estreia mundial de uma coprodução entre Espanha e Portugal, O Corpo Aberto (2022), realizado por Ángeles Huerta, acerca de um jovem professor em viagem para uma pequena cidade serrana na fronteira entre Espanha e Portugal para começar um novo emprego. À medida que o tempo passa, o desejo abre espaço para o fantasmagórico e estes habitantes começam a ser assombrados por mortes enigmáticas. O elenco e a equipa de filmagens marcou presença na sala, celebrando, juntamente com o público, o sucesso desta fábula de horror, que explora as fronteiras emocionais humanas.
Domingo, dia 11 de Setembro.
Este penúltimo dia no MOTELX criou um fio de antecipação para os seus momentos estrondosos finais, durante as sessões da tarde. Em Final Cut (2022) os zombies voltam ao festival neste remake de um filme de culto de Shin’ichirô Ueda – One Cut of the Dead (2017). A versão francesa, do galardoado Michel Hazanavicius responsável por The Artist (2011), acompanha uma equipa de filmagens durante a rodagem de um filme B sobre zombies. O realizador, odiado pela equipa, decide apimentar o filme com a libertação de uma verdadeira horda de mortos-vivos.
O build-up construído ao longo desta semana explodiu com o anúncio dos vencedores deste festival, antes da sessão de encerramento iniciar.

Jornal MOTELX ©Fio Condutor
VENCEDORES DO MOTELX 2022:
Prémio SCML Melhor Curta Portuguesa 2022
Menção Especial: REVERSO (André Szankowski)
Vencedor: VÓRTICE (Guilherme Branquinho)
Prémio Méliès d’Argent 2022
Melhor Curta Europeia: CENSOR OF DREAMS (Léo Berne e Raphaël Rodriguez)
Melhor Longa Europeia: SPEAK NO EVIL (Christian Tafdrup)
Prémio microCURTAS
Vencedor: O FANTASMA DA MINHA INFÂNCIA (Carolina Aguiar, Francisco Magalhães, Pedro de Aires)
Prémio do Público na secção Serviço de Quarto
Vencedor: DEADSTREAM (Joseph e Vanessa Winter)
No fim da entrega de prémios, a sessão de encerramento exibiu o chocante Resurrection (2022) de Andrew Semans, para uma sala esgotada, ansiosa e curiosa com os estranhos eventos desta narrativa sobre uma mulher que reencontra um homem do seu passado, com uma informação emocionalmente devastadora. Possivelmente, das melhores sessões de encerramento do MOTELX.
Em contraste com esta obra dramaticamente aterradora, The Seed (2022) apresentou uma creature-feature, onde um grupo de amigas recebe a visita de uma criatura alienígena caída do céu. A incerteza do que pretende a criatura domina o filme e transforma um fim-de-semana relaxado num verdadeiro pesadelo. Apesar de nem sempre saber o que fazer para avançar a história da melhor maneira, não desilude ao optar por um terror de série B e de se sentir um “cheirinho” a Cronenberg.
Segunda-Feira, dia 12 de Setembro.
O sétimo e último dia deste festival proporcionou uma oportunidade de revisitar alguns filmes ou experienciar pela primeira vez algumas das longas-metragens e eventos perdidos durante a semana. Nas curtas ao almoço, o melhor ficou guardado para o fim com Cruise (2022) de Sam Rudykoff, onde se analisa o fenómeno das chamadas fraudulentas numa sátira negra, com um operador de telemarketing a tentar oferecer um cruzeiro gratuito.
Keishi Kondo apresentou novamente o seu impressionante filme com um orçamento de 21 mil dólares, New Religion (2022), cujo ambiente pesado e aterrador funciona como um pesadelo preso num flash. A história de uma call girl, Miyabi, que se submete aos pedidos estranhos de um cliente, de fotografar pedaços do seu corpo. Inicialmente confusa com cada imagem sua retirada pela polaroid deste desconhecido, Miyabi perde lentamente a sua identidade e presença na realidade, entrando numa espiral de insanidade. Exigente perante a sua audiência, mas completamente digno dessa paciência; um dos favoritos desta edição do MOTELX.
Em Ashkal (2022), de Youssef Chebbi, uma investigação policial em plena “primavera árabe” revela um conjunto de mortes em que as vítimas se imolam voluntariamente. As alianças e ressentimentos na força policial, em pleno período de transformações profundas, acabam por elevar as tensões latentes. Misturando política com elementos sobrenaturais, este filme reflecte sobre as mudanças na sociedade pós-revolução árabe e na metáfora do fogo como purificação.
Desenvolvido por alunos do IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Inovação da Universidade Europeia, a experiência de realidade virtual do MOTELX – MOTELX Horror Island – é um jogo que envolve o imaginário do festival e a sua casa-mãe, o cinema São Jorge, e convida o jogador a tentar escapar de um São Jorge assombrado por monstros.
Ao anoitecer, o streamer mais popular da internet é cancelado e tenta reconquistar os seus seguidores com um novo plano de criar uma transmissão ao vivo, sozinho numa casa assombrada abandonada. Deadstream (2022) foi o vencedor do Prémio do Público e repetiu a sua exibição no último dia para uma sala eufórica em gargalhadas e gritos que confirmaram a razão da sua vitória.
José Mojica Marins regressou, inesperadamente, com um novo filme – A Praga – originalmente filmado em 1980. Permaneceu inacabado até 2007, ano em que foi recuperado, restaurado e finalizado por Eugénio Puppo, processo esse registado no documentário – A Última Praga de Mojica – que passou em complemento. Esta versão de 2021, com nova montagem e efeitos, trouxe sangue, nostalgia e muita saudade do maior mestre do terror em língua portuguesa.
O festival atingiu o seu desfecho com a longa-metragem vencedora do Prémio Méliès d’Argent, Speak no Evil (2022), que, tendo sido transmitido na primeira noite desta edição, criou um ciclo cinemático perfeito para encerrar este MOTELX.
A próxima edição está confirmada de 12 a 18 de Setembro de 2023, no Cinema São Jorge. Entretanto, estes dias comprovaram que o terror está em nosso redor e deve ser procurado. Esse desejo de encontrar novas obras permanece um dos incentivos da equipa deste festival na sua programação; prosseguiu até à criação de um livro sobre essa investigação da sétima arte e testemunha-se na audiência do MOTELX, sempre disposta a viver uma experiência inédita e desconhecida. Este ano, o festival recordou que o cinema é uma aventura por descobrir.
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