MONSTRA | 22º Festival de Animação de Lisboa

de Fio Condutor

A MONSTRA volta a andar à solta por Lisboa, no ano em que comemora o centenário do cinema de animação nacional, com a maior representação portuguesa de sempre em competição. O Japão é o país homenageado nesta 22ª edição, quando se contam 480 anos de amizade entre Portugal e a terra do sol nascente. Foi apresentada, dia 9 de fevereiro, na Sala 2 do Cinema São Jorge, a programação completa desta edição, que irá realizar-se entre 15 e 26 de Março de 2023.

O melhor do cinema de animação chega a Lisboa com 12 dias de programação, e revela um elenco de filmes, exposições, masterclasses e encontros irrepreensíveis, com muitos convidados especiais. Nesta partilha da arte, através do universo mágico e ilimitado da animação, vão ser exibidos mais de 400 filmes de todos os cantos do globo (perto de 50 países representados), no Cinema São Jorge – o epicentro da MONSTRA -, na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, Cinemateca Júnior, UCI El Corte Inglés e Cinema City Alvalade. Ao todo, contam-se 8 estreias mundiais, 17 internacionais e 70 nacionais. A abertura do evento realiza-se dia 15 de março, na Sociedade Nacional de Belas Artes, com inauguração da exposição site-specific do artista e realizador alemão Raimund Krumme.

O centenário da animação portuguesa irá marcar a edição deste ano, com uma viagem ao passado, ao presente e às possibilidades futuras do cinema de animação nacional. Há 100 anos atrás, o ilustrador Joaquim Guerreiro assinou o primeiro filme animado conhecido do país, O Pesadelo de António Maria (1923) e agora passado todo esse tempo Ice Merchants (2022), do realizador João Gonzalez, é nomeado para o Óscar de melhor curta-metragem de animação. Parece o fechar de um ciclo e o início de um novo recheado de conquistas e um sinal de um futuro brilhante. A celebração deste centenário, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, trará muitas novas produções nacionais como Nayola (2022), de José Miguel Ribeiro, Os Demónios do Meu Avô (2022) de Nuno Beato (depois de um primeiro teaser apresentado na última edição do festival) ambas na corrida da Competição de Longas-metragens.

Nas curtas-metragens a luta também vai ser de peso com dois candidatos aos Óscares na corrida, o nosso Ice Merchants e The Flying Sailor das canadenses Amanda Forbis e Wendy Tilby. Para o prémio SPA/Vasco Granja de melhor curta nacional teremos luta renhida entre 13 propostas onde destacamos Ice Merchants (em todas as frentes este ano), Garrano de David Doutel e Vasco Sá e o Casaco Rosa de Mónica Santos. Na Competição Perspectivas teremos outro candidato aos Óscares com My Year of Dicks (2022) de Sara Gunnarsdóttir e muitas outras curtas, como já vem sendo apanágio do festival, nas outras competições das Curtas-metragens de Estudantes, Curtíssimas e na MONSTRINHA, o braço direito do festival dedicado às crianças e às famílias.

Os 480 anos de amizade entre Portugal e Japão dão o mote para a homenagem deste ano, em que Fernando Galrito (diretor artístico do festival) ressalva “a riqueza, emoção, fantasia e poesia da sua animação”. Esta viagem começa nos mestres do início do Séc. XX (Wada, Tezuka, Yamamoto, Ofuji) e termina, nos dias de hoje, com um naipe da melhor animação nipónica contemporânea. Haverá, ainda, homenagem a Renzo e Sayoko Kinoshita. Koji Yamamura é um dos convidados do festival onde terá uma exposição de desenhos, será o curador de uma selecção de filmes dos mestres de animação japonesa e dará uma masterclass no Museu do Oriente. O legado e importância dos Estúdios Ghibli será celebrado com a exibição de 7 longas-metragens e uma surpresa especial – The Red Turtle (2016), primeira coprodução do estúdio com a Europa, realizado por Michael Dudok de Wit, que visita o festival para dar uma masterclass sobre o processo criativo deste filme. Teremos ainda a exibição de animes consagrados, como Akira (1988), Paprika (2006) e Demon Slayer: Mugen Train (2020). Para início do festival está reservada a estreia mundial de um filme criado expressamente para a MONSTRA, por jovens japoneses, com música ao vivo, e ainda a exibição exclusiva de Inu-Oh (2022), a mais recente obra de Masaaki Yuasa, considerada uma pérola entre os fãs de anime.

Fora da competição, destaque especial para o programa que revela criações vindas de países que partilham a língua portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal), nomeado AnimaCPLP. A sessão Animação Experimental, este ano, com a curadoria de Noël Palazzo, codiretora do festival Punto y Raya (Barcelona), apresenta uma seleção de filmes abstratos e animações produzidas no Japão, entre 2007 e 2021, onde são exploradas diversas técnicas, do desenho à mão ao stop-motion. Entre os históricos homenageados na MONSTRA, haverá um regresso à fundação da Walt Disney Company, há 100 anos, altura em que estreou a primeira curta-metragem do mestre norte-americano, Alice’s Wonderland (1923), recordada agora numa sessão MONSTRINHA, na Cinemateca Júnior. A sessão segue com títulos da mesma década: Steamboat Willie, de 1928 (a primeira curta da Disney sincronizada com som, onde se estreia o rato mais pop de todos os tempos, Mickey Mouse) ou The Skeleton Dance (1929). Peter Pan (1953), também da Disney, e Old Czech Legends (1953), de Jirí Trnka, comemoram 70 anos em 2023 e são revisitados no festival.

Em paralelo com o MONSTRA, durante todo o mês de Março, decorre na Cinemateca Portuguesa uma retrospectiva dos filmes de animação nacionais, para celebrar o centenário da animação portuguesa, iniciada com a exibição de O Pesadelo de António Maria (1923) até ao ano de 1985, com o filme Oh que Calma de Abi Feijó. Por outro lado, no museu da Marioneta teremos a exposição “Marionetas que Guardam o Tempo”, que mergulha no passado e presente da animação através dos acessórios usados para as filmagens de vários filmes. Duas oportunidades a não perder.

Como sempre teremos a MONSTRINHA, com mais uma edição de luxo, para o encanto de miúdos e de seus pais. MONSTRINHA Baby e MONSTRINHA Pais e Filhos, são alguns dos programas que vão preencher o fim-de-semana com curtas e longas-metragens. As sessões acontecem no São Jorge, Museu Nacional de Etnologia, Centro Cultural de Carnide e Centro de Artes de Sines. A MONSTRINHA Vai à Escola de 13 de Fevereiro a 10 de Março e o MONSTRINHA Escolas decorrerá durante o tempo do festival. Ambos têm já mais de 12.000 inscrições. Excelente sinal da importância da educação na cultura para formar cidadãos mais abertos à diferença e a outras maneiras de ver o mundo.

Fernado Galrito, indicou que esta é “uma MONSTRA que comemora centenários, mas que mantém o olhar e uma programação vanguardista, qual manifesto de imagens em movimento, de pensamentos e de arte”. O mote perfeito para terminar este artigo com o convite a marcar presença neste festival que foi, é e sempre será uma referência na divulgação de animação de todo o mundo. Por isso, não há que hesitar e marcar presença nesta 22ª edição da MONSTRA, de 15 a 26 de Março.

A programação completa e todas informações disponíveis podem ser encontradas em www.monstrafestival.com ou na app do festival.

0 comentário
3

Related News

Deixa Um Comentário