Pouco conteúdo, cenas de ação absurdas e problemas ecológicos que evocam a criatura marinha mais abordada no cinema: o tubarão. É isso que Meg 2: The Trench oferece. A longa-metragem, realizada por Ben Wheatley, é a sequela do sucesso de bilheteira de 2018, mas que ficou aquém do expectável. O filme acompanha uma equipa de biólogos marinhos, liderada por Jonas Taylor (Jason Statham), que pretende explorar as profundezas do oceano. Pelo caminho encontram uma empresa mineira que quer acabar com a sua missão. No fim, tudo se resume a uma luta pela sobrevivência.
Meg 2: The Trench é um filme confuso e pouco cimentado. As ideias surgem sem razão, movidas apenas pelo simples ato da história ter de acontecer. Desenvolver uma história da mesma forma como se faz a lista do supermercado é meio caminho andado para nada funcionar. E aqui, parece ser isso que sucede, porque tudo acontece sem uma justificação plausível para o espectador. Os protagonistas são, constantemente, colocados em situações de perigo forçadas que podiam ser justificadas pela ação, como acontece normalmente, mas o argumento parece meter as personagens a ir de um ponto para o outro apenas porque a cena necessita de ação. Há alguma razão para acontecer? Não, mas pelo menos há movimento.
Neste filme, encontramos uma exploração do fundo do mar, uma diversidade de criaturas marinhas e terrestres, e, ainda, um grupo de inimigos para os protagonistas terem com que se preocupar. Tudo isto na tentativa de criar um ambiente de extrema complexidade, mas que, na prática, só traz uma simplicidade que transforma as ideias ambientalistas do primeiro filme num discurso digno de um prémio. Estes aspetos impedem o espectador de se conseguir conectar com o filme, por mais interesse que tenha neste, porque é impossível não pensar na falta de respostas.
O segundo ponto a evidenciar é as incoerências na narrativa. Meg 2: The Trench enrola os acontecimentos, mostra cenas completamente desconectadas da história e, talvez, o mais grave disto tudo, foca-se em tudo menos no ponto central do filme: os tubarões. Aqui, estas criaturas marinhas, apenas têm oportunidade de dar nome à obra cinematográfica porque, de resto, não passam de meros figurantes que aparecem ocasionalmente para dar o ar da sua graça. Têm dois momentos de destaque, o que se reflete em poucos minutos de fama. Além disso, e falando destes animais, há mais uma característica que me parece ser importante mencionar. Sendo os megalodontes animais tão raros (segundo a narrativa do filme, isto é), é difícil de acreditar que apareçam logo três no mesmo sítio.
Mas, como nem tudo é mau, há que mencionar algumas características que estão bem conseguidas neste filme. Com um orçamento razoavelmente elevado, os efeitos especiais funcionam bem e é interessante assistir o trabalho de CGI feito para a criação dos tubarões. Como forma de distinguir estes animais, os designers criam feridas e desgastes para os tornar credíveis. Também a direção de fotografia tem momentos de grande destaque.
Meg 2: The Trench é um filme sem grande história. Se acrescenta muito ao espectador? Não. Se traz uma nova abordagem ao primeiro filme? Também não. Vale a pena ver? Talvez. Nem que seja para ter uma ideia geral de como poderiam ser estas criaturas marinhas na “vida real”. São 110 minutos de uma história que não conta grande história; com uma ação simplista, e, francamente, sem lógica; a tal lista de supermercado, onde os checks são feitos, mas as ligações entre acontecimentos ficam em segundo plano até serem, eventualmente, esquecidas (talvez, lá no fundo do oceano com os megalodontes, quem sabe?).