Magic Mike’s Last Dance (2023)

de Sofia Alexandra Gomes

Magic Mike’s Last Dance apresenta o protagonista Mike Lane (Channing Tatum) como barman na Flórida, dado que o anterior negócio o levou à falência. Contudo, Maxandra Mendonza (Salma Hayek), milionária que o conhece na cidade, apresenta-lhe a oportunidade irrecusável que é a de uma última dança do afamado Magic Mike em Londres. O terceiro filme do franchise chega às salas de cinema sete anos depois, perto do Dia de S. Valentim, com a promessa de entreter, mais uma vez, os espectadores. Será que é bem-sucedido? Melhor, “we’re gonna see if he still got some magic in that Mike” como foi dito no filme anterior, Magic Mike XXL (2015).

A narrativa começa com o presságio de um momento de entretenimento e comédia de qualidade, mas rapidamente essa sensação desaparece, basta esperar quinze minutos. Os papéis de Mike Lane e Maxandra Mendonza são medíocres, bem como a sua interpretação. Aliás, Salma Hayek ainda resvala para o mau, dado que nos “momentos tristes” que a personagem atravessa, a atriz revela um desempenho infantil, exagerado e incoerente. O enredo aproxima Maxandra e Mike de forma aclimatada através de uma conversa banal, mas engraçada, que dá azo a um átimo íntimo entre ambos protagonizado por Magic Mike através de uma das suas coreografias. Aliás, as performances de dança são os únicos bons momentos que encontramos, além da banda sonora que encaixa eximiamente, sendo, assim, o segundo bom aspeto do filme.

A continuação da história de Maxandra e Mike é um descalabro: ambos planeiam a última dança de Magic Mike de forma descontinuada, isto é, o empenho e a paixão de ambos nunca são síncronos, quer na sua relação que fica íntima ao longo do tempo, quer a nível profissional, e o filme não nos apresenta razões plausíveis para essa falta de sintonia entre os dois. Max atravessa algumas dificuldades familiares, principalmente concernentes ao processo de divórcio, tais como será gerido o dinheiro dele, mas esses argumentos não justificam nada, pois não têm qualquer tipo de cabimento ou conteúdo, principalmente no âmbito do tema que o filme tenta abordar: a emancipação feminina. Ficou-se pela tentativa e bem falhada.

O franchise Magic Mike celebrizou a dança de Channing Tatum com “Pony” de Ginuwine à qual sempre será associado, dado que é o momento certamente mais marcante da sequela (dentro do que esta promete) que o tornou um sex symbol, e ambos os filmes anteriores, nomeadamente o precedente, proporcionaram gargalhadas e divertimento para acompanhar… Não obstante, este último não passa de entretenimento reles, pois fora as coreografias incríveis, o soundtrack e o cenário algumas vezes, especialmente na primeira cena de dança de Mike Lane, tudo o demais não faz sentido: a história é nitidamente forçada, as personagens que aparecem no filme fora as supra não têm qualquer tipo de impacto (e as supra tem um impacto mínimo) que não seja notoriamente constrangido, como é o caso de Hannah (Juliette Motamed), ou então simples e pretensioso, visível em Zadie (Jamelia George), filha de Maxandra.

O grupo de strippers que compôs os outros filmes, ou seja, os amigos de Mike Lane, como Richie (Joe Manganiello) e Ken (Matthew Bomer), aparecem apenas uns meros minutos do filme, tendo uma aparição completamente estranha que denota que foi a única forma que a produção encontrou de os inserir, pois descartar o grupo seria inusitado. Contudo, inseri-lo sem cabimento também o é.

O pacing do filme é lento e injustificável, pois todos os impasses que aconteceram desembocaram num filme e num final banal que se mascara incessantemente de interessante e misterioso. Magic Mike’s Last Dance vem arruinar dois filmes bons de entretenimento, não extraordinários, mas bons. Expõe uma temática importante que é a da emancipação feminina (não apresentada nos filmes precedentes), personificada por Max e notória na “última dança” (menos inoportuna relativamente à última), mas fá-lo de forma inapropriada e de certa forma aleatória o que demonstra que falar de assuntos hodiernos [a emancipação feminina] só por falar não tem valor.

1.5/5
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