Inspirado num conto de George R. R. Martin, In the Lost Lands tem a assinatura do realizador Paul W. S. Anderson e conta a história de Gray Alys (Milla Jovovich), uma poderosa bruxa que conta com a ajuda de Boyce (Dave Bautista), um homem errante, para completar uma perigosa missão, a mando da rainha Melange (Amara Okereke), e capturar um poder mágico capaz de transformar qualquer pessoa num lobo.
Este é mais um filme para juntar ao catálogo de: “filmes do Paul W. S. Anderson que uma pessoa vê só para escrever uma crítica”. Pelo menos falta de consistência não nos podemos queixar, pois, tal como grande parte das suas obras, esta continua com um enorme subdesenvolvimento, personagens desinteressantes e um argumento que escolhe não explicar nada para poder manipular as cenas aleatoriamente e avançar com a narrativa conforme apetece no momento.
Apesar de apresentar um mundo dominado pela igreja, o filme escolhe nunca explorar o seu ambiente, ignorando totalmente o tema do fanatismo religioso, resumindo a discussão a um líder que acusa personagens de heresia, e descartando os potenciais conflitos de poder entre vários órgãos soberanos e as formas de manipulação das massas que os detentores desses cargos utilizam só para se manterem no poder, resultando numa história fútil com um mundo pobremente desenvolvido.
A sua estrutura narrativa é parecida com um jogo, e não digo isto em tom de elogio. Tudo se resume a levar os protagonistas a uma zona de conflito e resolvê-lo da forma mais simples possível, sem muitas consequências para o arco de cada personagem ou da narrativa no geral. É só cenas que seriam puro entretenimento numa PlayStation. Mas sendo um filme é impossível apreciar seja o que for, pois a estética aliada à sua edição insuportável, com quinhentos cortes por segundo, impedem qualquer compreensão do que raio se está a passar na tela.
In the Lost Lands também sofre de síndrome de Zack Snyder. Só faltava incluir slow motion nos créditos finais. Certo, confesso que posso estar a exagerar um pouco, mas quando um filme não acerta na grande maioria dos aspetos que tornam a experiência, no mínimo, suportável, abusar deste recurso cliché torna-se ainda mais irritante.
In the Lost Lands é só mais um filme de Paul W. S. Anderson, para encostar ao canto das suas outras obras sem qualquer tipo de inspiração, tanto em termos narrativos como em termos de composição de cenas. Uma história fraquíssima que não se sustenta no carisma dos protagonistas nem nas cenas de ação resumidas a constantes cortes e a uma estética demasiado obscura para qualquer tipo de compreensão.