Home Sweet Home Alone (2021)

de Guilherme Teixeira

Home Sweet Home Alone é uma produção exclusiva da plataforma do Disney+, realizado por Dan Mazer e protagonizado por Archie Yates, que teve a sua estreia de sonho em Jojo Rabbit (2019) mas encontra agora o seu primeiro percalço. 

Max (Archie Yates) é deixado sozinho em casa, depois da sua família viajar de férias para Tóquio, enquanto no outro lado da barricada, um casal é pressionado a vender a casa por questões financeiras e, no seu desespero, tentam recuperar uma relíquia familiar que acreditam ter sido roubada pelo rapaz. 

Quando um remake de um clássico é anunciado, a reação comum é apontar esse como desnecessário. Ironicamente, acredito que essa crítica é desnecessária, pois de certa forma, todos os filmes são dispensáveis até serem apresentados no grande ecrã, ou na pequena tela como é o caso de plataformas de streaming. Contudo, Home Sweet Home Alone tornou-se na exceção à regra. Se o argumento queria dar uma roupagem moderna ao clássico, protagonizado por Macaulay Culkin, lamento informar mas a recomendação mantém-se o original.

A construção deste filme não se enquadra na franchise do Home Alone pois o realizador foca-se demasiado em desenvolver os antagonistas e acaba por deixar pouco tempo para o Archie brilhar. Quando esse tempo é cedido ao protagonista, parece longe de extrair o potencial e carisma do rapaz. Um problema que está, claramente, na realização e não no jovem ator pois este demonstrou o seu talento em Jojo Rabbit (2019), com menos tempo de tela.

Obviamente, a barra de suspensão da descrença na audiência tem que ser alargada nesta franchise; o próprio filme original não é exatamente o mais credível nos seus eventos, ainda assim, existem limites que esbarram no bom senso e o argumento força desculpas inacreditáveis para que ninguém nesta família se tenha lembrado do rapaz, durante dois voos, mesmo tendo em conta que pelo menos num deles, a família teria de ter o seu bilhete. 

Outra questão confusa está na decisão do realizador em procurar simpatia do público perante o casal antagonista. Se o objetivo é criar preocupação com Max, convém justificar a ameaça, caso contrário, o resultado final é ver pessoas a caírem em armadilhas quase sobrenaturais. Num exemplo absurdo, Max atira garrafas de refrigerantes com mentos que agem como se tivessem uma espécie de GPS na rolha. É uma longa-metragem que abusa de piadas sem graça, com uma fase inicial que funciona como uma espécie de tributo aos filmes anteriores e um humor que rapidamente azeda como leite fora de validade. Se esta referência a leite parece demasiado específica é porque Home Sweet Home Alone possui um dos piores product placements no cinema, nomeadamente, usando uma marca americana, descaradamente como a única fonte de bebida destas personagens. 

O realizador foca-se, numa grande parte do tempo, em mostrar a nobre causa que levou o casal a estar nesta situação e a sua falta de preparação para os seus objetivos, atingindo um ponto em que a partir do momento que entram em casa, não existe qualquer instante ou pensamento do público que o plano de Max possa dar para o torto, atingindo uma conclusão insatisfatória.

Aspetos como um adulto cuja profissão está relacionada com tecnologia mas não consegue perceber óculos de realidade virtual ou a quantidade de vezes que repetem as mesmas piadas das personagens a escorregarem numa rampa, ultrapassam os limites da burrice neste argumento.

Home Sweet Home Alone é um filme sem qualquer brio, com um estilo de humor que não funciona, e acaba como um projeto sem alma ou carisma, desperdiçando um jovem talento apenas para dar espaço a uma história banal. Ignora aspetos da modernidade, como por exemplo as redes sociais, criando desculpas esfarrapadas e rezando para que a audiência não note. Pode ser a minha memória afetiva pelo clássico, mas é inevitável esta conclusão: Fiquem pelo original.

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