Holland (2025)

de Mercês Castelo-Branco

“You’re so lucky.”

Holland é a segunda longa-metragem da realizadora Mimi Cave, mais conhecida pelo seu filme de terror Fresh (2022) com Sebastian Stan e Daisy Edgar-Jones, que volta mais uma vez a tentar criar um cenário idílico e a introduzir o terror progressivamente ao longo da história. Holland é uma cidade pacata, o seu nome vem das muitas referências à Holanda, sendo a principal os trajes tradicionais e as tulipas. A história do filme anda à volta da família Vandergroot nas suas rotinas habituais e dos segredos que coabitam nelas.

Nancy (Nicole Kidman) é professora, mãe de Harry (Jude Hill) e mulher de Fred (Matthew Macfayden). Fred é o fiável optometrista da cidade que toda a gente conhece, e um dos seus hobbies consiste em montar uma maquete de uma cidade que inicialmente achamos ser Holland, mas cuja perceção vai mudando à medida que segredos vão sendo desvendados. Nancy, com a ajuda do seu colega Dave Delgado (Gael García Bernal), vai tentar descobrir aos poucos o que é que realmente se passa em sua casa quando ela não está a ver.

O filme, enquanto enredo não foge muito daquilo que estamos habituados a encontrar, falha muito no argumento e montagem ao criar um suspense que chega a ser desnecessário dado que o espectador na primeira meia hora de filme já decifrou o mistério. Mimi Cave continua a insistir nesta premissa de “homem que parece inocente e carinhoso, na realidade é um assassino/violador/canibal”. Apesar de infelizmente ser algo que continua a acontecer regularmente na vida real e de ser uma temática importante de abordar, a forma como trata o assunto neste seu segundo filme deixa muito a desejar.

Há muitos buracos na narrativa e há uma grande insistência em passar esta ideia de “cidade pacata mas que se calhar não é tão pacata porque as pessoas não são o que parecem”, que é enfatizado pela edição de forma algo cansativa. As performances dos atores são impecáveis, não se esperava menos de um elenco como este, mas seria fulcral que o plot twist fosse revelado de outra forma e que não demorasse tanto tempo a chegar ao incidente desencadeador de progressão da narrativa.

A estreia na realização de Mimi Cave – Fresh  – apresenta-se mais eficaz pela sua energia de filme indie e porque surpreende constantemente na forma como escolhe contar a história. Por outro lado, Holland parece uma espécie de tentativa de reprodução do seu primeiro filme, mas com um maior budget e atores ainda mais conceituados (uma fórmula ambiciosa que pode resultar, mas também falhar redondamente).

2/5
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