Griffin in Summer é um aconchegante coming-of-age que não poupa no humor e na beleza de apreciar que não vale a pena tentar crescer demasiado rápido.
Todos nos recordamos das ambições, amores e desamores, risos e choros que a mocidade nos trouxe. E, especialmente, da nossa parca capacidade de saber lidar com rejeição, não ser maduro o suficiente para fazer algo, ou vermos as nossas asas cortadas porque não nos julgam capazes.
Griffin Nafly (Everett Blunck), o mais ambicioso dramaturgo da sua idade, prepara-se para passar o verão como todos os outros: a encenar a sua nova peça “Regrets of Autumn” na cave dos pais. Peça esta que o mesmo descreve como “uma mistura de American Beauty (1999) e Who’s Afraid of Virginia Woolf?” (1966), contando com uma mulher alcoólica e o marido viciado em trabalho. Anualmente, Griffin conta com o apoio de 4 amigos, incluindo a sua melhor amiga e encenadora Kara (Abby Ryder Fortson), que, subitamente, este ano parecem estar mais interessados nas trivialidades juvenis como campos de férias, saídas e namorados do que em ensaiar 50 horas semanais. O rumo de terminar o segundo ato da peça, sair da cave e se apresentar fora dos concursos de Talento na escola, altera-se quando a sua mãe (Melanie Lynskey) – sobrecarregada de trabalho, num casamento que se vai deteriorando e com o peso de desejar um filho que siga as normas que ditam o que deve ser e quando o deve ser – contrata um “faz-tudo” para a ajudar pela casa.
Com um elenco maioritariamente juvenil, Nicholas Colia, amplia, desta vez, a temática que explorou na sua curta-metragem, Alex and the Handyman (2017), onde a paixão de um rapaz de nove anos por um faz-tudo de 25 anos fora retratada. Brad (Owen Teague) é um aparente “bad boy”. Com gosto por música barulhenta, corpo tatuado e uma predileção ao armário das bebidas espirituosas dos pais do jovem talento. A atração não soaria evidente, contudo, no encontro destas duas personagens, desajeitado, confuso e alimentado pela fantasia deste homem mais velho, Griffin enamora-se e a sua atitude de “sabe-tudo” rapidamente é substituída pela quiçá típica insegurança púbere.
O nosso protagonista, inicia assim um ótimo mix entre ternura e desconforto na sua trama de conquista com pedidos de ajuda na organização da garagem que seria transformada em cenário por uns meses. Brad, revela-lhe a vida artística pautada pela passagem por Nova Iorque, por onde está desejoso de voltar – sendo esta a principal razão para ter arranjado este biscate de verão. Brad alimenta a admiração e suspiros do jovem ao mostrar-lhe um excerto da sua vida de palco – deixando a cada espectador a opção de admirar e/ou criticar a “arte”, mas decerto traz mais um momento de comédia a um filme que sabe sempre onde colocar estas cenas.
De forma doce e sem cair em clichés exacerbados, acompanhamos o verão de um jovem que experiencia um turbilhão de emoções, onde não mantém o controlo sobre tudo, acabando apenas por compreender que a mãe, se mantém ali, num mundo assustador e que não é o ouro sobre azul que muitas vezes pintamos. A personagem de Everett é centrada de uma forma cuidada e acarinhada, onde a escrita de Nicholas Colia se nota pautada de delicadeza e envolta em vontade de explorar o que cada personagem sente na sua realização. Seja no crescimento de Kara e do seu primeiro namorado e as escapadelas de verão, nas novas amizades de Tyler (Gordon Rocks) ou no desespero e perturbação de um jovem adulto que vê um adolescente apaixonado por ele.
É um filme que não tenta ser mais do que aquilo que é idealizado para ser. Leve, ternurento e com gargalhadas que, para adultos, se tornam introspeção e preocupação com os nossos filhos (reais ou hipotéticos). E é isso que o torna tão partilhável e especial. Cingir-se à sua ideia principal e não se desviar da mesma. É entre comédia e catarse, impregnando o sofrimento das paixões de verão, o caos do autoconhecimento que o argumentista não descuida de nos dizer, quase como fábula, que lutamos sempre contra tudo aquilo que a adolescência nos traz, mas nunca lutamos as ideias e vontades daqueles que amamos enquanto apenas absorvemos e nos perdemos no meio da personalidade que tentamos ser.