Filme de Rodrigo Areias estreia em formato cine-concerto

de Fio Condutor

Estreado mundialmente no BAFICI – Festival Internacional de Cinema Independente Buenos Aires e depois da antestreia nacional no Curtas Vila do Conde, o novo filme de Rodrigo Areias A Pedra Sonha Dar Flor, chega às salas comerciais a 12 de setembro, numa estreia que conjuga sessões de cinema e alguns momentos em formato cine-concerto, aqui com a colaboração de Dada Garbeck – músico vimaranense que desenvolveu toda a banda sonora do filme e que será editada em formato vinil pela Revolve.

Sonho antigo e fruto da paixão de Rodrigo Areias pela literatura de Raúl Brandão, A Pedra Sonha Dar Flor vai além da mera adaptação literária ao cinema. Numa cidade imaginada, onde se derretem as fronteiras de tempo e espaço, Areias constrói um filme habitado pelas personagens e imagens recorrentes da obra do escritor portuense, um lugar onde este se torna o centro de uma história que se desmultiplica. Entre crimes e alucinações, entre o gótico da noite e a decadência da arena corre uma história sem esperança, que toma partido da visceralidade com que Brandão olhava a pobreza

Senti a necessidade de transpor este universo para algo mais actual, e não fazer um filme de época. Não localizar a pobreza nem de forma temporal nem geográfica. Mas por outro lado, trazer esta nova vaga de dificuldades económicas generalizadas por que estamos a passar para a narrativa.

– Rodrigo Areias

Em A Pedra Sonha Dar Flor persiste uma ideia expressionista, elaborada num local imaginado, onde o negro e a sombra coexistem com o onírico. Com isto presente, Dada Garbeck (Rui Souza) compôs música que não só existe nesse lugar como o complementa, enquanto uma das sombras presentes nas diversas narrativas do filme. A fonte é essa rudeza e a tradicionalidade do material filmado, sobre a qual o músico criou peças que evocam folclore e música típica portuguesa, com elementos de jazz, krautrock, electrónica e ambient.

Por ser uma dessas sombras, numa obra que as usa como evocação da pobreza instalada, de espaços que já não sabem o seu lugar e de pessoas que parecem habitar neles com o único propósito de viver para morrer, as associações e construções sonoras de Souza ecoam a música industrial e a capacidade única de evocar muito sem uma noção clara de movimento. É ambiente sem ambient, que mantém as sensações dentro e fora de A Pedra Sonha Dar Flor em simultâneo. Algo para um local imaginado, seja ele visual ou sonoro, assombrado pela ideia de que o negrume também pode – deve! – ser um espaço encantatório.

CINE-CONCERTOS
12 de Setembro . Cinema Trindade, Porto
13 de Setembro . Cinema Nimas, Lisboa
14 de Setembro . Centro de Arte de Ovar, Ovar
15 de Setembro . Centro Cultural Vila Flor (jardins), Guimarães
10 de Outubro . Cineteatro Casa Municipal da Cultura, Seia (no âmbito do CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela)

ESTREIA EM SALA
Lisboa: Cinema UCI El Corte Inglês; Cinema NOS Alvaláxia; Cinema City Alvalade; Cinema Fernando Lopes
Porto: Cinema Trindade; Cinema NOS Alameda
Gaia: Uci Arrábida 20
Aveiro: Cinemas NOS Glicínias
Coimbra: Casa de Cinema de Coimbra; Cinema NOS Alma Shopping

0 comentário
2

Related News

Deixa Um Comentário