A 1.ª edição do Festival Futurama, com direção artística de John Romão, arrancou a 30 de setembro em Mértola. Em outubro está em Beja, Serpa e Castro Verde. Ao longo de 4 fins de semana consecutivos, o Baixo Alentejo abre-se ao público como um laboratório de experimentação e de apresentação de diálogos transdisciplinares, com mais de 40 artistas portugueses e espanhóis em espaços patrimoniais, culturais e naturais.
Depois de um primeiro ano de atividades, entre residências artísticas, projetos educativos e de diálogos cruzados entre práticas tradicionais e contemporâneas, chega a altura de o Futurama se apresentar também enquanto Festival, na região do Baixo Alentejo. A viagem começou em Mértola no dia 30 de setembro, e avança agora para Beja (dias 7 e 8 de outubro), Serpa (dias 14 e 15 de outubro) e Castro Verde (dias 21 e 22 de outubro), com uma programação artística multi e transdisciplinar, colaborativa, inclusiva e transfronteiriça.
Artistas locais, nacionais e internacionais, com percursos consolidados e emergentes, integram uma programação diversa que cruza a música, as artes visuais, as artes performativas, a literatura, o cinema e workshops, com algumas colaborações inéditas, expandidas por espaços culturais, patrimoniais e naturais (castelos, igrejas, praças, jardins ou bibliotecas). O público é desafiado a experienciar um conjunto de atividades e de espetáculos que liga a contemporaneidade e os capitais simbólico, cultural e humano do Baixo Alentejo.
Eis o que a programação de cinema do Festival Futurama tem para oferecer, nesta que é a sua primeira edição:
Nueve Sevillas (2020)
de Pedro G. Romero e Gonzalo García Pelayo – 7 de outubro, às 21h | Beja, Teatro Pax Júlia
Documentário sobre o passado e o presente do flamenco, colecção de histórias de vida que cruzam figuras das mais diferentes origens e percursos (África, América do Sul e Europa de Leste) e espaço em que actuações registadas especificamente para o filme (Sílvia Pérez Cruz, Rosalía, entre outros) se associam a cenas de outros filmes, de outro tempo, sempre com a cidade como personagem principal, Nueve Sevillas é um retrato do flamenco que se desdobra, de forma rica e surpreendente, num intrincado mosaico musical, cultural, social e geográfico.
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Das Neue Evangelium – O Novo Evangelho (2020)
de Milo Rau – 8 de outubro, às 15h | Beja, Teatro Pax Júlia
À semelhança de Pier Paolo Pasolini e Mel Gibson, que filmaram a crucificação de Cristo na cidade de Matera, Milo Rau convidou o ativista político camaronês Yvan Sagnet, que defende os direitos dos trabalhadores ilegais explorados por um sistema agrícola liderado pela máfia, para o papel de Jesus. Foi vencedor de Melhor Documentário no Festival de Cinema da Suiça.
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A Terra Faz o Homem (2021)
de Cláudia Ribeiro – 15 de outubro, às 18h | Serpa, Auditório do Museu do Cante. A exibição do filme será seguida por uma conversa com a realizadora.
Com um homem, um burro e a máquina, através do processo da azeitona, A Terra Faz o Homem, um filme de Cláudia Ribeiro, é um ensaio sobre a importância da terra ou até do próprio território, do que fazemos dele e como o fazemos, e no quanto essas escolhas influenciam aquilo que somos ou naquilo que nos tornamos. Criado em residência artística em Serpa, no âmbito do Festival Futurama, a artista apresenta agora este objeto fílmico que contou com a participação da comunidade local.
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A Música Invisível (2022)
de Tiago Pereira – 15 de outubro, às 21h | Serpa, Castelo de Serpa
Um filme de montagem a partir dos mais de 250 vídeos que Tiago Pereira gravou em várias localidades do país, entre 2019 e 2021, com a comunidade cigana portuguesa, e que deu origem ao projeto A Música Cigana A Gostar Dela Própria. A partir dessas gravações, feitas sobretudo de atuações de música, dança e curtas entrevistas, Tiago Pereira traça um breve retrato sobre a relevância da música no quotidiano cigano e que, segundo o realizador, é “muito forte” e praticamente invisível no panorama cultural português.
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The Seeds of Vandana Shiva – As Sementes de Vandana Shiva (2021)
de Camilla Becket e James Becket – 21 de outubro, às 19h30 | Castro Verde, Cine-teatro Municipal de Castro Verde
O documentário conta a história de vida notável da ecoativista indiana Vandana Shiva, revelando como enfrentou os gigantes bilionários da tecnologia e da agricultura industrial, ganhou destaque nos movimentos da economia de sementes e alimentos orgânicos e inspira um movimento internacional transformador.
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Destaque ainda para a parceria do Festival Futurama com a Amnistia Internacional de Portugal, que vai dirigir um workshop sobre direitos humanos e sobre como as artes e a cultura têm um potencial ativista no combate à injustiça e à repressão dos direitos e liberdades coletivas, em Beja e em Serpa (dia 7 de outubro).
Com a missão de que esta programação transdisciplinar aconteça da forma mais inclusiva e acessível possível, cabe a cada espectador e espectadora definir o preço do seu bilhete para cada uma das atividades, a partir do valor simbólico de 1€.
Programação completa e mais informações em: www.futurama-alentejo.com