Fast X (2023)

de Guilherme Teixeira

Realizado por Louis Leterrier, este novo capítulo desta enorme saga acompanha Dom (Vin Diesel) e a sua família no confronto com Dante (Jason Momoa), filho de Hernan Reyes (Joaquim de Almeida), que procura vingança pela morte de seu pai.

Parece redundante mencionar o ridículo dos contornos que esta saga tem na sua história, porém torna-se inevitável mencionar esses aspetos. É verdade que desta vez não foram ao espaço, mas não subestimem a capacidade que esta malta tem de tirar da cachola as ideias mais mirabolantes e juntá-las num enorme argumento incrivelmente medíocre digno de um filme que, caso não tivesse Fast no título, provavelmente estaria a passar nos canais generalistas durante a tarde.

Desde o quinto filme que os produtores demonstram apenas interesse em fornecer ao público uma experiência focada somente no entretenimento. Explosões; carros a voarem; helicópteros; submarinos e mais coisas a acontecer em tela exceto um bom argumento. É verdade que a proposta desta franchise não é propriamente fazer as pessoas pensarem em demasia sobre assuntos profundos que afetam o quotidiano e a sociedade no geral. Contudo, a sétima arte já provou várias vezes que é possível fazer uma longa-metragem de pura ação mas com um argumento que carrega uma história interessante para a audiência e que não exige que esta fique apenas na cadeira, a levar com todos os flashes do ecrã.

Os diálogos são para lá de novelescos, e tendo atingindo já o décimo filme, o facto de ainda continuarem a bater de forma tão expressa na questão da família faz com que, para além de cansativo, seja de um constrangimento ímpar. Pior é quando o argumento, para tentar esconder a repetição da mensagem, adiciona personagens novas e tenta cantar a mesma lenga lenga.

Existe também uma sensação de tentarem encaixar 5 filmes nestas longas duas horas e vinte minutos, com demasiados eventos separados cuja correlação com o arco principal é mínima; servindo apenas para introduzir novas personagens (que, por sinal, Fast X age como se fosse suposto a audiência importar-se com estas no seu insignificante tempo de tela), ou para marcar o regresso de personagens queridas para os fãs. No fundo, se formos a analisar, provavelmente o Stan Lee teve cameos mais relevantes que algumas destas aparições.

Mas o foco principal do filme é a ação. Algumas cenas, principalmente de pancadaria, sofrem com demasiados cortes na edição, chegando a haver momentos em que as personagem parecem estar a disparar ou a bater no nada, não obstante, as perseguições têm tudo aquilo que um orçamento chorudo e um total desrespeito pelas leis da física podem oferecer.

É o seguinte: se não gostaram dos últimos cinco filmes por serem demasiado over the top, provavelmente não vai ser este capítulo que vai abrir novos horizontes. Se, por outro lado, estiverem apenas à procura de duas horas e vinte minutos para matar seria mentira escrever que ficariam desiludidos. Fast X faz jus à saga: entretenimento somente pelo entretenimento e o resto é… Bem, história não é, com certeza, o que de facto é um dos problemas principais.

2/5
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