O Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia – FAMILY FILM PROJECT – regressa ao Porto de 17 e 21 de outubro, no Batalha Centro de Cinema. Nesta 12ª edição, o foco principal do festival será dedicado à realizadora japonesa Naomi Kawase, que estará presente para apresentar os seus filmes e também fará uma masterclass centrada na sua obra e percurso. Como habitual, para além das sessões competitivas de cinema, o festival integra na sua programação masterclasses, performances, sessões especiais, workshops e o lançamento de um livro.
A 12ª edição do FAMILY FILM PROJECT dedica o seu foco principal à obra de Naomi Kawase, realizadora japonesa várias vezes premiada em Cannes e figura incontornável do cinema mundial contemporâneo. No dia 20, pelas 18h00, com a presença da realizadora, serão exibidos os filmes que constituem a chamada “trilogia da avó”: Katatsumori [1994], Ten, mitake (See the Heaven) [1995] e Hi wa katabuki (Sun on the Horizon) [1996]. No mesmo dia, às 21h30, terá lugar uma segunda sessão com os filmes Embracing [1992] e Kya Ka Ra Ba A (Sky, Wind, Fire, Water, Earth) [2001]. No sábado, dia 21, pelas 16h30, Naomi Kawase fará a masterclass intitulada Autodescoberta através do olhar cinematográfico, acompanhada pelo crítico de cinema e programador italiano Luciano Barisone. Logo a seguir, às 18h00, serão exibidos os filmes Shadow [2004], Tarachime (Birth/Mother) [2006] e Chiri (Trace) [2012]. Por fim, na sessão de encerramento do festival, às 21h15, será exibida a longa-metragem Genpin [2010], que aprofunda o tema da interdependência entre a vida e a morte.
De 18 a 20 de outubro, as habituais sessões competitivas regressam com uma seleção de 22 obras provenientes de 16 países, divididas em três temáticas: Vidas e Lugares, Memória e Arquivo e ainda duas sessões dedicadas à Ficção e Animação.
Além do foco principal e da secção competitiva, o festival destaca a masterclass no dia 19 de outubro às 21h15 com o realizador francês David Ernaux-Briot, que estará presente para falar sobre o filme Les Années Super 8 [2022], correalizado por si e pela sua mãe, Annie Ernaux, vencedora do Prémio Nobel da Literatura em 2022.
No âmbito da parceria com o Instituto de Filosofia da Universidade do Porto com o festival, para além das masterclasses de Naomi Kawase, realizadora em foco, e de David Ernaux-Briot, esta edição conta ainda com mais três masterclasses. No dia 18 às 18h00 no Batalha Centro de Cinema, a cineasta e artista italiana Luciana Fina fará a masterclass Entre Linhas dedicada ao seu filme Andromeda que estreia no dia anterior às 21h15. Vinte anos depois da primeira incursão de Luciana Fina num espaço expositivo, o filme Andromeda surge do desejo de reencontrar o espectador na sala de cinema. No dia 19 de outubro, às 18h00, decorrerá a masterclass O Cinema e o tempo no nosso tempo sem tempo pelo artista multidisciplinar Fernando José Pereira, que incluirá a exibição do seu filme O Aterro [2023], a propósito da temática do tempo e da duração no cinema. No dia 20, às 16h00, o artista e curador norte-americano Peter Freund fará uma masterclass intitulada Appropriation: the productive failure to re-enact, no âmbito da qual também serão exibidos quatro dos seus filmes experimentais.
Na abertura do festival, a 17 de outubro, retorna também o ciclo performativo Private Collection, que este ano conta com a performance duracional de Xana Novais na galeria A Leste, das 18h00 às 22h00, e também com performances de Bruno Senune, Teresa Noronha Feio e Vera Mota no Museu Nacional Soares dos Reis a partir das 18h30.
No dia 20, às 15h00, será também lançado o livro Aesthetic Authenticity in Cinema, editado por Filipe Martins com o apoio do Instituto de filosofia da Universidade do Porto, que contará com textos originais de uma dezena de autores nacionais e internacionais aos quais foi dirigido o convite para refletirem sobre o conceito de autenticidade no contexto do cinema. O lançamento incluirá uma mesa-redonda com a presença de alguns dos autores para uma discussão informal aberta à participação do público.
No sábado, dia 21, às 15h00, a programação dedicará espaço às crianças e jovens com o workshop Entre Imagens, dirigido por Tânia Dinis, cineasta e artista que tem colaborado em várias edições do festival. Para além deste workshop, Tânia Dinis, em colaboração com Ricardo Leite, realiza ainda uma Oficina Super 8: um projeto comunitário fílmico em super8 cujo resultado será exibido na Casa Comum da Universidade do Porto no dia 17, às 17h00, marcando o arranque da semana do festival.
Ainda no âmbito do festival, no dia 14 de outubro, às 18h00, na galeria Editoria, será inaugurada a exposição 24FPS X TV, parte integrante do projeto Andromeda, de Luciana Fina. Esta exposição estará patente de 14 de outubro a 14 de novembro.
Para informações sobre preçário, aquisição de bilhetes e passes gerais, consultar familyfilmproject.com
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Sobre o FAMILY FILM PROJECT
O FAMILY FILM PROJECT é um festival de cinema que decorre anualmente no Porto, tendo vindo a aumentar a sua visibilidade e internacionalização desde a primeira edição em 2012.
As sessões da programação competitiva dividem-se tradicionalmente em três zonas temáticas: Vidas e Lugares (com enfoque no registo voyeurístico, biográfico ou documental de habitats e quotidianos), Ligações (centrada nas dinâmicas interpessoais e comunitárias) e Memória e Arquivo (dedicada a olhares criativos a partir de testemunhos e de found footage).
Incluem-se também sessões competitivas dedicadas à ficção e animação.
Para além da produção nacional, o festival recebe na sua competição uma seleção de obras de diferentes nacionalidades, de curtas a longas-metragens, do documentário ao género experimental, num registo que se estende da versatilidade íntima dos “filmes caseiros” à paisagem etnográfica.
O programa do festival reserva sempre um espaço de destaque para realizadores, artistas e investigadores convidados de renome internacional, tais como Jonas Mekas (2012), Péter Forgács (2013), Alina Marazzi (2015), João Canijo (2016), Regina Guimarães (2017), Bill Nichols (2018), Paula Rabinowitz (2018), Daniel Blaufuks (2018), Jaimie Baron (2019), Cláudia Varejão (2019), Harun Farocki (2020), Ruben Östlund (2021), Catarina Alves Costa (2022), Naomi Kawase (2023), entre muitos outros.
Para além das sessões de cinema, o FAMILY FILM PROJECT organiza vários tipos de eventos culturais paralelos: exposições e instalações (que podem prolongar-se para lá da data do festival), filmes-concerto, performances em locais diversos da cidade (Private Collection), masterclasses, conferências e lançamentos de livros focados na dimensão etnográfica, antropológica e estética.
Com diversas linhas de atuação, o festival coloca-se nas barreiras conceptuais entre o cinema e o diálogo com as outras artes e áreas de pensamento.