Encontros do Cinema Português | 10ª Edição

de Pedro Ginja

No dia 4 de Junho, o Cinemas NOS Vasco da Gama foi palco da 10ª Edição dos Encontros do Cinema Português. Uma década a celebrar a produção de origem portuguesa e onde, desde a sua criação no ano de 2016, já foram apresentados quase 400 projectos e onde participaram mais de 2300 profissionais do sector audiovisual, desde realizadores, produtores, distribuidores, actores, jornalistas, entre outros. Todos em busca de ideias para tornar o cinema português cada vez mais presente nos hábitos de consumo cultural. Este ano, na sua 10ª Edição, foram apresentados 45 projectos e contou-se com a presença de mais de 300 pessoas durante as actividades do encontro.

Tendo como anfitrião o jornalista Vitor Moura, o encontro iniciou com a apresentação de um estudo da CresCine, através de Manuel Damásio, director do departamento de Cinema e Artes Média da Universidade Lusófona, onde se apresentou uma análise da evolução do cinema europeu, comparando Portugal com mercados similares em tamanho, como a Letónia, Lituânia, Dinamarca, Bélgica, Irlanda e Croácia. 

Algumas curiosidades a retirar do estudo são o share de produção nacional a chegar apenas a 4% de todos os ingressos entre 2014 e 2022, e desses apenas 30% estavam relacionados com produtos de ficção. O número de projectos concluídos em Portugal encontrava-se no top 3 entre estes países analisados, mas comparado com a população de cada país, Portugal é o país que menos produz ficção e documentários desta amostra. Em termos de géneros cinematográficos, o drama domina com quase 48%, mas nos restantes a variabilidade é imensa, revelando a vitalidade do cinema português actual. Não é surpresa afirmar que 74% do share de consumo nos cinemas portugueses é de origem norte-americana e 24% de origem europeia, com apenas 2% dedicado a filmes de outras proveniências.

Importante ainda referir que não foi descoberta qualquer relação entre o aumento do preço dos bilhetes e o consumo de cinema, pois mesmo com os aumentos recentes, Portugal foi o país que recuperou mais rápido dos efeitos nocivos, no regresso às salas de cinema, pós-COVID-19. Isto mesmo quando comparado com mercados bem maiores como os E.U.A, França e Reino Unido, onde o poder de compra é bem mais elevado. Bons sinais do mercado português, mas onde o trabalho a ser feito, em prol do cinema nacional, precisa de ser bem maior.

Após a apresentação realizou um pequeno Q&A relativo ao estudo, com a moderação de Vítor Moura e a colaboração de Luís Chaby, em representação do ICA – Instituto do Cinema e Audiovisual. Após um breve intervalo, onde foi possível continuar a discussão sobre tão abrangente tema, voltou-se a plenário para começar a apresentação das 45 produções portuguesas, nomeadamente:

Wonder Maria

18 Buracos para o Paraíso, de João Nuno Pinto

Midas Filmes

A Vida Luminosa, de João Rosas

Sardinha em Lata

Decorado, de Alberto Vázquez
Ana, en Passant, de Fernanda Salgado

Filmógrafo

Criadores de Ídolos, de Luís Diogo

Metronomo

Degelo, de Ricardo Oliveira

Terratreme Filmes

Mississipis, de António Pedro
Baía dos Tigres, de Carlos Conceição

SoproFilmes, Joana Ferreira

Querido Mário, de Graça Castanheira
A Cabeça não é um Sítio Seguro, de Joana Caiano

Optec

A Senhora da Serra, de João Dias

Uma Pedra no Sapato

Entroncamento, de Pedro Cabeleira
Complô, de João Miller Guerra
Pai Nosso, de José Filipe Rocha
O Riso e a Faca, de Pedro Pinho

Volf

Pátio da Saudade, de Leonel Vieira

Toca Produtora

A Jump in Tech – The Impact of Women Code, de Rute Moreira
Este é o Teu Momento, de Rute Moreira

Ar de Filmes

Óculos de Sol Pretos, de Pedro Ramalhete
As Meninas Exemplares, de João Botelho

C.R.I.M.

O Poeta Rei, de Carlos Gomes
Os Figos do Meu Avô ou Reflexões Sobre Memórias Próximas, de Fernando Bastos
Morte e Vida Madalena, de Guto Parente

O Som & a Fúria

A Quinta, de Avelina Prat
Projecto Global, de Ivo M. Ferreira

Cinemate

Lugar dos Sonhos, de Diogo Morgado

Promenade

La Vie de Maria Manuela, de João Marques
Hotel Amor, de Hermano Moreira

Laranja Azul

Orlando Pantera, de Catarina Alves Costa

Persona Non Grata Pictures

A Memória do Cheiro das Coisas, de António Ferreira

Hopes & Dreams Productions

Guided by the Stars, de David Nascimento

Maria & Mayer

Solos, de Sebastião Salgado
Asas, de Ana Rocha de Sousa
C’est Pas la Vie en Rose, de Leonor Bettencourt Loureiro

Kronoslice Entertainment

Filma Isto!, de Ricardo Teixeira

Pixbee

As Aves, de Pedro Magano
Caronte, de Tânia Teixeira

Lanterna de Pedra Filmes

Sodade, de Hugo Diogo

Bombo. Filmes

Match, de Duarte Neves

UmSegundoFilmes

Chão Verde de Pássaros Verdes, de Sandra Inês Cruz

Matiné

Terra Vil, de Luís Campos

Cedro Plátano

Vivi Nascosto Guido Guidi, de Paulo Catrica

beActive

A Pianista, de Nuno Bernardo

Omaja

Bukra, de Diana Antunes
Amanhã já não Chove, de Bernardo Lopes

Jumpcut

De Lugar Nenhum, Um Retrato de Valter Hugo Mãe, de Miguel Gonçalves Mendes

Mantendo a tradição do ano anterior, onde foi introduzido o Prémio Hollywood, para o filme com maior possibilidade de ser um êxito de bilheteiras em Portugal foi possível conhecer o vencedor desta segunda atribuição: Pátio da Saudade (2025), filme de Leonel Vieira. Com paralelos óbvios com o grande êxito, também de Leonel Vieira, Pátio das Cantigas (2015) e que, como o próprio realizador afirmou na apresentação, pode levar muita gente ao cinema – uma comédia divertida para o grande público. O prémio permitirá um maior investimento na comunicação e promoção do filme e de passar, num futuro próximo, na emissão dos canais Hollywood.

Como já vem sendo hábito, no final do encontro, houve espaço para mais um debate, desta vez com o tema “O cinema Português daqui a 10 anos”. Contou também com moderação de Vítor Moura e com a participação de Susanna Barbato (NOS Audiovisuais), Nuno Aguiar (NOS Cinemas), Elsa Mendes (Plano Nacional de Cinema), Ruben Alves (Realizador) e Bernardo Lopes (Realizador). Antes do início do mesmo, foi apresentado um VoxPop, produzido por estudantes da Unversidade Lusófona enquanto decorria o evento, e que permitiu tomar o pulso da audiência.

As respostas e as conclusões foram surpreendentes, variando entre um optimismo desmedido e um pessimismo cínico ou irónico. Importante ainda salientar algumas ideias interessantes como incentivos para o apoio de entidades privadas, a aposta crescente na educação de crianças/jovens, maiores apoios para projectos relacionados com cinema fora dos grandes centros urbanos e, finalizando com a criação de “eventos maiores” como acontece com grandes concertos ou outros eventos culturais, onde o preço nunca é barreira para a participação do público.

A esperança de um futuro melhor para o cinema português, essa, continua bem viva, assim como o compromisso da NOS em não desistir do seu apoio continuado ao cinema português, reforçada pela meta lançada por Susana Barbato, da NOS Ausiovisuais, de atingir 1 milhão de espectadores em filmes nacionais até 2035.

Para o ano regressamos com certeza para a 11ª Edição dos Encontros do Cinema Português.

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