Don’t Worry Darling (2022)

de Guilherme Teixeira

Realizado por Olivia Wilde, Don’t Worry Darling transporta a audiência para os anos 50, para acompanhar Alice (Florence Pugh), uma dona de casa a viver um casamento feliz com Jack (Harry Styles) numa comunidade amistosa liderada por Frank (Chris Pine), até começar a suspeitar da sua vida perfeita.

Não há muito por onde pegar neste filme. São várias ideias soltas, misturadas com artifícios técnicos impecáveis, nomeadamente a fotografia (Matthew Libatique) e a banda sonora (John Powell), e uma atuação incrível de Florence Pugh. 

A história é bastante anémica; existe um claro problema na exploração das problemáticas que o filme propõe para justificar certas questões que surgem com a sua ideia central, afetando assim a credibilidade dos eventos apresentados. Se a proposta deste filme é apresentar algo novo ou, pelo menos, conduzir o público para mascarar essas previsibilidades, então a história falha ao tomar o rumo mais óbvio enquanto finge conseguir enganar o público numa corrida até ao fim, quando este já está à espera na linha da meta. O filme é realizado de uma forma que torna o final demasiado previsível, atraindo uma exagerada atenção para esse ponto em vez de deixar o público acompanhar a maneira como a protagonista e a comunidade são afetadas pelos acontecimentos que sucedem.

A fotografia está excelente, conseguindo, numa fase inicial, criar um clima demasiado perfeito e estranho, convidando o público a aproximar-se da história. Porém, quase como num piscar de olhos, a narrativa faz com que esse trabalho se torne obsoleto, devido à repetição de takes que não são justificáveis. A banda sonora, que também ajuda a criar esse vale da estranheza e a amplificar o suspense, também se perde porque as cenas não atingem o impacto na história que o filme acredita ter.

A atuação maravilhosa de Florence Pugh acaba por ter um impacto negativo porque faz parecer que o restante elenco estava num filme à parte. A sua personagem não tem qualquer química com Harry Styles (Jack Chambers) que, apesar de não estar tão mau como aquele clip que circulava na internet fazia parecer, também não acrescenta muito ao filme. Chris Pine está na sua zona de conforto, tendo um ou dois bons momentos, mas nada de extraordinário pois a motivação da sua personagem é confusa; os objetivos nunca são claros e o facto de manter-se afastado durante uma grande parte do filme, uma forma de criar mistério à volta da sua pessoa, acaba por tornar a sua personagem vazia, sem intenções ou motivações apresentadas.

Don’t Worry Darling perde a oportunidade de navegar pelas questões filosóficas que o filme apresenta. Aliás, até toca nesses pontos, mas é feito de uma forma tão pobre e apressada que acaba por parecer batido. É um filme que tinha um potencial enorme, porém acaba por se perder nas imensas ideias que tenta explorar. Perde-se entre o suspense erótico e psicológico e falha na construção de um drama que ligue de forma satisfatória os dois géneros.

2/5
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