Der Passfälscher (2022)

de Bruno Sant'Anna

Em 1942, Cioma Schönhaus viu sua família de descendência judia ser levada para os campos de concentração pela Gestapo, polícia secreta criada pelo governo nazi, e todos os seus bens materiais serem confiscados pelo Estado autoritário de Adolf Hitler. Com 21 anos na altura, o que restou para Schönhaus foi viver ilegalmente em Berlim, onde tinha que se submeter a trabalhos precários e enfrentar o antisemitismo por todos os lados. Por causa da sua formação prévia como designer gráfico e grande habilidade com desenho, abraçou a oportunidade de trabalhar escondido como falsificador de passaportes para grupos da resistência, criando centenas de novos documentos para ajudar outras pessoas a fugirem do regime ditatorial alemão.

Der Passfälscher (O Falsificador), baseado no livro homónimo de memórias de Schönhaus, teve sua estreia na Gala Presentation da 72ª edição do Festival de Cinema de Berlim. Com realização e argumento da cineasta alemã Maggie Peren, a obra reencena o período em que Cioma – interpretado pelo ator Louis Hofmann, conhecido pela série televisiva Dark (2017 – 2020) – começou a forjar os documentos de identificação até 1943, ano em que falsificou o seu próprio passaporte para fugir da capital alemã.

Peren adota um tom excessivamente suave para a sua longa-metragem, que resulta num conflito entre o seu conteúdo e a história em que foi baseada. O filme assemelha-se a um romance adolescente com um fundo histórico, pois escolhe diminuir a complexidade da história de Cioma para dar um maior ênfase no seu envolvimento amoroso com Gerda (Luna Wedler), uma mulher solitária e noiva de um soldado do exército alemão que está na guerra. A escolha narrativa resulta num terceiro ato apressado e um final que deixa o espectador com a sensação de que muitas informações realmente relevantes foram deixadas de lado, como o destino da família de Schönhaus e do seu amigo Det Kassriel (Jonathan Berlin).

Apesar disso, a obra apresenta sensibilidade nos momentos em que aborda temas delicados, a destacar a rede de solidariedade entre as pessoas perseguidas pelo regime nazi. Há um apreço na observação de pequenos detalhes, que proporciona uma visão mais íntima desses momentos com uma fotografia tímida, porém, cheia de vida. O elenco também é dotado de carisma e talento, principalmente Louis Hofmann, que consegue ter uma química estrondosa com todos os atores e atrizes com quem contracena.

Der Passfälscher é competente quando trata de assuntos sensíveis e profundos da vida de Cioma Schönhaus, mas perde-se ao dar um foco juvenil para com o seu protagonista. Um filme com potencial, mas que peca ao não conseguir equilibrar o uso de informações relevantes com uma narrativa melodramática, resultando numa experiência pouco memorável.

3/5
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