Crítica | Predator: Badlands (2025)

de Tomás Salavessa

Após o sucesso de Prey (2022), a saga Predator regressa com uma nova abordagem que tenta equilibrar a ação com uma dimensão mais emocional e introspectiva. Predator: Badlands não é apenas mais uma história de caça e sobrevivência, é também um olhar sobre a honra, a identidade e a fronteira que separa o instinto da consciência.

Situado num planeta remoto num futuro distante, o filme acompanha Dek (Dimitrius Schuster-Koloamatangi), um jovem Yautja (nome da espécie alienígena dos Predadores) rejeitado pelo seu clã, que encontra em Thia (Elle Fanning), uma andróide danificada, uma improvável aliada. Unidos pela necessidade e pela vontade de provar o seu valor, os dois embarcam numa perigosa jornada em busca de um feito impossível: derrotar o lendário Kalisk, uma criatura considerada impossível de matar.

Dan Trachtenberg, que já tinha revitalizado o universo Predator com Prey, volta a apostar numa narrativa simples mas consistente. Desta vez, troca as posições e transforma o caçador em presa, dando à saga um novo fôlego. A ideia resulta, porque mantém a tensão e a brutalidade, mas acrescenta-lhes humanidade e empatia. O realizador gere bem o ritmo, alternando momentos de intensidade com outros de pausa e contemplação, sem nunca perder o movimento e a energia que sustentam a história.

O lado visual é um dos grandes destaques. Badlands é feito para ser visto no grande ecrã, com criaturas impressionantes e um planeta, Genna, que ganha vida através de florestas densas, tempestades elétricas e paisagens instáveis. A fotografia, de tons metálicos e atmosferas húmidas, conjuga-se com efeitos visuais de alto nível para criar um ambiente envolvente e quase palpável.

Elle Fanning enfrenta aqui um duplo desafio ao interpretar Thia e Tessa, duas faces da mesma criação artificial. Como Thia, revela empatia e curiosidade, como Tessa, uma frieza que incomoda. A atriz distingue as duas com subtileza, tornando credível o conflito entre emoção e programação. Já Dimitrius Schuster-Koloamatangi impõe-se com naturalidade e presença, construindo um Dek dividido entre o dever e o sentimento, entre o que lhe foi imposto e o que aprende a sentir. A ligação entre ambos é o coração do filme: improvável, mas genuína, feita de gestos contidos e silêncios que dizem muito.

Há também espaço para momentos de humor e humanidade, que trazem equilíbrio sem quebrar o registo. Quando Thia afirma que “a sensibilidade é o que nos permite entender as criaturas deste planeta”, a frase ressoa para lá do ecrã, como um lembrete do mundo em que vivemos: um tempo em que a tecnologia avança mais depressa do que a empatia.

Sem atingir o impacto do clássico de 1987, Predator: Badlands assume-se como uma evolução sólida e coerente. Começa com força, abranda para explorar o seu universo e regressa em crescendo até um final satisfatório, que cumpre sem parecer forçado. Mantém-se acessível a quem nunca viu um Predator, mas entrega o suficiente para agradar aos fãs de longa data.

Com boas interpretações, uma realização segura e um universo visualmente marcante, Predator: Badlands é um filme equilibrado e cativante. Não reinventa a saga, mas lembra-nos que, mesmo entre monstros e máquinas, ainda há espaço para sentir.

3.5/5
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