Creed III (2023)

de Guilherme Teixeira

Após dominar o mundo do boxe, Adonis Creed (Michael B. Jordan) concentra-se agora na sua família e a apoiar novos prodígios. Porém, quando um amigo de infância e antigo prodígio, Damian (Jonathan Majors), ressurge depois de cumprir uma longa sentença, Adonis vê-se obrigado a colocar a sua carreira em jogo para um acerto de contas com o passado.

Estreia na realização para o astro Michael B. Jordan e que mais se poderia pedir, para além de começar com um filme com um orçamento elevado, numa franquia que teve um sucesso estrondoso e que se encaixa num universo com um legado para lá do imaginário. Tal como a pressão, as expectativas eram altíssimas e foram felizmente correspondidas.

A estrutura não é inovadora e que seja dado crédito aos responsáveis por saberem perfeitamente disso e não tentarem esconder com plot twists manhosos. Ao invés disso, pegam numa história com contornos previsíveis e tornam cada momento cativante, com pitadas aqui e ali de imprevisibilidade para que, assim, a audiência não se foque tanto no resultado, mas na jornada.

O principal aspeto que dá vida ao filme é a química entre Michael B. Jordan e Jonathan Majors. A tensão entre os dois é palpável e o filme ainda consegue ser convincente a justificar a motivação de Damian, levando a audiência a sentir um pouco o lado do “vilão”, fazendo assim com que se sinta na posição de condenar os métodos, mas não a personagem em si. Creed III tem claramente o melhor antagonista. Para começar, a presença de Jonathan Majors é monstruosa e intimidadora e, em segundo lugar, aqui o antagonista está mais ligado a nível pessoal e emocionalmente ao protagonista. Nos dois primeiros filmes, Adonis tinha algo a provar, porém, aqui a tarefa de justificar o retorno de alguém que já ganhou tudo o que tinha para ganhar é mais desafiadora e o filme assim o consegue fazer.

As sequências de boxe são muito bem coreografadas, mesmo com bastantes cortes, a edição conseguiu fazer com que as lutas fossem claras e que os movimentos fossem bem perceptíveis, dando lugar a momentos de tirar o fôlego. Aliás, uma das sequências assenta que nem uma luva – pun intended -, quando, a meio de um combate, toda a gente na arena desaparece, deixando apenas os dois protagonistas no ringue, reforçando o caráter pessoal daquela luta. Como se, naquele momento, a história que existia entre os dois valesse mais do que qualquer título.

Os únicos aspetos que incomodam giram, primeiramente, em torno do ritmo, que por vezes é um bocadinho lento demais, estendendo cenas mais do que devia e concentrando-se muito em plot points que não precisam de ter tanta atenção, tornando a experiência momentaneamente redundante. Outro aspeto é a maquilhagem, nomeadamente no que toca aos ferimentos, pois em vários momentos o som e o jogo de câmara dão a entender que os golpes são bastante mais duros do que o resultado demonstra.

Creed III é uma excelente experiência. Intenso e com uma carga dramática que carrega o filme e que em nenhum momento se deixa cair para o melodrama barato. Nem a previsibilidade de certas cenas estragam a viagem. Disfrutem.

4/5
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1 comentário

Juliana Batalha 30 de Maio, 2023 - 15:32

Adorei o filme!

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