Na sua 8º edição, que decorreu de 8 a 11 de Dezembro no Parque das Nações, a Comic Con afirma-se como um evento indispensável em Portugal, ainda que com muito espaço para crescer.
Depois de uma edição frustrada em 2021, a Comic Con regressou este ano, já sem o agrilhoamento da pandemia, para entregar ao público geek português uma edição bem conseguida, ainda que algo modesta.
O problema das confirmações em cima do joelho manteve-se, com convidados como o elenco de A Porta Dos Fundos, Daniel Gillies (The Vampire Diaries, The Originals), e Dafne Keen e Amir Wilson (His Dark Materials), a serem anunciados a cerca de uma semana do início da convenção. O cartaz – um dos mais fracos dos últimos anos no panorama do talento internacional – contou ainda com Zachary Levi (Shazam!, Chuck, Tangled), Alan Tudyk (Firefly, Rogue One, Resident Alien), Jacob Batalon (Universo Marvel, Reginald The Vampire), e Sean Maguire (The Magicians, Once Upon a Time).
Foi, no entanto, na aposta nacional que esta oitava edição da Comic Con brilhou verdadeiramente. Foram apresentados inúmeros projetos, principalmente da SIC e da RTP, mas também de nomes do cinema português como Leonel Vieira,
António Ferreira, Carlos Conceição, João Marques, e o brasileiro Hermano Moreira. Já o fenómeno Pôr do Sol presenteou os visitantes com aquele que foi, talvez, o melhor painel dos quatro dias.
Independentemente de um cenário com poucas estrelas, deve ser sublinhada a capacidade da Comic Con de gerir, com sucesso, oito palcos diferentes, em áreas tão distintas como o gaming, a música, e a literatura.
Do ponto de vista de quem se move pelos bastidores enquanto membro da imprensa, ao contrário do que os relatos da edição passada revelaram, não nos foram impostas quaisquer barreiras. Os principais eventos de cinema e televisão começaram todos à hora marcada, e decorreram sem qualquer percalço técnico. A comunicação com a equipa de assessoria de imprensa do evento foi permanente e recíproca, sempre que necessário.
Claro está que a perspetiva de quem visita a convenção é sempre diferente e, em conversa com alguns dos aderentes, foi-nos permitido perceber uma certa insatisfação com a oferta deste ano, tanto a nível das atividades, como a nível dos convidados. De forma geral, aquilo que transparece como mais importante para quem participa no evento é o espírito de comunidade e aquele ambiente tão próprio da Comic Con que permite a todos os presentes expressar as suas maiores paixões sem qualquer inibição.
Acima de tudo, o sentimento que permanece após a sua conclusão é que há, de facto, um lugar enorme para a experiência que a Comic Con proporciona dentro da paisagem cultural portuguesa. É um evento único no nosso país, cuja organização demonstra, a cada detalhe, ambicionar ir mais além. O potencial para se tornar uma das grandes convenções de cultura pop na Europa é evidente e deve, sem qualquer dúvida ou reticência, ser desenvolvido, regado, e alimentado, sob o risco de se tornar um grande desperdício caso tal não aconteça.
Todas as equipas, desde os funcionários de montagem e de produção, aos voluntários, seguranças, e moderadores, e incluindo os nossos colegas de imprensa, estão de parabéns, pelo profissionalismo demonstrado ao longo de quatro dias partilhados no Parque das Nações.
Segue-se um olhar mais detalhado sobre cada dia da oitava edição da Comic Con Portugal.
8 de Dezembro
Jacob Batalon falou à imprensa sobre a sua experiência como co-produtor executivo e protagonista da série SyFy Reginald The Vampire, demonstrando, a todo o momento, o seu interesse em criar os seus próprios projetos. O ator, cuja carreira explodiu com a interpretação de Ned Leeds na saga Spider-Man do universo cinemático da Marvel, está agora a desenvolver uma série da sua autoria dentro do universo Star Wars, e acabou de filmar um filme de terror na Sérvia.
A história é o que move Jacob Batalon dentro dos projetos que escolhe, mas em Reginald The Vampire, foi o caráter subversivo da sua personagem face aos clichés de vampiros recorrentes na mitologia e no mundo da ficção que o atraíram. Desde que começou a sua carreira, aprendeu que a “fama é efémera”, preferindo, desde então, dedicar a sua energia a criar os seus próprios sonhos, em vez de esperar que alguém os concretize.
Sean Maguire, conhecido por interpretar Robin Hood em Once Upon A Time, não se conteve nas suas palavras ao falar da sua experiência na série. As suas expectativas em relação à personagem não foram preenchidas, chegando até a descrevê-la como mera “decoração” para o restante elenco. Referiu também o seu gosto por se perder nas personagens, relembrando com particular saudade o papel de Sir Effingham na série The Magicians. “Há algo de especial em mudar a “nossa pele” e encarnar totalmente outro papel” – mesmo que essa personagem seja humana e tenha um focinho de porco.
O dia contou, também, com um painel de Taskmaster, o programa de entretenimento da RTP com Vasco Palmeirim e Nuno Markl, onde foram desvendadas imagens exclusivas da segunda temporada. Revelaram ainda que, durante um encontro entre todas as equipas de Taskmaster do mundo, em que Markl e Palmeirim estiveram presentes, foi-lhes invejada a capacidade de manter a mesma equipa para a segunda temporada, algo que os orgulha particularmente. É, por isso, certo o regresso de Inês Aires Pereira, Jessica Athayde, Gilmário Vemba, e Toy para voltar a reunir famílias à volta da televisão, como há muito não se via na televisão nacional.
O Fio Condutor teve, ainda, a oportunidade de presenciar o desfile de Cosplay diário, com a presença de quase 50 personagens do mundo do cinema, TV, comics, jogos e mesmo da música. Tenho de destacar a Harley Quinn, modo vintage, com um gigante martelo, a equipa completa dos Ghostbusters (que não se esqueceu de viajar com o Ecto 1 – o carro oficial) e metade do duo Daft Punk (ouvi dizer que a outra metade foi vista de férias nas Seychelles).
O dia terminou com a exibição de Terrifier 2, trazido pela Filmtwist. Art, o palhaço, está de volta com uma sequela fiel às suas origens. Faz das tripas coração para nos trazer terror, comédia e sangue com fartura.
9 de Dezembro
O dia iniciou, para a equipa do Fio Condutor, com um concerto da School of Rock, uma escola de música dedicada a enriquecer vidas, ao ensinar a miúdos ou graúdos, a magia do Rock n’ Roll. Inspirado no universo do filme com o mesmo nome trouxeram um repertório de covers de grandes clássicos do rock mundial, e a primeira música foi a mesma que dá o mote a esta Comic Con, “Heroes” de David Bowie – We can be heroes, indeed.
O grande destaque do segundo dia da convenção foi Alan Tudyk, ator veterano que já emprestou a sua voz a uma lista de personagens icónicas. O seu começo foi no teatro, onde acabou por ser descoberto pela Disney que lhe ofereceu um papel em Ice Age. A partir daí, as ofertas continuaram a surgir, resultando numa carreira extensa, ainda que inesperada, no mundo da animação, cujo mais recente projeto foi Strange World.
Ao Fio Condutor, Tudyk explicou que o cinema de animação lhe permite uma maior liberdade de improviso enquanto ator. Normalmente, as vozes são gravadas primeiro, e só depois os animadores começam o seu trabalho. As possibilidades são, por isso, infinitas. Contou-nos também que não se considera um dos grandes atores de vozes da atualidade, e por isso não tem qualquer reação quando estrelas do mundo live-action são escolhidas para interpretar personagens animadas, em vez daqueles que se especializam nessa vertente. O seu processo criativo, Tudyk disse, não é definido, não lhe permitindo, assim, dar quaisquer dicas a atores menos experientes.
Modéstia à parte, a capacidade do ator de Resident Alien de entrar em personagem com um estalar de dedos é arrepiante, e o público da Comic Con 2022 pôde experienciá-la em primeira mão.
Sean Maguire voltou ao Parque das Nações para continuar a sua presença na Comic Con. A sua participação foi, de novo, maioritariamente centrada no seu trabalho em Once Upon A Time. O ator britânico confessou que, apesar de respeitar a decisão dos escritores de matarem Robin na quinta temporada, de um ponto de vista ético, preferia ter sido avisado do seu destino antes de começar a criar uma família em Vancouver – a cidade onde a série era rodada.
No painel RTP Lab falou-se da aposta do canal português em encontrar novos talentos e histórias com perspectivas originais. Foram muitos os projetos mostrados ao público da Comic Con, como Nem a Gente Janta de Inês Sá Frias, uma história muito pessoal da autora sobre o luto que, segundo Sá Frias, também serviu de terapia pessoal no período de pandemia. Logo a seguir falou Joana Dias sobre A Mim Nunca, uma história sobre a violência doméstica escondida do olhar da sociedade. IM Love de Vítor Lemos retrata um site de encontros online onde o cyber crime e a invasão de privacidade são demasiado reais. No quarto projecto esteve Carlos Pereira com Barman, um retrato fiel e autobiográfico do seu tempo como barman (pouco talentoso) na noite Lisboeta. Houve ainda tempo para Justin Amorim apresentar uma proposta da Promenade Films, 5 STARZ, sobre as peripécias de uma empresa de estafetas e dos seus clientes. Para concluir o painel, Henrique Dias (argumentista de Pôr do Sol) realçou o papel da RTP Lab para a aposta em novos talentos e em novas formas de contar histórias com total liberdade criativa.
Mesmo a terminar houve tempo para a exibição, em antestreia, do trailer da nova série, atualmente em produção, Astro-Mano, com inspirações sci-fi vintage e um humor irreverente. Excelente surpresa.
Também da RTP, a série Prisma, a estrear brevemente, teve direito a painel com a participação do elenco. Segundo Sónia Balacó, cada episódio revela o mesmo evento de diferentes perspectivas, estéticas visuais e mesmo de memória de cada uma das personagens. Essa diferença é conseguida com um argumento repartido, em cada episódio, entre os vários criadores do projeto presentes neste painel como Sónia Balacó, Zé Bernardino, Rita Revez, Maria de Sá e Pedro Hossi (que não esteve presente) e a produção de Ana Almeida. Foi ainda referida a escolha de filmar a preto e branco não apenas com uma conotação estética mas também por a ausência de cor revelar a nossa incapacidade de ver as “cores” de quem nos rodeia, mesmo aqueles mais próximos.
10 de Dezembro
Sábado foi o dia mais recheado da Comic Con, tanto no que respeita os convidados, como os visitantes (muitos deles equipados a rigor para apoiar a seleção nacional).
O grande nome deste ano, Zachary Levi, abriu a cerimónia com uma entrevista no Live Stage em que exalou carisma, e uma boa dose de sinceridade, ao falar abertamente sobre a sua batalha com a depressão. Olhando os fãs nos olhos, e sempre muito comunicativo, Levi apelou à curiosidade, à jovialidade, e à terapia.
As perguntas sobre a nova gerência da DC Studios não puderam faltar, com Levi a ressaltar a sua amizade de longa data com James Gunn e a sua completa confiança nele e em Peter Safran como líderes do universo do qual faz parte como Billy Batson/Shazam. O ator não tem qualquer receio em relação ao seu futuro no franchise, mas permaneceu evasivo quando questionado sobre se esse futuro poderia envolver um confronto com Black Adam, de Dwayne Johnson.
Para já, Levi acredita que o segundo filme da saga Shazam é ainda melhor que o primeiro, e não poupou elogios às novas colegas Helen Mirren, Lucy Liu, e Rachel Zegler. Os momentos musicais com a protagonista de West Side Story foram recorrentes durante os convívios entre o elenco, Levi contou ao Fio Condutor.
O que Levi realmente quer, no entanto, é um filme de seguimento à sua série Chuck, confessando que, mal a poeira assente na recentemente formada Warner Bros. Discovery, irá apresentar a ideia à chefia.
Um dos momentos mais vistos do dia, com a sala praticamente esgotada, foi o “Hollywood in Concert” com a brilhante actuação da Lisbon Film Orchestra liderada pelo maestro Nuno Sá. O alinhamento do concerto foi pensado exclusivamente para o público da Comic Con, que ficou bastante satisfeito e retribuiu com a maior ovação do dia.
Na conferência de imprensa de Dafne Keen e Amir Wilson, os jovens atores de His Dark Materials falaram da importância da pesquisa na construção de uma série de fantasia, assim como da escolha de atores cuja idade real reflita a das suas personagens. Keen encontra-se, atualmente, a trabalhar numa série de filmes independentes, enquanto que Wilson planeia entrar no mundo por trás das lentes com uma experiência enquanto operador de câmara em Doctor Who.
Daniel Gillies também falou à imprensa no sábado, onde afirmou, sem papas na língua, que, para além de experiências como a Comic Con lhe permitirem estar com fãs por todo o mundo, são principalmente um veículo financeiro para que possa trabalhar no que gosta, sem se preocupar com o dinheiro. O ator reiterou o seu interesse por projetos bastante mais sérios que The Vampire Diaries, confessando que nunca chegou a ver a série.
Leonel Vieira e Joaquim de Almeida apresentaram o filme O Último Animal, em que o ator vetereno é um homem, sem escrúpulos, que “navega” pelas ruas do Rio de Janeiro em busca do próximo negócio, seja ele com quem for, polícia ou ladrão. A discussão alargou-se, ainda, para a importância do streaming na criação de mais trabalho no mundo do cinema, assim como de novas formas e linguagens de contar uma história. Mas a eterna questão será sempre se alguém quererá ver esta história contada, enfatizou Leonel Vieira.
No concurso “Heróis do Cosplay – Performance” ganhou um duo, cuja inspiração foi o universo da Mary Poppins. Desta vez, ganhou preponderância a originalidade e a teatralidade das propostas sobre a qualidade e construção do fato, apesar destes serem, também, muito importantes.
Já no filme Bloody Hell, aprendemos que ouvir a voz dentro da nossa cabeça nem sempre é a melhor ideia, neste “banquete para os olhos”. O jantar será servido em breve na plataforma Filmtwist. Não percam a oportunidade de aderir a esta nova plataforma de streaming, a primeira exclusivamente dedicada ao cinema fantástico e de culto em Portugal.
11 de Dezembro
O último dia da Comic Con foi quase inteiramente passado em companhia compatriota com diversos, e riquíssimos, painéis ligados à ficção nacional.
José Pimentão e Pedro Carmo ofereceram uma reflexão sensata sobre como é trabalhar no estrangeiro, resultante de dois percursos totalmente distintos. Para Carmo, a principal diferença não está na ética ou qualidade dos elencos, mas sim nos orçamentos que, na sua essência, se refletem em mais tempo de preparação para o talento.
Em resposta ao Fio Condutor, Pimentão afirmou achar benéfico uma maior procura pela autenticidade no que toca ao casting, já Carmo realçou as limitações que a obsessão pela nacionalidade dos atores pode trazer no seu trabalho.
Ambos estão de acordo que Portugal “está na moda” e que o mercado internacional está cada vez mais à mão de semear para atores que não querem sair do país. Ainda assim, defendem aguerridamente um maior apoio à cultura por parte de infraestruturas públicas, uma vez que, esta “moda” só se poderá tornar em algo sólido, se forem criados os apoios necessários para a longevidade da carreira.
No painel do cinema português tivemos duas propostas bastante distintas e únicas na sua maneira de ver dois temas fracturantes e pouco reflectidos na sociedade. A descolonização, no caso de Nação Valente de Carlos Conceição e o falhanço em A Bela América de António Ferreira.
O trajecto do filme de Carlos Conceição é deveras magnífico com um prémio de melhor filme europeu no festival de cinema de Locarno e a passagem, em competição, pelo LEFFEST deste ano. O trauma, apesar de distante, está ainda muito presente na sociedade mas quem lá esteve esconde ou reprime os sentimentos – a maior parte das vezes nem é visível, reforça Anabela Moreira.
O filme de António Ferreira, A Bela América, é bem diferente, mas partilha com Nação Valente, a vontade de contar histórias do dia-a-dia português de maneira original. De um lado a personagem de Estevão Antunes, um falhado a procurar o amor da única maneira que sabe, com a culinária. Do outro lado, outra falhada de nome América, política populista que vê na sua adoração uma maneira de, finalmente, encontrar o amor. Em breve nos cinemas nacionais.
O painel da iniciativa da RTP Contado por Mulheres, que reúne dez telefilmes de realizadoras portuguesas, contou com a participação da produtora responsável Pandora da Cunha Telles, das realizadores Fabiana Tavares (Quando O Diabo Reza), Sofia Teixeira Gomes (Vizinhas), e Anabela Moreira (Há-De Haver Uma Lei), e ainda dos atores Afonso Pimentel, Soraia Tavares, Igor Regalla, e Teresa Tavares.
Durante a sessão, moderada por Catarina Furtado, falou-se da importância de novas perspectivas e novas vozes no cinema nacional.
Seguiu-se outro grande momento quando o elenco, guionista e realizador de Pôr do Sol subiram ao palco. Neste painel não faltou nada, desde um quadro do cavalo Testículo por Joana Vasconcelos, a um workshop de partir copos com Rui Melo. Os Jesus Quisto não puderam estar presentes mas enviaram uma mensagem onde anunciaram uma digressão por Portugal em 2023. Houve tempo ainda para aquele que é talvez o maior exclusivo a sair desta edição da Comic Con: o filme O Mistério do Colar de São Cajó nos cinemas também no novo ano!
Na conferência de imprensa de A Porta dos Fundos estiveram Macla Tenório, Ed Gama, Antônio Tabet e Gregório Duvivier e dominou um ambiente informal com muitas histórias de bastidores e, acima de tudo, muito humor. Mas, nem só de riso viveu esta conferência. Falou-se da importância de ter uma voz ativa na denúncia do que está mal na sociedade brasileira. Umas das referências foi a xenofobia presente no uso de sotaques brasileiros. Comédia era sinónimo de sotaque paulista ou do Rio de Janeiro, sendo as outras regiões ostracizadas.
“A Porta dos Fundos sempre procurou a autenticidade e em manter os regionalismos intactos”, como referiu Ed Gama e Macla Tenório, ambos do Nordeste Brasileiro. Para além de que, como é óbvio, o comediante tem de ser político activo e interventivo. Gregório Duvivier referiu que “a comédia é uma arma em favor da liberdade e deve ser usada sem limites impostos”.
No painel RTP – Codex 632 foi apresentada a série mais ambiciosa do canal português em colaboração com a Globo (Brasil). Baseado num best-seller de José Rodrigues dos Santos, e com elenco de grandes estrelas portuguesas e brasileiras como Betty Faria, Paulo Pires, Deborah Secco, Adriano Luz, Margarida Marinho e Miguel Nunes. Com Filomena Cautela como anfitriã (com um fato absolutamente extraordinário inspirado no universo Mario da Nintendo), foram reveladas algumas cenas da série em que foi bem visível a ambição de procurar alargar os horizontes da produção nacional para fora de portas. Na conversa com os vários intervenientes do painel, foram revelados temas como a Cancel Culture, a doença de Alzheimer e a romantização de tempos passados do fascismo (onde as fake news eram prevalentes).
A encerrar a Comic Con estivemos com duas propostas portuguesas distintas mas vindas da mesma produtora, a Promenade Films. Um romance entre uma portuguesa e um brasileiro com Lisboa como pano de fundo, com o filme Amo-te Imenso de Hermano Moreira com Filipa Pinto. Assim como um documentário visual e poético sobre Marie, famosa youtuber, com o filme La Vie de Maria Manuela, realizado por João Marques. O painel terminou com a frase “Tenho de gostar de mim, não é? Vou viver comigo a vida toda”, bem indicativo da maneira de ver o mundo com as “cores” de Marie.
No final do dia houve ainda tempo para um passeio pelo recinto enquanto se faziam as últimas compras no “Geek Market” ou no “Artists’ Alley”. Via-se alguém mascarado de Spongebob a retirar a cabeça e a revelar um rosto suado. Era, também, a última oportunidade de circular pelas activações de marca e tirar aquela foto especial no crânio de um dragão ou no Trono de Ferro, qual rei de Westeros. As luzes apagavam-se no Golden Theater, uma a uma, até a escuridão dominar. Éramos encaminhados para a saída e as portas fechavam. Terminou a Comic Con 2022, venha a próxima. Encontramo-nos em 2023?