A 25 de Abril de 1974, um grupo de militares das forças armadas portuguesas levam a cabo o projeto “Operação Viragem Histórica” na tentativa de acabar com o regime ditatorial que estava implementado na altura. A Revolução dos Cravos foi algo inédito no mundo. Não pelo que conseguiu alcançar, mas pela forma pacífica com que foi realizada.
A notícia de que aquele que podia ser apenas mais um dia regular, transformou-se num dia histórico para Portugal, terminando com 48 anos de ditadura, chegou aos quatro cantos do mundo. Para além dos portugueses, muitos realizadores estrangeiros quiseram registar este marco histórico.
De seguida, serão apresentados alguns filmes, ordenados de forma cronológica, que obedecem apenas a um critério: falar do 25 de Abril de 1974.
As Armas e o Povo (1975), Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica
Considerado um dos mais importantes filmes sobre a revolução portuguesa, As Armas e o Povo é, além de uma obra incontestável do cinema militante, um manifesto sobre a relação entre o cinema e a política. As imagens foram gravadas durante a primeira semana em liberdade, abrangendo o período entre 25 de Abril e 1 de Maio de 1974. O documentário, realizado e produzido pelo Coletivo de Trabalhadores da Atividade Cinematográfica, reúne as grandes movimentações, os discursos de Mário Soares e Álvaro Cunhal, a libertação dos presos políticos e entrevistas de rua conduzidas pelo cineasta brasileiro Glauber Rocha.
Deus, Pátria e Autoridade (1976), Rui Simões
O célebre discurso de Salazar em 1936, é o ponto de partida desta longa-metragem, que tem como objetivo mostrar os pilares do regime fascista que teve vigência por 48 anos em Portugal, até ser derrubado pela revolução de 25 de Abril de 1974. A narrativa, feita de material de arquivo e filmes, analisa os principais acontecimentos históricos em Portugal, desde a queda da monarquia até à Revolução dos Cravos, numa perspectiva social de luta de classes.
Outro País (1999), Sérgio Tréfaut
Durante a Revolução dos Cravos, alguns dos maiores fotógrafos e documentaristas do mundo rumaram a Portugal com o objetivo de recolher imagens sobre o período histórico que o país estava a enfrentar. Em 1999, Sérgio Tréfaut cria um documentário que, através desses milhares de registos, retrata um dos momentos mais importantes da História de Portugal.
A Hora da Liberdade (1999), Joana Pontes
Documentário de ficção emitido pela SIC em 1999, da autoria de Emídio Rangel Hayley Westenra, Rodrigo de Sousa e Castro e Joana Pontes (realizadora). A obra é resultado de um grande trabalho de investigação feito a partir de entrevistas aos protagonistas do golpe militar. O filme demorou aproximadamente um ano a ser preparado e dois meses a ser filmado. A equipa era constituída por cerca de 60 atores e mais de mil figurantes.
Capitães de Abril (2000), Maria de Medeiros
Baseado nas memórias do Capitão Salgueiro Maia, Maria de Medeiros recria o dia que mudou, para sempre, o nosso país. Um golpe de estado completamente inovador que surpreendeu o mundo. O filme regista, com um grande sentido crítico, a felicidade que se via por toda a cidade de Lisboa. Esta obra é uma reconstituição histórica, construído com um grande cuidado, que não só retrata um dia inesquecível, como também é uma merecida homenagem à memória de Salgueiro Maia.
Cartas a uma ditadura (2006), Inês de Medeiros
Uma centena de cartas, datadas de 1958, foram encontradas por acaso num alfarrabista que não as leu por achar que se tratavam de cartas de amor. O que não se sabia, é que na realidade correspondiam a uma circular enviada por um movimento de apoio à ditadura. Há pouca informação sobre o assunto mas pelo que se sabe, a carta era um convite para que as mulheres se mobilizassem em defesa do regime. Cartas a uma Ditadura é um documentário que permite perceber como era ser mulher durante a ditadura em Portugal.
Ondas de Abril (2013), Lionel Baier
Tudo começa quando uma equipa de jornalistas suíços é enviada para Portugal, para realizar uma reportagem positiva sobre como a Suíça tem ajudado um pequeno país europeu a desenvolver-se. Enquanto vagueiam pelas províncias portuguesas, percebendo que a realidade é bem diferente da que estavam à espera, são, subitamente, surpreendidos pelo início de uma revolução. Decididos a acompanhar tudo em primeira mão, rumam a Lisboa na esperança de realizar a reportagem das suas vidas.
Cartas de Guerra (2016), Ivo Ferreira
Cartas de Guerra é uma adaptação da correspondência trocada entre o escritor António Lobo Antunes e a sua mulher Maria José da Fonseca e Costa. Tudo começa em 1971, quando António é chamado para o exército português para servir como médico na guerra colonial. Longe da família, vai escrevendo cartas à mulher relatando tudo o que acontece à sua volta. Com o passar do tempo, acaba por se apaixonar por África e amadurecer politicamente, enquanto ao seu lado uma geração de jovens desespera pelo regresso seguro a casa.
A Cantiga Era Uma Arma (2014), Joaquim Vieira
Os meses que se seguiram ao 25 de abril foram o apogeu da chamada “cantiga de intervenção”. Músicos e poetas viajaram de norte a sul para levar a mensagem de liberdade a toda a população portuguesa. Com autoria e realização de Joaquim Vieira, A Cantiga Era Uma Arma é um documentário que reconstitui toda essa atmosfera a partir do ponto de vista dos que a viveram, contando com os depoimentos inéditos de vários artistas portugueses.
Salgueiro Maia – O Implicado (2022), Sérgio Graciano
O filme mais recente desta lista. Estreou nas salas de cinema em abril de 2022 e foi construído a partir do trabalho de investigação de António de Sousa Duarte sobre a vida do capitão Salgueiro Maia. Salgueiro Maia – O Implicado, permite conhecer mais sobre este homem que foi uma das mais importantes figuras da Revolução dos Cravos.