Celestial Wives of the Meadow Mari (2012)

de Janai Reis

Celestial Wives of the Meadow Mari – em português Esposas Celestiais – de Alexei Fedorchenko, é um filme de um realizador que, desde então, traz consigo outras cinco longas-metragens. O filme tem lugar na República de Mari El, local onde a religião atravessa a ortodoxia russa, o islamismo e a fé pagã tradicional de Mari. Assim sendo, é feito à imagem mitológica deste povo, contada em 23 estórias, em que cada uma delas tem uma mulher como principal protagonista. Algumas destas narrativas são curtíssimas (sem dúvida, menos de 3 minutos) e admitem vários enredos, desde a fantasia de criaturas monstruosas ou fantasmagóricas às preparações matrimoniais, mas sempre com o tema da sexualidade em força.

Este universo parece estar constantemente na corda bamba entre o real e o fantástico, talvez devido à própria cultura Mari. Este misticismo cultural traz à memória o lado mais tradicional de Bragança, nomeadamente as vestes coloridas ou brancas, os Caretos e ainda a fala peculiar (no caso português, o mirandês). As casas, os bosques e o rio são elementos que completam a imagem deste espaço, que nunca nos parece totalmente familiar nem totalmente fantástico. É sempre um misto de sensações. Trata-se de um filme muito assente na cultura ancestral, mitológica e folclore dos habitantes de Mari El.

É um filme facilmente apreciado pela sua estética, contudo este tipo de estrutura pode não ser fácil ou apelativa, tendo em conta que nela existem demasiados fragmentos narrativos. Ainda que pouco diferentes entre si, as estórias tratam o mesmo tema – de modo mais subtil ou mais violento – mas, a longo prazo, torna-se cansativo, retirando, aos poucos, o interesse nas narrativas por vir. Ainda que alguns dos fragmentos finais sejam interessantes em vários aspetos, perdem pela saturação causada com os segmentos anteriores – por vezes de tal forma curtos que nem tempo se tem para gostar ou apegar/afeiçoar a um determinado personagem ou ao espaço em específico.

Todo este universo é interessante de se explorar, desde o seu lado mais realista à sua vertente mais mítica. Contudo, cai, desde cedo, numa sensação de repetição, provocando no espectador a sensação de aborrecimento em grande parte dos fragmentos contados – em particular naqueles que são muito curtos.

3/5
0 comentário
1

Related News

Deixa Um Comentário