Depois da morte do Rei T’Challa (Chadwick Boseman) deixar uma nação em luto, a Rainha Ramonda (Angela Bassett) e a princesa Shuri (Letitia Wright) decidem juntar forças para proteger Wakanda de um novo inimigo, Namor (Tenoch Huerta), e das suas perigosas ambições.
Sem surpresas, a realização desta sequela ficou mais uma vez a cargo de Ryan Coogler, um passo natural tendo em conta que Black Panther (2018) recebeu, e merecidamente, a tão desejada nomeação para a categoria de melhor filme nos Oscars. Mas será que esta sequela conseguiu bater as expectativas?
Primeiramente, deixa-se um aviso aos caros leitores para fugirem a sete pés da versão 3D. Isto, claro, se o vosso objetivo quando compram o bilhete é conseguir ver o filme e aproveitar a tela como deve ser e não passar quase três horas a olhar para uma imagem gigante que faz lembrar os momentos quando temos a luminosidade da tela do telemóvel no mínimo mesmo antes de experienciar um ambiente com luz. Existem cenas nas publicidades com uma melhor qualidade do formato 3D em comparação com este filme.
Frustrações técnicas deixadas de parte, vamos navegar nas frustrações que compõem o desenvolvimento desta história. Claramente este não é dos argumentos mais refinados do MCU, principalmente, tratando-se de uma continuação do excelente filme anterior. Durante uma grande parte do tempo, a história parece bastante desnorteada, recorrendo a certos assuntos que percorrem a agenda mediática, como o envolvimento das grandes potências mundiais nos países terceiros, mais concretamente das agências federais estadunidenses, para logo em seguida fechar esses arcos de forma preguiçosa, apressada e demasiado óbvia a um ponto em que chega a ser insultuoso para a audiência como se esta não fosse capaz de compreender as insinuações do argumento.
Outro ponto que deixa a desejar, para além do desenvolvimento em relação à política internacional deste universo, é a própria dinâmica interna de Wakanda que é resumida a pequenas reuniões que, por sua vez, são resumidas a pequenos diálogos com pouca significância – ainda assim há que admitir que existe um monólogo onde Angela Bassett dá uma autêntica aula de acting. Explorar as dinâmicas de poder seria vital para tornar a história mais interessante, expandir este universo e justificar o facto de não existir, durante uma grande parte do filme, um protagonista.
Namor, o antagonista, perde todo o seu potencial, pelo simples facto desta sequela não saber gerir o tempo para criar algo diferente dos habituais vilões da Marvel. Existe uma tentativa em explorar a linha entre a lealdade para com líderes humanos e deuses, mas, infelizmente, o argumento fica-se por aí arrastando-se bastante no carisma e talento de Tenoch Huerta.
Onde o filme acerta em cheio é no aspeto emocional. Letitia Wright entrega uma interpretação incrível ao conseguir disfarçar a fraqueza do argumento e concretizar um personagem que sofre não só com a atriz que o interpreta, mas também com a audiência. São raras as vezes em que ver os atores na tela funciona tão bem. Por norma, é necessário que os atores se materializem nos personagens, porém regras podem ser quebradas e os tributos que este filme faz a Chadwick Boseman é de fazer chegar a lágrima ao olho. E digo-vos mais, caros leitores, a introdução deste filme é forte, mas não há super-herói ou supervilão que consiga parar a conclusão emocional desta longa-metragem.
Black Panther: Wakanda Forever segue a máxima de que aquilo que as pessoas se vão lembrar é do início e do final. A verdade é que se não forem a uma sessão de cinema no formato 3D é bem possível que consigam esquecer todas as problemáticas da narrativa e sair muito emocionados da sala. Felizmente, ou infelizmente, quem vos escreve não conseguiu esquecer as problemáticas e, mesmo assim, saiu bem emocionado.
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