Beetlejuice Beetlejuice (2024)

de Mercês Castelo-Branco

It’s showtime!

​Tim Burton está de volta ao cinema e traz com ele Betelgeuse em toda a sua glória!

​Beetlejuice Beetlejuice (cuidado não repitam o nome uma terceira vez!) é a sequela direta de Beetlejuice, filme de 1988 realizado por Burton. Neste novo filme, a família Deetz está de volta, quer dizer, estão quase todos de volta. Os Maitlands, o casal de fantasmas que habitava na casa de família já passou para o além e cada personagem também parece ter tomado o seu caminho, noutra cidade. Contudo, devido a um acidente trágico, são obrigados a reunir-se de volta na casa onde tudo começou. Lydia continua a ser assombrada por Betelgeuse e vê-se obrigada a confrontá-lo uma segunda vez quando a sua filha, Astrid (Jenna Ortega), descobre a maquete da réplica da cidade e sem querer abre o portal para o submundo.

​O elenco do filme é espetacular, contando uma vez mais com Michael Keaton a protagonizar o papel de Betelgeuse; Winona Ryder o de Lydia Deetz; e Catherine O’Hara o de Delia Deetz, a madrasta de Lydia. É sempre extremamente reconfortante quando neste tipo de sequelas o realizador decide manter o foco da narrativa nas personagens principais do filme original em vez de as utilizar como espécie de passagem de testemunho para novas personagens e novas histórias. Apesar de haver a introdução da filha de Lydia, não sentimos que seja forçado um ramo narrativo. Ainda que possa ser um elemento que permitirá a continuação do legado dos filmes deste universo, surge de forma bastante natural e intrigante. Aliás, o filme conta muito com personagens secundárias que mesmo que no fim notemos não terem tido muita relevância, não roubam tempo ao filme, pelo contrário, estão lá para permitir ligar os pontos-chave e aprofundar o desenvolvimento das personagens principais (e para o eventual comic relief).

Betelgeuse finalmente consegue ter mais tempo de antena neste filme, que se torna ainda mais interessante pelas escolhas peculiares e cómicas de representação. Nota-se que Michael Keaton está mais à vontade com a sua personagem e juntando isso com a criatividade de Tim Burton temos como resultado cenas bastante engraçadas por toda a sua nonsense e espontaneidade. Os efeitos práticos e maquilhagem são elementos que elevam toda esta performance dos atores, e o seu nível de impecabilidade é o que permite entrar no gore e comédia de Beetlejuice Beetlejuice com muito mais eficácia. O facto da tecnologia ter avançado bastante desde o fim dos anos ’80 também ajuda consideravelmente em todos os aspetos. A visão de Tim Burton torna-se ainda mais clara e o espectador sente-se ainda mais imerso na experiência.

É impossível não mencionar a banda sonora, que nos filmes de Burton costuma quase sempre contar com a parceria de Danny Elfman, parceria esta que nunca falha em nos impressionar. Tim Burton cria os seus incríveis mundos ultra visuais, cheios de excentricidade e estranheza, e Elfman consegue não só complementar como também, através da sua música, trazer uma outra dimensão sonora ao filme, causando ao espectador arrepios de nostalgia logo assim que o genérico começa. Ver um filme de Tim Burton, com todos os seus elementos e traços característicos do seu estilo, com cada nota tocada ou padrão de riscas, é como sentir um regresso a casa. Somos transportados imediatamente para aquele registo e a partir desse momento já sabemos que o que vamos presenciar vai ser bastante peculiar e possivelmente espetacular.

Podemos concluir que apesar do receio que existia com a criação da sequela de Beetlejuice, principalmente por estarmos numa era em que fazer sequelas e live-action de filmes que foram populares em dada altura do tempo se está a tornar moda (e moda nem sempre é sinónimo de qualidade), o seu subsequente surpreende pela positiva! Tim Burton mostra mais uma vez o quão criativo é e o quão genuínas e reais as suas criações podem ser. As performances do elenco são espetaculares, a narrativa surpreende pela forma como consegue interligar tantos elementos que poderiam ter facilmente sido deixados de lado no meio de todo o caos, mas este é um caos organizado que consegue ter piada, entusiasmar, enojar e consolar ao mesmo tempo.

​Para alguém que tem crescido com os seus filmes, é muito reconfortante esta sensação de voltar ao cinema para experienciar um filme de Tim Burton, é como voltar a casa, a um espaço tão característico e único onde a normalidade é que foge da norma.

4/5
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