Amsterdam (2022)

de Guilherme Teixeira

Burt Berendsen (Christian Bale), Harold Woodsman (John David Washington) e Valerie Voze (Margot Robbie) são três amigos que juraram proteger-se na saúde e na doença. Passados alguns anos, o grupo vê-se no centro de uma das tramas mais secretas da história da política norte-americana.

Pode dizer-se que as expectativas para este novo filme de David O. Russell não eram propriamente baixas. Uma narrativa cativante, com um elenco estrelar e um orçamento chorudo, afinal, o que poderia correr mal? Com uma pergunta destas é óbvio que a resposta vai ser mais ou menos nos termos de que, se calhar, a Disney não vai gastar muito tempo com este filme na temporada de premiações.

A cinematografia tem um estilo peculiar que casa perfeitamente com aquilo que O. Russell propõe. Um estilo caricato que usa a estranheza e a impecável química dos três protagonistas para criar situações inusitadas e para fazer com que o público não perceba que, na verdade, o argumento está a dar uma volta maior do que realmente seria necessário só para cobrir todas as estrelas do elenco. Porém, apesar de por vezes este truque resultar, na maior parte do tempo a sensação que fica é que, para além dos três protagonistas, mais ninguém tem um valor narrativo para acrescentar à história. É certo que nem sempre este recurso é necessariamente mau, nomeadamente quando as intervenções servem para adicionar interesse à história, mas em Amsterdam temos os dois opostos – por um lado, temos personagens que só estão ali a existir e são incrivelmente mal aproveitados e, por outro lado, temos outros que só aparecem em momentos tão críticos que tornam o rumo da história demasiado óbvia.

Pelos vistos havia doze argumentos para este filme e nota-se. É uma história tão confusa que acaba por dar mesmo essa sensação de estarmos a assistir a vários filmes num só. Tem vários segmentos que não têm nada a ver uns com os outros e que parecem ser ligados de uma forma bastante artificial. A comédia também não é a mais refinada, mas acaba por passar por causa do carisma dos atores, apesar de algumas vezes ficar pelo sorriso sem graça.

Sobre Amsterdam não há muito a dizer. É um filme que aproveita bastante bem os seus protagonistas, com os três a darem atuações incríveis, principalmente Christian Bale, até porque é através dele que a história é contada. Conta com uma narrativa que anda sempre de um lado para o outro, sem nunca justificar devidamente esses saltos nem aproveitando como deve de ser todas as estrelas que estão no elenco. Apesar de tudo, é possível ter um bom proveito do filme se conseguirem abstrair-se destes aspetos e aproveitar as atuações centrais e a excelente fotografia e banda sonora.

2.5/5
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