Alien: Romulus (2024)

de Guilherme Teixeira

Num plano audaz para escapar de um planeta opressor, um grupo de jovens colonizadores sai em busca de uma nave espacial abandonada que promete conter o necessário para fugirem e partirem para um futuro melhor. Contudo, a nave não transporta apenas esperanças.

Do mesmo realizador de Don’t Breath (2016) e Evil Dead (2013), Fede Alvarez conseguiu acalmar todos aqueles que desacreditaram neste projeto e que achavam que seria apenas um plano para manter esta série de filmes viva e arrecadar algum dinheiro fácil. Digo “todos aqueles” assumindo que mais pessoas partilhavam este pessimismo crónico que me persegue em relação a sequelas, prequelas e a todas e quaisquer razões que encontrem para explorar uma ideia que se provou tão boa.

Menciono estas duas longas metragens porque, em primeiro lugar, como Alien: Romulus é um filme bom e esta crítica é, obviamente, positiva decidi focar nos seus melhores trabalhos, e por isso faço um mea culpa em relação à possível hipocrisia que se poderá apoderar de mim num futuro em que este realizador tenha a infelicidade de voltar a fazer um filme que não seja do meu agrado. Em segundo lugar, são nestas duas obras que se compreende melhor a visão e a forma de trabalhar de Alvarez. Por norma, para um filme de terror ser marcante não basta assustar, mas sim ser assustador. E é exatamente isso que acontece aqui. A construção da ameaça é feita de forma progressiva e mantém-se sempre interessante na forma como a câmera consegue esconder o Alien, o que faz sentido tendo em conta que durante grande parte do tempo esta criatura anda escondida, ou como estamos mais preocupados em fugir não existe aqueles típicos momentos para parar e refletir, o que dá direito a momentos assustadores e eletrizantes, quase de perder o fôlego.

O ritmo é muito bem cronometrado. Há um claro entendimento entre o progresso da história e a ação na edição e mesmo a exposição surge de forma natural, ou pelo menos quando aparece de forma conveniente é desculpável porque o argumento consegue convencer de alguma forma a plausibilidade da sua situação.

A tensão também é construída não apenas em cima da dúvida da figura do Alien, mas também da desconhecida e assustadora capacidade deste e daquelas pseudo-aranhas que, para alguém que tem uma incrível fobia a esses bichos, acreditem que não é bonito ver a incrível agressividade destes pequenos demónios.

Agora uma coisa impossível de ignorar é alguns clichés que o realizador não consegue fugir como, por exemplo, a personagem incrivelmente irritante que todos sabemos estar criada apenas para esticar o pernil, comum no cinema de terror, ou um momento perto do final do filme em que uma personagem toma uma decisão sem uma justificação plausível, e também o facto de por vezes o Alien meio que vacila quando enfrenta a protagonista, mas é implacável em relação a tudo o resto. Novamente, comum no cinema de terror.

O início, no geral, é também demasiado apressado, retirando a conexão e preocupação acerca de algumas personagens, tornando, assim, o seu destino menos efetivo. O medo surge mais do facto de estarmos a experienciar estes eventos no ecrã do que propriamente devido ao facto de certas personagens o estarem a viver. Um ponto negativo que funciona também como ponto positivo. Não obstante, se ignorarmos estas pequenas situações é garantida uma experiência bastante desagradável…no bom sentido.

4/5
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